Desde julho de 2020, os atletas de esqui alpino do Brasil já podem somar os pontos necessários para a classificação aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022. Porém, o que deveria ser uma caminhada até simples, revela-se extremamente complicada no início do período pré-olímpico em razão da pandemia de covid-19.
O avanço da doença em todo o mundo ao longo de 2020 suspendeu e cancelou diversos eventos programados no calendário internacional da modalidade. Com poucas corridas disponíveis, a oportunidade que os brasileiros têm para alcançarem os pontos FIS também se reduz. Ou seja: aumenta a pressão por bons resultados quando eles conseguem competir. É uma situação semelhante à enfrentada pelo time de bobsled e skeleton.
A primeira dificuldade aconteceu logo após a abertura do período pré-olímpico, em 1º de julho. Praticamente toda a temporada de inverno da América do Sul foi cancelada. As provas regionais no continente representavam a primeira chance dos atletas, principalmente os mais jovens, de pontuarem dentro dos critérios de classificação para Pequim-2022.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NO INSTAGRAM E NO FACEBOOK
Para compensar, Michel Macedo, principal estrela do time de esqui alpino do Brasil, organizou um training camp com a maioria da equipe em Passo di Stelvio, na Itália. O objetivo era justamente permitir a troca de experiência e manter todos em alto nível de treinamento para o início da temporada do hemisfério norte.
Mas as dificuldades seguem mesmo com mais de dois meses após a abertura da temporada. O próprio Michel Macedo já teve seis corridas canceladas nos Estados Unidos, onde mora com a família. Já Christopher Holm, que reside na Alemanha, também perdeu seis provas em Axams, na Áustria.
Valentino Caputi tem melhor desempenho do esqui alpino do Brasil
Em meio a tudo isso, o jovem Valentino Caputi, 16 anos, conseguiu se destacar. O atleta, que faz sua estreia na temporada adulta nesse esporte de neve, participou de sete provas na Itália. O melhor desempenho foi na segunda prova de Slalom Gigante em Alleghe: 147.62 pontos FIS e a 48ª colocação. O israelense Barnabas Szollos foi o vencedor.
No mesmo resort, ele não completou a primeira prova de Slalom Gigante e competiu em duas corridas de Slalom. Na primeira conseguiu 149.21 pontos FIS e a 37ª colocação – Comarc Comerford, da Irlanda, foi o vencedor. Na segunda, Caputi foi o 58º com 173.54 pontos. A vitória foi do italiano Simone Gallina.
+ O BRASIL ZERO GRAU TAMBÉM ESTÁ NO TWITTER, NO FACEBOOK E NO INSTAGRAM! SIGA!
O jovem integrante da equipe de esqui alpino do Brasil também participou de duas provas de slalom em Nova Ponente. Logo na primeira disputa alcançou 149.05 pontos FIS e terminou na 63ª posição. Na segunda, obteve 163.99 pontos e ficou em 76º – o búlgaro Kalin Zlatkov venceu as duas disputas.
Christopher Holm, em contrapartida, deu azar. Também fazendo sua estreia entre os adultos, ele participou de quatro provas até o momento em Pfelders, na Itália, e Oberjoch, na Alemanha. Contudo, não conseguiu completar nenhuma delas e ainda não obteve seus primeiros pontos FIS na carreira.
Como funciona a classificação olímpica no esqui alpino?
Para os Jogos de Pequim-2022, a FIS (Federação Internacional de Esqui) retirou os índices A e B dos critérios de classificação. Dessa forma, para conseguir uma cota em cada gênero, o esqui alpino do Brasil precisa que o atleta tenha menos de 80 pontos FIS no ranking pré-olímpico nas categorias Downhill e Super G e 160 pontos FIS no Slalom e Slalom Gigante. No Super Combinado, ele precisa ter menos de 160 pontos e menos de 80 no Downhill.
O cálculo é feito de acordo com os melhores desempenhos do atleta no período entre 1º de julho de 2020 e 16 de janeiro de 2022. No caso das modalidades técnicas (Slalom e Slalom Gigante), o cálculo é feito a partir da média dos cinco melhores resultados. Nas demais, somente com as duas melhores provas.
Ao atingir esse critério, cada país consegue uma cota básica. Depois, as vagas são preenchidas de acordo com o Top 30 do ranking da Copa do Mundo e as cotas restantes em cima do Top 500 da lista pré-olímpica. Tradicionalmente, a equipe de esqui alpino do Brasil consegue levar um atleta homem e uma mulher para os Jogos de Inverno.