Os resultados em etapas da Copa do Mundo de Skeleton nesta temporada foram promissores para a brasileira Nicole Silveira. Contudo, nada que se compare ao feito obtido pela atleta no Mundial da modalidade. Ela escreveu um novo capítulo da história do país nos esportes de inverno e eleva sua condição no cenário internacional.
O desempenho da representante da CBDG foi além da excelente 17ª colocação na classificação geral – o primeiro top 20 do país na modalidade. O resultado também a fez subir mais um degrau em sua evolução neste ciclo olímpico. Hoje, a brasileira não é mais uma figurante, mas sim integrante do pelotão emergente que consegue surpreender as favoritas.
“O meu objetivo no Mundial era o Top 20 e fiquei em 17º. Estou muito feliz com o resultado. As atletas de ponta começaram a me respeitar mais na pista. Viram que tenho potencial e estou lá para brigar pelas posições e não apenas para competir”, comentou com exclusividade ao Brasil Zero Grau e Olimpíada Todo Dia.
Basta olhar para o crescimento de Nicole Silveira neste ciclo olímpico para compreender o tamanho desse feito. Até março de 2018, ela sequer sabia o que era Skeleton – sua única experiência em esportes de inverno foi no bobsled antes dos Jogos de PyeongChang-2018. Ou seja, esta é apenas a terceira temporada completa.
Em pouco tempo, ela conseguiu sair da insegurança típica de quem ainda está desbravando o esporte para uma atleta segura de si, capaz de superar as adversidades em meio às competições e viagens. Conheceu novas pistas, melhorou seu condicionamento físico e psicológico e soube transformar esse conhecimento em desempenho esportivo.
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Tempos de Nicole Silveira comprovam evolução
Esta foi a terceira edição do Mundial que a atleta brasileira participou – e serve de parâmetro para olhar sua evolução no ciclo olímpico. Em 2019, na disputa em Whistler, no Canadá, e com um ano de experiência, ela foi a 25ª, não avançou à última corrida e cada descida dela era quase três segundos superior à primeira colocada.
No ano seguinte, Nicole Silveira melhorou um pouco seu desempenho. Na pista de Altenberg, na Alemanha (onde nunca tinha competido), foi a 24ª colocada também sem avançar à última prova – e cada tomada de tempo continuava superior a dois segundos e meio da líder. Em 2021, novamente em Altenberg, a situação mudou.
A representante da CBDG foi a 17ª com o tempo combinado de 3min57seg73, com 4seg76 atrás da alemã Tina Hermann, medalhista de ouro. Suas quatro descidas foram pouco mais de um segundo superior aos da primeira colocada. Na segunda corrida chegou a alcançar o 13º tempo, à frente da britânica Laura Deas, medalhista olímpica em PyeongChang-2018.
O que isso representa na caminhada olímpica?
Por conta da pandemia de covid-19, o ranking internacional de bobsled e skeleton nesta temporada está “congelado”. Ou seja, os pontos obtidos não serão levados em conta para a classificação aos Jogos Olímpicos de Pequim-2022. Uma pena, pois somente com a Copa do Mundo foram 388 pontos, à frente de suas principais concorrentes.
Contudo, em termos simbólicos, o bom desempenho é um combustível a mais para Nicole Silveira encarar a próxima temporada e buscar a vaga inédita. Com apenas três temporadas, ela conseguiu se posicionar no pelotão intermediário do Skeleton feminino, chegando a surpreender atletas bem mais experientes e tradicionais.
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Se repetir o desempenho na próxima temporada, a vaga olímpica se tornará realidade. Ao todo, há 11 cotas individuais e provavelmente a lista de classificação vai rodar bastante. Na temporada passada, ao terminar na 39ª colocação, ela já conseguiria a vaga direta. Com os resultados dessa temporada, certamente obteria uma das 25 cotas disponíveis.
Desempenho praticamente encerra temporada
Ao que tudo indica, o Mundial de Skeleton encerra a atual temporada para Nicole Silveira. Há a possibilidade remota de mais uma etapa da Copa América em março, nos Estados Unidos. Contudo, a segunda onda da pandemia de covid-19 teima em não baixar e a proposta deve ser suspensa logo.
Mas isso não significa que ela vá ficar longe do gelo. Até março, deve participar de mais sessões de treinos na pista de Whistler, no Canadá. O objetivo é acumular mais experiência na pista para a próxima temporada quando, aí sim, as corridas valerão pontos para o ranking pré-olímpico dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022.