A ruptura do LCA, o ligamento cruzado anterior, é uma das lesões mais temidas por qualquer tipo de atleta. Normalmente, ela é seguida de cirurgia e uma longa recuperação, que pode chegar até a oito ou nove meses. O medalhista de bronze em Tóquio-2020, Abner Teixeira passou por isso no começo do segundo semestre do ano passado. Mas não teve alternativa. Operar significaria abrir mão dos Jogos Pan-Americanos e consequentemente dos Jogos Olímpicos, já que a competição realizada em Santiago valia como Pré-Olímpico do continente para o boxe. O pugilista de Sorocaba optou por um tratamento conservador, escapou da mesa de cirurgia e, assim mesmo, conseguiu carimbar o passaporte para Paris-2024 e ainda colocou no peito a medalha de prata na capital chilena.
A lesão
“Eu estava numa base de treinamento na Itália e estava fazendo sparring com um cara da Argélia. Eu pisei errado e meu joelho virou. Senti uma dor muito grande e me joguei no chão. Mas foi só quando cheguei em São Paulo e fiz exame de imagem que descobri que tive ruptura total do LCA”, lembra Abner Teixeira.
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Faltava pouco tempo para os Jogos Pan-Americanos e a decisão, em conjunto com a equipe multidisciplinar da CBBoxe, foi de não operar. “A gente optou pelo tratamento conservador, que consiste basicamente em fortalecer a estrutura em volta do joelho. Eu tenho ainda limitações. Não vou falar que meu joelho está 100% e que posso fazer o que eu quiser. Mas o que importa eu consigo fazer, que é treinar boxe. Consigo bater saco, consigo fazer sparring. Consigo fazer dentro do ginásio tudo o que preciso fazer. Agora, lá fora tive que adaptar. Agora, ao invés de correr, eu uso a bike, eu uso algo que tenha menos impacto”, explica o atleta, que atualmente passa boa parte de seu dia na fisioterapia. “Eu brinco que meu CEP mudou para a sala de fisio”.
Pan sem cirurgia
Mas treino é treino e luta é luta! Nos Jogos Pan-Americanos, Abner Teixeira teve que encarar adversários que tinham o mesmo objetivo que ele: a vaga olímpica. O brasileiro estreou nas quartas de final e venceu por unanimidade o mexicano Javier Hernandez. Na semifinal, ele superou, em decisão dividida, o colombiano Cristian Salcedo e, com este resultado, garantiu a vaga olímpica. Por precaução, o head coach Mateus Alves impediu que o pugilista enfrentasse o americano Joshua Edwards na disputa da medalha de ouro. Àquela altura, a missão estava cumprida porque o passaporte para Paris estava carimbado.
“Para lutar boxe, a lesão não me afeta. Eu consigo ficar na minha postura normal. Era o meu maior medo, quando falaram que tinha rompido, que afetasse o meu treino com o tempo. Mas até agora não”, explica Abner Teixeira, que pretende continuar sem passar pela mesa de cirurgia mesmo depois dos Jogos Olímpicos.
A luta contra dor
“Acho que vou assim para sempre. Vou seguir esse tratamento, fortalecer. Vai ser algo que eu vou ter que ter um cuidado meio que para sempre”, acredita.
E tem dor? Claro que sim! Mas isso não incomoda quem está todos os dias se superando atrás do sonho de conquistar sua segunda medalha olímpica.
“Antes do joelho, meu cotovelo já doía. Eu não tenho cartilagem nos meus dois cotovelos. Então, eu sinto dor todo dia. Eu brigo com dor todo dia. Pra gente que é atleta isso é normal”, conclui.