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Na rota para Tóquio, Hebert garimpa prata no Pan e bronze no mundial

Medalhista no Mundial e no Pan, Hebert Conceição, de apenas 21 anos, está na rota da medalha em Tóquio 2020

Hebert Conceição disputará a categoria médio (até 75kg) no boxe masculino nos Jogos Olímpicos de. Tóquio 2020
(Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br)

Ainda é novo, 21 anos, e já tem no quadro de medalhas duas bem reluzentes. Que inspiram voos mais altos e mais distantes, chegando ao outro lado do mundo. O boxeador Hebert Conceição, vice-campeão dos Jogos Pan-Americanos em agosto e terceiro colocado no Mundial da Rússia em setembro, ganha força na corrida para Tóquio 2020 e sonha com o pódio olímpico na categoria até 75 quilos.

“Fiquei muito feliz com a minha participação no Mundial, é o primeiro da minha carreira e já consegui uma medalha. É um grande feito e uma prova de que eu estou no caminho certo e me torno mais uma esperança de medalha nas Olimpíadas”, diz Hebert Conceição em entrevista exclusiva para o OTD. Entre um treino e outro, rotina de seleção já há dois anos e meio, falou mais sobre o feito na Rússia e repetiu muito a palavra “Olimpíada”.

“Foram lutas duríssimas. Todas as que eu fiz, as três que eu ganhei e a semifinal que eu perdi, foram em decisões divididas. Prova de que o nível do campeonato estava muito alto. Ganhei todas no detalhe. Por um vacilo ou uma piscada de olho eu poderia ter perdido”, comenta.

Hebert Conceição, bronze no mundial de boxe

Hebert Conceição e o bronze no Mundial (CBBoxe)

Hebert Conceição é soteropolitano e começou no boxe com 15 anos. Entrou pelo projeto social Academia Champion, “com o professor Luisão e o professor Marquinhos formando a minha base”, cita nominalmente. O boxe já era uma paixão antes mesmo de começar a praticar – “sempre gostei de assistir”, mas não foi só o gosto por lutas que o levou até ele. “Eu era um pouco gordinho”.

No Brasil já foi seis vezes campeão nacional e está invicto. Entrou para a seleção depois das Olimpíadas do Rio, no início do novo ciclo, e desde então mora em São Paulo. “Acordo às 6h da manhã para treinar às 7h. E depois às 14h. Parte física de manhã e parte técnica e tática à tarde. Moro com os outros atletas e respiro boxe todos os dias”.

Olhos em Paris, punhos em Tóquio

Hebert Conceição faz parte de um time visto pela comissão técnica da seleção como bem talentoso, porém ainda jovem. Tanto que parecem vê-los mais prontos em Paris 2024, enxergando Tóquio 2020 como uma passagem vital visando desenvolver a maturidade necessária para se colocar no ringue tudo o que se é treinado.

Seleção brasileira de boxe masculino

Seleção brasileira de boxe masculino (Divulgação/CBBoxe)

Isso não quer dizer que não tenham ambições no Japão. Mateus Alves, técnico da seleção, fala em dois pódios, um em cada naipe. No feminino ele é mais taxativo em apontar Bia Ferreira como o grande nome. No masculino é mais prudente e fala em equilíbrio entre alguns nomes.

Hebert é um deles. E ele mesmo explica o motivo. “Depois do Mundial cresceram as expectativas porque o nível é o mesmo, serão os mesmos atletas. Estarão somente os melhores. Então se eu fui terceiro melhor do Mundial eu vou pensando, sim, o em uma medalha (em Tóquio)”, diz. “Logicamente vou trabalhar com os pés no chão, com muita humildade, para poder chegar lá”.

Antes, porém, tem de passar pelo classificatório, marcado para o final de março. “Primeiro o Pré-Olímpico, que é o início da Olimpíada. Já tem de classificar e manter, porque alguns meses depois já vêm as Olimpíadas”.

Adversários e como vencê-los

Dentre os melhores do mundo que ele cita, estão os que foram mais longe no Mundial da Rússia. “Tem o russo que eu perdi na semifinal. O cazaque foi bronze também. O filipino, vice-campeão, e o próprio italiano que eu ganhei, mas eu já havia perdido para ele uma vez”, elenca. Não só eles: “Tem o cubano que eu perdi a final no Pan, que é o atual campeão olímpico”, fala, referindo-se a Arlen Cardona.

Sem desmerecer o Pan e o Mundial, enxerga os dois torneios como fundamentais na preparação para o topo no Japão. “São competições chaves, mas elas me servem de preparação e me dão muita experiência para que eu não sinta tanto o peso de disputar o pré-olímpico e depois as Olimpíadas. Me deixa um pouco mais experiente, mais cascudo”, diz.

Hebert Concenição, no boxe do Pan de Lima

Encarando os melhores (Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br)

Dentre o que experimentou na passagem pelo Mundial da Rússia, destaca o estilo mais físico, menos “limpo”, do boxe praticado para além do nosso continente. “É difícil lutar contra esses caras, do leste europeu, da Ásia. Eles são muito duros, muito fortes. Há os muito bons, muito técnicos, mas na maioria são fortes. Eles empurram, clincham”.

Para vencer? “Eu treino muito a parte física, porque esse tipo de luta é muito desgastante, gasta muita força no clinche, para poder empurrar eles, para tentar manter distância. E tecnicamente treina jabs. E para isso requer muito preparo físico”, conta, Hebert Conceição, que teve as férias reduzidas para intensificar o treinamento visando o Pré-Olímpico, marcado para o final de março. “Só para passar os festejos de final de ano com a família. E só uma folga do treinamento em São Paulo, porque a gente vai ter de manter o treinamento em nossas cidades”.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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