Beatriz Ferreira se prepara para sua estreia como profissional, que deve acontecer no dia 22 de outubro. A medalhista de prata em Tóquio-2020, no entanto, não vai abandonar o boxe olímpico. Até 2024, ela vai conciliar as duas carreiras sem perder o foco na conquista da “mãe de todas”, como ela mesmo chama a medalha de ouro de Paris-2024. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, a pugilista baiana e o técnico Mateus Alves revelaram em detalhes o plano traçado para que a atleta consiga ter sucesso ao mesmo tempo como olímpica como profissional.
“A gente vai fazer uma carreira híbrida neste momento. Esse ano ela não luta mais no olímpico. Vamos focar em dois combates profissionais. E, ano que vem, durante o calendário, a ideia é fazer três combates. Então, a meta é fazer cinco combates até dezembro de 2023. Aí de janeiro a agosto de 2024, só eventos olímpicos”, explica Mateus Alves.
O contrato profissional de Beatriz Ferreira foi assinado com a Matchroom Boxing, que aceitou que ela não tivesse exclusividade. Assim, o calendário vai ser decidido em conjunto com a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe). Em 2022, ela fará duas lutas profissionais e, por conta disso, não vai participar dos Jogos Sul-Americanos. Para o ano que vem, a previsão é que ela divida sua preparação para as três lutas profissionais com competições olímpicas como o Mundial feminino e os Jogos Pan-Americanos. Depois, em 2024, a dedicação será total aos Jogos Olímpicos de Paris até agosto. Após a Olimpíada, o plano é que a atleta se dedique integralmente ao boxe profissional.
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“Estou concentrada nos dois. Eu quero representar bem o profissional, mas no olímpico eu tenho que pegar a mãe de todas, a dourada. É só uma adrenalina. Eu não pretendo sair do olímpico, enquanto eu não conseguir essa medalha. Eu gostei de estar no pódio, gostei de estar disputando os Jogos Olímpicos. Então, eu vou buscar a minha vaga para participar do segundo e, se Deus quiser, trocar essa medalha de prata pela de ouro e depois ser campeã mundial no profissional também”, planeja Beatriz Ferreira.
Apesar de ser o mesmo esporte, são duas modalidades diferentes com exigências diferentes também. Por conta disso, Bia tem treinado em horários separados da equipe olímpica permanente enquanto se prepara para a estreia profissional. Quando ela estiver se preparando para uma competição olímpica, ela volta a trabalhar junto com o grupo.
“Eu já consigio identificar que os treinos são muito diferentes. Às vezes o que eu estou fazendo não é o que a equipe está fazendo. Eu estou gostando dessa experiência. O foco é em mim, então a gente treina duro. Não que a gente não fizesse isso antes. Mas no olímpico são 22 atletas e agora sou só eu e o olhar do Mateus ali em cima de mim o tempo todo, corrigindo, mas estou gostando muito desse desafio”, explica Beatriz Ferreira, satisfeita com a “exclusividade”.
“São modalidades de fundamentos técnicos e táticos iguais, mas a cadência de luta, a intensidade de luta, a característica de combate são diferentes”, explica o técnico Mateus Alves. “É um xadrez, né? No profissional é preciso ser muito calmo e frio. Esperar a hora certa para encaixar os golpes. Tem muita relevância do boxe em si. Você vai pontuando e depois explode. Isso é diferente do olímpico, onde a gente já chega explodindo porque são só três rounds e agora vão ser seis”, completa Beatriz Ferreira.
Além das lutas serem mais longas, inicialmente com seis rounds, mas podendo chegar até 12, o boxe profissional não conta com a proteção do capacete como acontece no olímpico. “Eu sempre fui louca para lutar sem capacete. Até achei que o olímpico fosse tirar, mas, como não tirou, eu fui para o profissional para testar. Tô ansiosa para ver, testar minhas esquivas, que acredito que estão em dia. Vamos lá neste desafio”, diz a atleta, que está empolgada com a novidade.
“É um novo desafio. Estou muito animada! Eu acho que eu precisava dessa adrenalina nova. Eu gosto muito de sentir adrenalina. Não que eu não tenha isso no olímpico, mas é um empurrãozinho a mais. Estou me preparando ao máximo para poder representar bem, assim como eu faço no olímpico, no profissional, representando meu país, representando as meninas e mostrando que a gente tem boxe bom”, afirma Beatriz Ferreira.