Desde 2022, Bia Ferreira decidiu seguir um novo caminho. Ela aceitou uma proposta do boxe profissional, mas não abriu mão do olímpico. Com o apoio da confederação (CBBoxe) e da equipe permante juntou as duas modalidades numa carreira híbrida. De lá para cá, conquistou seu segundo título mundial no “amador” em 2023, mesmo ano em que sobrou-se bicampeã dos Jogos Pan-Americanos e, no último sábado, faturou o cinturão da Federação Internacional (IBF). Agora, a prioridade total é a busca pela medalha de ouro nos Jogos de Paris-2024. Todo esse sucesso, entretanto, não servirá apenas para ela. A multicampeã abriu uma nova trilha que pode começar a ser usada por outros atletas brasileiros.
“A gente só conseguiu fazer isso porque o Marcos (Brito), que é o presidente da Confederação (Brasileira de Boxe) deu o aval e permitiu a Bia começar a carreira híbrida porque o interesse dele é que ela fosse campeã olímpica. Ele podia muito bem falar que não queria. E eu digo que foi um acerto gigantesco da Confederação apoiar esse projeto. Nós temos chance da Bia ser um dos maiores nomes do boxe mundial e não só do Brasil”, afirma o técnico principal da equipe permanente de boxe, Mateus Alves.
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NOVO CAMINHO
O sucesso conquistado por Bia Ferreira abriu portas para que outros atletas do Brasil possam seguir o mesmo caminho. Quem diz isso é o próprio presidente da CBBoxe. “A gente achou um caminho bastante interessante com essa experiência da Bia. A gente chegou num consenso de trabalhar o olímpico no momento mais importante e eles trabalharem o profissional no momento mais importante. Se não fosse uma coisa muito bem amarradinha com pessoas sérias, a possibilidade de acontecer seria zero. Isso abriu um leque de oportunidades para outros atletas nossos terem o mesmo tipo de caminho e eu posso garantir que terão. Tem outros interesses aparecendo porque a fórmula foi bem sucedida. É bem possível que a médio prazo a gente tenha essas oportunidades acontecendo no Brasil. Eu acredito que em breve teremos novidades”, afirmou Marcos Brito.
GRANDE VANTAGEM
A grande vantagem que Bia Ferreira teve ao virar profissional sem abandonar o boxe olímpico foi continuar desfrutando da estrutura oferecida pela CBBoxe. “Um atleta que está vinculado à Confederação tem os seus apoios financeiros: equipe militar, bolsa pódio, bolsa estadual, salário da confederação e ainda recebe pela bolsa de luta (no profissional). Então, ele não perde a estrutura financeira mensal e continua com toda a estrutura física da equipe olímpica: fisioterapia de graça, massagista, médico, nutricionista, suplementação… Se ele sai totalmente da Confederação e faz um contrato direto com a promotora, ele só recebe quando ele luta e tem que pagar por todos os outros serviços. Então, nós damos uma oportunidade para o atleta ter mais tranquilidade para fazer uma carreira híbrida”, explica Mateus Alves.
Isso não quer dizer, no entanto, que todos os atletas que fazem parte da equipe olímpica permanente possam seguir o mesmo caminho. “Não é tão simples todo mundo virar híbrido na equipe, mas, se tiver propostas para os nossos atletas-chave e esses atletas tiverem interesse em fazer a carreira híbrida, nós vamos apoiar”, se comprometeu o treinador.
PARIS-2024
Pioneira na carreira híbrida, Bia Ferreira deve se despedir do boxe olímpico em Paris-2024. Até lá, entretanto, seu foco vai ser 100% na conquista da medalha de ouro, que escapou em Tóquio-2020, quando ela ficou com a prata. “No profissional, a gente deu um tempo, encerramos com o cinto. Agora é focar totalmente em Paris”.