Tradicionalmente à margem das decisões que envolvem a estrutura olímpica no país, os esportes de inverno do Brasil estão ampliando a participação no Comitê Olímpico Brasileiro. Atletas e dirigentes das duas confederações existentes (CBDG, para modalidades de gelo, e CBDN, na neve) conquistaram posições de destaque recentemente.
O mais recente espaço foi conquistado na quarta-feira, 11 de novembro de 2020. Edson Bindilatti, representando os esportes de gelo, conquistou uma das 25 vagas disponíveis à Comissão de Atletas do COB. Ele conquistou 19 votos e foi um dos dez homens mais votados entre aqueles que participaram das últimas duas edições dos Jogos Olímpicos de verão ou inverno.
“Quero tentar fazer um bom papel, representando não só os esportes de inverno, mas o esporte como um todo e entender o que podemos fazer na Comissão de Atletas”, comentou Edson Bindilatti ao Brasil Zero Grau e Olimpíada Todo Dia.
Foi a primeira vez que um representante da CBDG alcançou esse posto desde a criação do CACOB, em 2009. Sua eleição também mantém os esportes de inverno do Brasil dentro do órgão. Antes, Isabel Clark, atleta de snowboard e representando as modalidades de neve, participou dos três ciclos anteriores (2009-2012, 2013-2016, 2017-2020).
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A diferença é que, dessa vez, a eleição de Bindilatti coincide com um novo momento tanto da Comissão de Atletas quanto das duas entidades de inverno do Brasil.
Enquanto o primeiro grupo foi o responsável por reeleger Paulo Wanderley no COB, a CBDG e a CBDN elegeram seus presidentes à Comissão de Administração.
Esportes de inverno do Brasil buscam protagonismo após Rio-2016
A movimentação das duas confederações de inverno em busca de protagonismo na estrutura olímpica começou após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Ambas começaram a atuar mais ativamente nos bastidores tanto no Comitê Olímpico Brasileiro quanto na iniciativa privada e sociedade civil.
A CBDN, mais antiga representante dos esportes de inverno do Brasil, foi uma das incentivadoras do Pacto pelo Esporte e participou da criação do Rating Integra, que avalia a governança esportiva. Depois, já com Karl Anders Petterson na presidência, alcançou uma vaga na Comissão de Administração na última eleição do COB.
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Já a CBDG, que passou por uma crise administrativa, com troca de gestão na justiça no fim de 2012, se reestruturou e também buscou seu protagonismo.Matheus Figueiredo, presidente da confederação desde 2017, entrou na primeira Comissão de Administração do COB, criada no fim daquele ano, e foi reeleito agora.
Confederações de inverno tem histórico de neutralidade
A presença das confederações de inverno na estrutura olímpica brasileira é uma iniciativa recente. Tanto a CBDG quanto a CBDN possuíam um histórico de “diplomacia” e neutralidade desde suas origens. Isso garantia um trânsito maior entre as mais diferentes correntes políticas dentro do esporte, possibilitando vantagens para o desenvolvimento dos esportes de inverno do Brasil.
Essa tática foi útil, uma vez que ambas têm a menor fatia da Lei Piva e contam com o bom relacionamento para realizarem seus trabalhos. Tanto a CBDN, que nasceu em 1989, quanto a CBDG, fundada em 1996, souberam explorar essa imparcialidade ao longo do tempo.
A única exceção aconteceu em 2012. Já com denúncias de gestão temerária, Eric Maleson, então presidente da CBDG, se lançou como candidato da oposição na eleição daquele ano no COB. O período turbulento, contudo, chegou ao fim com seu afastamento na justiça no fim daquele ano.