Por muito tempo, o snowboard brasileiro teve uma rainha: Isabel Clark, presente em quatro edições dos Jogos Olímpicos de Inverno e dona do melhor resultado do país na história do evento. Ela se aposentou das competições em 2018, mas uma nova geração surpreendeu e recoloca o país em condições de brigar por vaga olímpica quatro anos depois.
Os jovens Noah Bethonico, 17 anos, e Augustinho Teixeira, 15, já estão entre os principais nomes do Brasil e do continente na modalidade de inverno. O primeiro como atleta no snowboard cross; o segundo na categoria freestyle (halfpipe, slopestyle e big air).
A evolução de ambos neste ciclo olímpico surpreendeu a própria CBDN. Logo após os Jogos de PyeongChang-2018, Stefano Arnhold, então presidente da entidade, admitiu que a equipe de snowboard estava sendo trabalhada para os Jogos de Inverno de 2026. Dois anos depois, a entidade precisou rever seu planejamento para os dois jovens.
Noah, por exemplo, foi o representante do snowboard brasileiro nos Jogos da Juventude de Inverno de 2020, em Lausanne (Suíça) e conseguiu a 11ª posição na classificação final. Ele ainda conquistou o melhor resultado de um atleta do país na estreia da modalidade com 80 pontos FIS e, atualmente, ocupa a 86ª posição do ranking internacional.
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Augustinho, que estreou em competições internacionais com apenas 13 anos, sagrou-se bicampeão brasileiro freestyle entre 2018 e 2019. Hoje, aos 15, ele também já está no Top 100 do ranking internacional no Halfpipe (91º) e no Big Air (100º) e próximo de atingir essa marca também no Slopestyle (135º).
Evolução acima da média no ciclo olímpico
São resultados que os credenciam aos Jogos de Pequim-2022, colocando o snowboard brasileiro na quinta participação olímpica consecutiva. Desde a estreia de Isabel Clark, em 2006, o Brasil sempre esteve presente na modalidade graças à atleta.
A pouca idade (nenhum deles chegou à maioridade, por exemplo) fez com que a CBDN buscasse um plano estratégico de crescimento com foco nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, que acontecerão em Milão e Cortina D’Ampezzo, na Itáila. Mas os resultados obtidos por Augustinho Teixeira e Noah Bethonico realmente foram surpreendentes.
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A baixa experiência não foi impeditivo para que ambos duelassem em pé de igualdade com grandes nomes do esporte no continente. Entre eles, os argentinos Steven Williams e Mattías Schmitt, participantes dos Jogos Olímpicos de PyeongChang-2018.
Snowboard brasileiro pode sonhar com a vaga em Pequim-2022?
Pode, mas não é tão simples. Por mais que tenham evoluído acima do esperado neste ciclo olímpico, os dois jovens atletas ainda precisam cumprir requisitos obrigatórios para ficarem elegíveis e, assim, brigarem pelas vagas em suas disciplinas.
Noah Bethonico é o 86º colocado no ranking internacional com 85 pontos FIS – precisa atingir, pelo menos, 100 pontos no período pré-olímpico (julho de 2020 a janeiro de 2022) e obter um Top 30 em uma etapa da Copa do Mundo de Snowboard durante a fase de classificação para colocar o snowboard brasileiro em Pequim-2022. A boa notícia é que no snowboard cross a lista de cotas roda bastante. Em PyeongChang-2018, com 40 vagas, o 80º colocado garantiu classificação. Para 2022, são 32 vagas disponíveis.
Augustinho Teixeira, por sua vez, já alcançou a pontuação mínima de 50 pontos FIS nas disciplinas slopestyle e big air. Entretanto, ele precisa alcançar essa marca durante o pré-olímpico e também obter um Top 30 em uma etapa da Copa do Mundo de Snowboard. No seu caso, a lista de classificados não se expande tanto: nos Jogos de Inverno de 2018 o halfpipe classificou até 45º e o slopestyle/big air até o 44º.