Depois de um grande ciclo, que culminou em três medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o boxe brasileiro não baixou o ritmo. Pelo contrário, ganhou ainda mais intensidade e teve um ano de 2022 muito vitorioso, iniciando bem a jornada rumo a Paris 2024. Os atletas da Equipe Olímpica Permanente da modalidade tiveram mais de 80% de aproveitamento de vitórias e conquistaram 93 medalhas, sendo duas delas em Mundial. O head coach da equipe, Mateus Alves, rendeu elogios ao bom ano.
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“Tivemos um ano muito positivo, com 288 combates e 233 vitórias, sendo 192 internacionais. A nível de desempenho esportivo, foi um ano muito satisfatório. Fomos campeões por equipes do campeonato continental, campeão por equipes dos Jogos Sul-Americanos e duas medalhas mundiais no feminino. Foi bem positivo na parte de rendimento físico, técnico e esportivo”, avaliou Mateus Alves.
Em 2022, os boxeadores da equipe olímpica faturaram 93 medalhas, sendo 65 de ouro, 17 de prata e 11 de bronze. As principais conquistas foram os dois pódios no Campeonato Mundial Feminino, com a prata de Beatriz Ferreira (60kg) e o bronze de de Caroline Almeida (52kg), os sete ouros nos Jogos Sul-Americanos (em 13 possíveis) e os quatro ouros no Campeonato Continental. Nesses dois últimos, o time brasileiro foi campeão por equipes, assim como nos Torneios de Bocskai (HUN) e Tammer (FIN) e nos Grand Prix da República Tcheca e do Brasil.
Grandes resultados
O boxe não possui um circuito mundial definido pela federação internacional, mas Mateus e sua equipe têm buscado alternativas para manter o time ativo. Somente em 2022, os 28 atletas que integram a seleção participaram de 12 eventos, entre nacionais e internacionais. Eles fizeram 288 lutas e obtiveram 233 vitórias (80,9% de aproveitamento), perdendo apenas 55. Foram 145 triunfos no masculino e 88 no feminino.
“Sempre criticamos que a IBA (federação internacional) não tem um calendário como se fosse um circuito mundial. Participamos do Circuito Europeu de boxe olímpico, que não é contínuo, mas já estamos com um calendário muito bem definido há alguns anos. Buscamos os campeonatos mais tradicionais, como na Bulgária e na Polônia, que possuem eventos que acontecem todo mês”, falou Mateus, que também atribui importância aos intercâmbios com outros países.
“Treinamos com a Itália, que tem um centro de treinamento que recebe equipes do mundo todo, e vamos também à Alemanha. Esse ano recebemos a Argentina, o Panamá e a Colômbia. É fundamental que tenhamos pelo menos um evento ao mês, sendo ele campeonato ou camping. Todos os meses, o atleta tem que estar lutando. É isso que dá ritmo para que consigamos resultados expressivos”, completou.
Continuidade
A equipe olímpica para este primeiro ano do novo ciclo manteve a base do período de Tóquio-2020. Dos medalhistas no Japão, Bia Ferreira e Abner Teixeira seguiram se destacando em busca de Paris 2024 e apenas o campeão olímpico Herbert Conceição deixou o time, após fechar contrato com o boxe profissional. Wanderson Oliveira, o ‘Shuga’, Keno Marley Machado e Jucielen Romeu, que estiveram em Tóquio, também foram bem em 2022. No entanto, novos nomes também surgiram.
“Esse ano foi de confirmação de alguns nomes, como o Abner, a Bia, o Keno, o Wanderson e a Jucielen, que são atletas do ciclo passado. Mas temos hoje a Carol (Almeida) e o Wanderley (Pereira) surgindo. Vem sempre surgindo atletas novos, o que mostra que estamos tendo uma continuidade, que é um dos fatores que a Equipe Olímpica é responsável. Trazemos o atleta muito jovem para o Centro de Treinamento e conseguimos fazer com que ele desponte com dois ou três anos”, comentou Mateus.
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Entre os principais atletas da seleção, quatro deles fecharam o ano invictos. Abner Teixeira foi um deles. Após o bronze em Tóquio, ele subiu de peso para o novo ciclo, agora competindo na categoria acima de 92kg, e teve 23 vitórias na temporada. O jovem Luiz Gabriel, o ‘Bolinha’, conseguiu 18 vitórias em 2022. Wanderley Pereira (80kg) conquistou 17 triunfos, enquanto Barbara Santos (66kg) fez 14 lutas sem perder.
Foco em Paris 2024
Após o grande ano e com um ciclo mais apertado por conta do adiamento da Olimpíada de Tóquio, os brasileiros já estão de olho na classificação olímpica para Paris. Segundo Mateus, a equipe olímpica já tem o planejamento definido para 2023 e tem como foco os Jogos Pan-Americanos, que será classificatório para os Jogos de 2024.
“Teremos os Jogos Pan-Americanos, que já é um evento com muita visibilidade e de muita atenção porque tem mídia e TV e vai ser duplamente tenso para o boxe pelo fator de ser classificatório olímpico. Também vamos ter os Mundiais Feminino e Masculino. Vai ser um ano muito cheio. Já começaremos forte em janeiro e em fevereiro faremos um camping na Bulgária. Por lá, lutaremos o Torneio de Strandja, que é o evento mais forte da Europa”, falou Mateus.
Segundo o head coach, o prognóstico para Paris 2024 é conquistar duas medalhas. “Somos uma comissão técnica muito realista, que tem objetivos muito claros e verdadeiros. Nós surpreendemos em Tóquio, com três. E seguimos confiante com duas medalhas em Paris, uma no masculino e outra no feminino. Mas temos grandes nomes que podem surpreender”, opinou.