Em 2001, o esqui cross-country brasileiro dava seus primeiros passos com Franziska Becskehazy e Alexander Penna. Agora, duas décadas depois, o país rompeu mais uma barreira olímpica. Pela primeira vez, a delegação do Brasil contará com três atletas da modalidade nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, em Pequim (China).
São duas vagas femininas e uma masculina para o Time Brasil na modalidade – as primeiras oficialmente garantidas para 2022. O feito da equipe da CBDN foi confirmado em março de 2021, com o fechamento do ranking internacional após a disputa do Mundial de Esqui Nórdico e o fim da temporada da Copa do Mundo.
Diferentemente de outras edições, para os Jogos de Pequim a Federação Internacional de Esqui (FIS) modificou os critérios de classificação dos atletas. Agora, além das cotas individuais garantidas de acordo com a pontuação FIS (menos de 100 pontos para o índice A e menos de 300 pontos para o Índice B), os países poderiam garantir vagas extras pelo ranking de nações.
Foi o que beneficiou o esqui cross-country brasileiro. O bom desempenho das mulheres no Mundial de Esqui Nórdico, sobretudo com Jaqueline Mourão, que conseguiu se classificar para todas as provas, fez a diferença nesse ranking. O Brasil foi o 25º na categoria feminina, o suficiente para conseguir mais uma vaga.
Por muito pouco, os homens também não repetiram a façanha e conquistaram mais uma cota para o país. No fechamento da temporada 2020-2021, o Brasil ficou na 32º colocação do ranking de nações masculino. Infelizmente, a vaga adicional era oferecida até o 30º nesse levantamento.
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Agora resta definir os representantes do esqui cross-country brasileiro
Com as três vagas garantidas, a missão da CBDN a partir de agora é selecionar os atletas que representarão o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022. A entidade já divulgou os critérios de convocação, que levarão em conta os pontos obtidos pelos competidores nas seis melhores provas até 15 de janeiro de 2022.
Mesmo assim, alguns nomes já despontam como candidatos às vagas do esqui cross-country brasileiro. Entre os homens, por exemplo, a disputa promete ser acirrada entre Victor Santos, 23 anos, e Manex Silva, 18. Presente em PyeongChang-2018, Victor detém o recorde nacional na modalidade, mas Manex se destaca com melhores resultados na neve nas últimas temporadas.
Entre as mulheres, com duas cotas disponíveis, a disputa é mais acirrada. Jaqueline Mourão, 45, segue novamente como favorita à vaga pelo desempenho no Mundial. Bruna Moura, campeã do Circuito de Rollerski, desponta para ficar com a segunda vaga, mas ela terá companhia de Mirlene Picin e até da jovem Eduarda Ribera.
Como funciona a classificação no esqui cross-country
Até PyeongChang-2018, a FIS determinava a classificação olímpica de acordo com os pontos FIS obtidos pelos atletas. Havia a cota básica (até 300 pontos), que garantia uma vaga para o país, independentemente de quantos competidores alcançavam essa marca. Além disso, havia cotas adicionais para atletas no Top 300 e no Top 30 do ranking.
Dessa forma, o esqui cross-country brasileiro conseguia levar apenas dois atletas (um homem e uma mulher) por conta da cota básica. Agora, porém, a situação é diferente. A entidade criou o ranking das nações, levando em conta os resultados obtidos pelos países nas etapas da Copa do Mundo e do Mundial de Esqui Nórdico na temporada 2020-2021.
Assim, além da cota básica (menos de 300 pontos FIS), o país pode conseguir vagas adicionais de acordo com esse ranking. As nações que terminaram entre a primeira e a quinta colocações conseguiram quatro vagas adicionais. Do sexto ao décimo, três cotas. Do 11º ao 20º, duas, e do 21º ao 30º, uma cota a mais.
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Equipe brasileira está em alta na modalidade
O resultado mostra a evolução do esqui cross-country brasileiro. Do início difícil com Franziska Becskehazy e Alexander Penna, pioneiros que participaram dos Jogos de Inverno de 2002, em Salt Lake City (EUA), a CBDN deu um salto de qualidade com a entrada de dezenas de jovens graças ao trabalho do Projeto Social Ski na Rua, idealizado por Leandro Ribela.
Hoje, a entidade consegue manter uma equipe de alto rendimento ao mesmo tempo em que desenvolve crianças e adolescentes na modalidade. Se antes os atletas que representavam o Brasil começavam muito tarde na neve, agora a entrada de novos competidores é cada vez mais precoce – o que naturalmente eleva a qualidade e a adaptação à neve.
Prova disso é a delegação recorde presente no Mundial desta temporada, em Oberstdorf, na Alemanha. Quatro homens e três mulheres participaram da competição e, se não fosse a pandemia de covid-19, certamente a delegação seria maior com a participação de jovens no Mundial Júnior e em provas regionais na Europa.