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Boxe feminino brasileiro é destaque de 2023

Bia Ferreira e Bynha Santos conquistam pódios internacionais lideram mulheres do Brasil em ano histórico para boxe feminino

Imagens: COB

O boxe feminino brasileiro brilhou em 2023. Nas duas principais competições do ano, as brasileiras foram ao pódio. No Campeonato Mundial foram duas medalhas, um ouro com Beatriz Ferreira e um bronze com Barbara Santos. Ambas voltaram ao pódio nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, com dois ouros, na categoria 60 e 66kg. Assim como Jucielen Romeu e Caroline Almeida, que também foram campeãs no Chile, que além das medalhas, valeu como pré-olímpico continental para Paris. As quatro carimbaram passaporte direto para os Jogos Olímpicos de Paris. 

Para Mateus Alves, treinador-chefe da seleção, o boxe feminino mostrou no Pan que o Brasil é o melhor país do continente e que vai chegar em Paris para brigar por pódios. “Hoje o Brasil tem o melhor boxe feminino das Américas. Antes disso, os EUA sempre tiveram equipes fortes, e até 2012 o Canadá também era muito forte no feminino, mesmo antes de ser olímpico. Anteriormente, já havíamos mostrado uma grande força no Torneio Continental de 2022 e mostramos de novo agora nos Jogos Pan-Americanos com quatro ouros, de seis categorias, sendo seis medalhas de seis possíveis”, analisou o treinador.

atletas e comissão técnica do boxe brasileiro pousam para foto em cima do ringue dos jogos pan-americanos santiago-2023
Brasil leva 12 medalhas no boxe em 13 chances, quebrando o recorde de São Paulo 1963. (Foto: Wander Roberto/COB)

Todos os pódios no Pan

Outro destaque foi o 100% de pódios garantidos pelas mulheres no Pan. Foram convocadas seis boxeadoras para a disputa e todas as seis voltaram com medalhas. Além dos quatro ouros, o Brasil levou mais uma prata com Tatiana Chagas nos 54kg e um bronze com Viviane Pereira nos 75kg. Para Suelen Souza, uma das treinadoras da Equipe Olímpica de Boxe, ter todas as brasileiras no pódio pan-americano mostrou a evolução da modalidade no cenário internacional. “Conseguimos classificar 90% da equipe feminina para os Jogos Olímpicos e ainda podemos conseguir a última vaga. As medalhas de ouro do boxe feminino no Pan de Santiago traduzem bem o desempenho do Brasil ao longo dos anos. Desse modo, o boxe feminino é sim um dos carros-chefe da Equipe Olímpica Permanente”, comentou a técnica.

Ano de grandes resultados das boxeadoras brasileiras

2023 foi fundamental para o boxe se consolidar com time forte já visando Paris-2024. Com torneios que preparavam para a classificação olímpica, o Brasil treinou forte desde o início do ano, realizou campings em países de tradição e participou de torneios ao longo do ano com vários candidatos a medalhas olímpicas. Por isso, Suelen relembrou que o ano do boxe feminino tem que ser ainda mais comemorado. “Foi um ano excelente, a gente veio de excelentes resultados. Começamos o ano com uma campanha boa no Strandja, uma competição tradicional e difícil, onde a Bia foi campeã novamente. Depois veio o Mundial, em que trouxemos duas medalhas de lá e colocamos quatro meninas entre as 10 melhores de cada categoria (Jucielen Romeu e Beatriz Sousa foram quintas colocadas)”, analisou a treinadora, que é uma das únicas mulheres a integrarem o corpo técnico de uma seleção brasileira olímpica.

Boxe feminino brasileiro não é só Beatriz Ferreira

Barbara Santos foi bronze no Campeonato Mundial de Boxe em 2023. (Foto: IBA Boxing)

Mateus Alves também destacou como o Brasil não se resume apenas na bicampeã mundial e pan-americana Beatriz Ferreira, mas em um conjunto de atletas que estão mostrando que o time vem forte para as próximas competições. “A Bia é realmente um fenômeno para o boxe brasileiro. Porém estamos mostrando que o boxe feminino é um grupo”, falou Mateus Alves.

Suelen Souza também falou de como o grupo está preparado para trazer bons resultados em 2024. “A gente mostrou não depender de uma só atleta, que é a Bia. A gente vem com uma equipe feminina forte. Carol, Barbara, Juci, Tatiana, que estão classificadas juntamente com a Bia, estão mostrando força do boxe feminino. Elas já fizeram uma excelente campanha nos Jogos Sul-Americanos de 2022, repetiram e melhoraram o desempenho nos Jogos Pan-Americanos. É um prospecto positivo para esperarmos bons resultados também em Paris”, completou Suelen.

Boxe feminino segue evoluindo

Beatriz Ferreira e Suelen Souza antes da final do Campeonato Mundial de Boxe. (Foto: IBA Boxing)

A modalidade está em Jogos Olímpicos desde 1904, entretanto as disputas femininas entraram no programa apenas em 2012, sendo o último esporte a permitir que mulheres disputassem medalhas olímpicas. Com isso, para Suelen Souza, mostrar que o boxe feminino brasileiro está sendo um destaque não só no Brasil, mas também no mundo, valoriza ainda mais o trabalho que vem sendo feito nos ringues verde e amarelos.

“Para mim é muito importante esse avanço. O boxe feminino é uma modalidade em si, muito nova. Então a gente vem despontando no cenário mundial como modalidade muito recentemente, pouco mais de 40 anos. Estamos indo para a nossa quarta Olimpíada. Em três edições, conquistamos duas medalhas olímpicas no feminino para o Brasil. Isso mostra o poder do boxe feminino aqui, o quanto a gente evoluiu. De 20 anos para cá, saímos de uma modalidade que quase não existia, para uma modalidade respeitada a nível mundial. Para mim, quanto técnica, que participou dessa evolução do boxe feminino no Brasil, é muito importante ver isso. A tendência é evoluir cada vez mais, e que a gente se perpetue como uma das grandes potências no cenário esportivo nacional e internacional”, concluiu a treinadora.

Classificação olímpica é a primeira meta de 2024

O Brasil já está garantido com nove atletas no boxe na Olimpíada de Paris. Mas esse número pode aumentar ainda mais. Quatro boxeadores irão brigar por um passaporte para a cidade-luz já em fevereiro. Luiz Oliveira, Yuri Falcão e Wanderson de Oliveira disputarão as vagas no 57kg, 63,5kg e 71kg, respectivamente. Enquanto Viviane Pereira, nos 75kg, vai em busca da vaga pra o Brasil ir com time completo no feminino em Paris, um marco histórico para a modalidade.

Formada em Jornalismo pela Unesp-Bauru, participou da Rio-2016 como voluntária, cobriu a Olimpíada de Tóquio-2020 a distância e Paris-2024 in loco pelo Olimpíada Todo Dia; hoje coordena as Redes Sociais do OTD.

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