Com a medalha de bronze conquistada na Cidade do México-1968 no peito, Servílio de Oliveira chegou ao Congresso Olímpico do Brasil para ser, ao lado de Aurélio Miguel, do judô, e Fofão, do vôlei, eternizado no Hall da Fama do COB. Mas o momento mais legal foi o encontro dele com seus sucessores, os campeões olímpicos Robson Conceição, na Rio-2016, e Hebert Conceição, de Tóquio-2020, os três medalhistas masculinos do boxe do Brasil.
Os três posaram para fotos, conversaram, trocaram experiências e se emocionaram. “Rapaz, eu sou privilegiado. Olha o patamar que eu cheguei. Hoje eu tive um encontro com o primeiro medalhista brasileiro do boxe e o primeiro campeão olímpico e eu estava ali no meio deles como campeão olímpico também”, comemorou Hebert Conceição. “Foi um momento único poder ver de perto a primeira medalha olímpica do Brasil. Igual a ela jamais terá outra. Então é muito gratificante poder participar desse grande momento”, completou Robson.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, TWITTER, INSTAGRAM, TIK TOK E FACEBOOK
“Eu fico imaginando que, ganhar uma medalha hoje, com toda a estrutura e investimento que a gente tem, é muito difícil. Imagina como era em 1968? O Servílio merece toda homenagem que ele está recebendo aqui. Não é à toa que ele hoje estará fazendo parte do hall da fama do esporte brasileiro”, reconheceu Hebert Conceição.
O encontro histórico colocou lado a lado os dois campeões olímpicos do Brasil com aquele que serviu de inspiração para todos os que vieram a seguir. Além dos três, duas mulheres também foram medalhistas no boxe, Adriana Araújo, bronze em Londres-2012, e Beatriz Ferreira, prata em Tóquio-2020.
“É uma das homenagens mais importantes que eu recebi. Entrar para o hall da fama eternizou meu
nome. Isso significa que daqui 500 anos as pessoas vão olhar e saber que eu contribuí com uma medaha com o esporte brasileiro”, comemorou Servílio de Oliveira.
“O Servílio foi inspiração para todas as gerações e o Róbson é uma inspiração mais próxima. Eu me sinto honrado porque tive a oportunidade de agradcer os dois pessoalmente por terem proporcionado momentos tão incríveis para o nosso esporte”, disse Hebert Conceição, que após o ouro em Tóquio deixou o boxe olímpico para se tornar profissional, mesmo caminho que Robson Conceição seguiu depois da Rio-2016.
“O Hebert me tem como espelho desde o boxe olímpico e agora no boxe profissional. Tenho certeza que ele irá muito longe no boxe profissional. A gente está sempre junto, sempre próximos. Não somente eu chamo a atenção dele, ele também me chama atenção. Estamos sempre um abrindo o olho do outro para que possamos um ajudar o outro”, contou Robson Conceição.
O momento de Hebert é de ansiedade. O brasileiro vive a expectativa de fazer sua estreia no boxe profissional. “Passei um pouco de perrengue com a questão da data da luta, que já foi remarcada duas vezes, mas vou estrear no fina de abril, provavelmente dia 21, no Canadá, mas eu estou dependendo da chegada do meu visto para poder anunciar a luta”, explicou o medalha de ouro de Tóquio-2020. “Mas estou muito feliz com a proximidade de voltar aos ringues e voltar, mais do que nunca, a representar o Brasil”, disse o pugilista, que tem planos de fazer pelo menos uma luta ainda este ano no Brasil.
Enquanto Hebert Conceição dá seus primeiros passos, Robson sonha com o título mundial. Em setembro do ano passado, ele perdeu por pontos para o campeão Oscar Valdez, do México, na disputa do cinturão dos superpenas pelo Conselho Mundial de Boxe. A luta foi muito polêmica e o brasileiro contestou bastante o resultado.
Agora, Robson Conceição terá outra oportunidade de lutar pelo título mundial. Depois de vencer o americano Xavier Martinez por pontos no fim de julho, resultado que o colocou novamente como desafiante ao cinturão. Ele vai enfrentar o vencedor do duelo marcado para dia 30 de abril entre o mexicano Oscar Valdez e o americano Shakur Stevenson
“Vão estar em jogo dois cinturões mundiais no fim do ano. Vai ser um ano de muita motivação e dedicação para brindar o Brasil com dois títulos mundiais”, revelou Robson Conceição.
Enquanto Robson se aproxima do título mundial e Hebert dá seus primeiros passos no boxe profissional, Servílio de Oliveira torce pelos dois. “São jovens que têm grandes possibilidades de conseguir grandes resultados para o Brasil”, acredita.
A preocupação do primeiro medalhista do boxe brasileiro é com a possibilidade da modalidade ser retirada da programação dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 por causa de denúncias de corrupção contra a Associação Internacional de Boxe Amador (AIBA).
“Seria um erro crasso do Comitê Olímpico Internacional porque se os dirigentes da Aiba dizeram falcatruas em 2012, 2016 e 2021, eles é que têm que ser punidos. Os praticantes da modalidade não têm culpa”, reclama Servílio de Oliveira, que sonha ver o neto, Luiz Oliveira, o Bolinha, que faz parte da seleção brasileira, disputando os Jogos de Paris.
“Era para o Bolinha já ter ido para Tóquio, mas por causa da pandemia não teve o Pré-Olímpico. Por isso, ele ficou de fora, mas se o boxe olímpico não for tirado dos Jogos, o Bolinha tem grandes chances dee ganhar uma medalha para o Brasil em 2024”, acredita Servílio, cujo neto foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2018.