Foram quase três anos e meio de preparação visando o Pré-Olímpico das Américas de boxe e tudo mudou drasticamente por causa da pandemia de coronavírus. Mas não é momento para desânimo, em meio à incerteza esportiva, é preciso pensar na sociedade com um todo, ter paciência e aguardar.
“No primeiro momento, a prioridade é a saúde de todos, de forma geral, não só dos nosso atletas. É cumprir a quarentena, como qualquer cidadão, e contribuir para o que o vírus não tenha uma propagação forte no nosso país, algo que aconteceu na Itália e na Espanha.” As palavras são de Mateus Alves, treinador-chefe da seleção olímpica permanente do Brasil.
EVENTO CANCELADO
A seleção vinha de uma temporada de treinamentos na altitude colombiana e se preparava para embarcar rumo à Argentina, país sede do Pré-Olímpico das Américas de boxe, quando foi informada sobre o adiamento da disputa.
“O evento foi cancelado por causa do governo argentino, não foi o comitê organizador, não foi atleta, nem técnico, não foi nada disso. A Argentina cancelou todos os eventos esportivos de março e um deles era o Pré-Olímpico, por medida protetiva em meio à pandemia, evitando aglomerações”, disse o treinador.
A equipe brasileira de boxe chegaria com força para a disputa, com Bia Ferreira, campeã mundial, encabeçando o grupo, que vinha numa crescente, conquistando medalhas ao redor do mundo e com Mateus Alves sendo eleito o melhor técnico olímpico brasileiro em 2019.
“É todo um trabalho. Caso tudo siga adiado, será retomado depois. Faz parte da vida, nem tudo acontece como a gente gostaria que fosse. Temos que entender a situação mundial e do Brasil. O momento é muito mais importante do que nós ficarmos pensando só nos Jogos Olímpicos. Obviamente somos profissionais, mas temos que ter a preocupação com a sociedade. É hora de cumprir as orientações das organizações competentes, com calma, reforçar e readequar tudo mais tarde”, explicou Alves.
E seguindo as orientações do Governo de São Paulo, a seleção brasileira interrompeu os treinos na capital do estado, os atletas foram liberados, mas seguem sendo monitorados e assistidos via whatsapp.
ATENÇÃO COM O CORONAVÍRUS
“Nos grupos sempre conversamos, junto com a comissão médica, sempre mandando as informações para os atletas. Também procuro falar individualmente, estamos todos atentos. Na verdade, a equipe olímpica tem diversos grupos no whatsapp. Em um dos grupos, sou eu com os atletas, e neste grupo não tem muita brincadeira. A Flávia Figueiredo coloca coisas para animar, o Ebert Conceição é um cara brincalhão também, mas este grupo específico é muito sério e informativo. A Bia Ferreira também gosta muito de brincar”, comentou o treinador.
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E, à distância e sem poder treinar junto, a comissão técnica da seleção brasileira de boxe orientou os atletas a tentarem seguir em movimento, com uma espécie de treinamento regenerativo. “Os treinamentos solicitados foram de manutenção mínima. Se for possível, correr bem cedo, sozinho, ao ar livre, uma corrida de manhã. Fazer um treinamento com saco de pancada, para aqueles que podem, e fazer exercícios de manutenção.”
Coordenador da seleção, Mateus Alves, respeitando a liberdade de cada um, tenta via whatsapp fazer o controle, de forma serena. “Eu tenho mantido o contato por grupo e telefone, pedindo para que sigam as instruções. Primeiro para se protegerem. Segundo para ajudar o país nessa pandemia, nós também somos cidadãos e ninguém quer ver a situação da saúde publica virar um caos. Estamos instruindo o máximo possível para que todos possam auxiliar neste momento. Nós não proibimos os atletas de saírem. Confio na responsabilidade de todos”.
PRÓXIMOS PASSOS
A seleção aguarda para saber quais serão os próximos passos. “Nós seguimos focados no Pré-Olímpico, mas não temos a data deste novo evento. Eu como treinador estou todo dia entrando em contato com as pessoas que estão na organização deste Pré-Olímpico, até o momento não temos um país e uma data para realizar. Nos deram uma previsão para maio o evento das Américas e o Mundial em junho, mas sem nada concreto. E uma coisa é certa: a preparação de todos os países está afetada.”
Diante de tantas incertezas e preocupações em meio à pandemia de coronavírus, o boxe brasileiro vai se protegendo e lidando com o que tem de momento. “Obviamente que não será a mesma coisa, nós tínhamos um planejamento pronto até julho. Temos que ter paciência e tranquilidade, aguardar as datas e fazer um replanejamento. Se a olimpíada for em julho, vamos e devemos nos preparar ao máximo. Se isso não acontecer, vamos no readequar.”
Por causa da pandemia de coronavírus, muita coisa pode mudar nos próximos dias e meses, mas a seriedade e compromisso do boxe brasileiro seguem inabaláveis. “Que todos mantenham a calma e a paciência, não entrem em uma ansiedade exagerada, é muito ruim, principalmente no nível atlético. Essa incerteza e situação de quando será o Pré-Olímpico e se a olimpíada acontecerá ou não é ruim. Mas com certeza estaremos focados dentro da possibilidade”.