“Uma mulher de garra, que não desiste fácil de seus objetivos, mas que também é brincalhona e presa pela família e amigos”. Essa é a definição de Beatriz Ferreira, que com apenas 24 anos de idade é a grande esperança do boxe brasileiro neste ciclo olímpico até Tóquio 2020. A atleta tem no currículo 14 lutas e 14 vitórias e venceu o torneio de Belgrado e o Campeonato Continental. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, a boxeadora comenta a sua trajetória, história, conquistas e futuro.
Bia, como é conhecida, nasceu em Salvador e tem o Boxe no sangue, seu pai, Raimundo Ferreira, foi tricampeão baiano e bicampeão brasileiro e fez com que a filha entrasse no esporte cedo. “Meu pai tinha uma academia e aos quatro anos me perguntou se eu queria aprender a lutar, me ensinou alguns golpes e desde então não parei mais”, comentou a atleta.
Por conta disso, a boxeadora não se vê fazendo outra coisa a não ser lutar boxe. “Está no meu sangue, o ringue é minha casa, o boxe é o que eu quero fazer, vivo o meu sonho, o que sempre tive como objetivo para minha vida, desde de pequena quero ser boxeadora, tenho muitos objetivos e sei que sou capaz de fazer história no boxe feminino”.
O caminho não foi fácil para chegar neste momento, a atleta teve que dividir o tempo entre os treinamentos com algumas aulas de boxe que dava para ajudar a família em casa. “Durante algum tempo dei algumas aulas de boxe e disputei campeonatos amadores, situação que me desanimou bastante e me fez pensar em parar”.
Mas no começo de 2016 Bia foi surpreendida com uma boa notícia, foi convidada pela Confederação Brasileira de Boxe, CBBoxe, para ajudar a medalhista olímpica Adriana Araújo para os Jogos do Rio de Janeiro. “Fiquei extremamente feliz, ainda mais em ajudar nos treinamentos da Adriana, que é medalhista olímpica e uma das minhas referências”, comentou a atleta.
Após o período de treinamentos a CBBoxe indicou Bia Ferreira como atleta revelação de alto rendimento, com possibilidades de medalha para as próximas olimpíadas, com isso ela e outros 20 atletas brasileiros de 16 modalidades puderam participar do Vivência Olímpica. ” Tive a oportunidade de interagir com treinadores olímpicos, atletas, ex-atletas e oficiais do COB por meio de palestras e visitas ainstalações olímpicas e do Time Brasil. Resumindo, foi um pacote completo de toda uma vivência envolvendo os Jogos Olímpicos, sob a perspectiva de vários profissionais que compõem a delegação brasileira”, comentou a atleta.
Nesta temporada a brasileira disputou as primeiras competições internacionais da vida, o Winner de Belgrado e o Campeonato Continental, vencendo as duas. A competição que mais a marcou foi a primeira, que além de ser sua estreia fora do país, venceu no torneio Anieta Rygieslska, quarta no raking mundial. ” Vencer a polonesa foi muito bom, principalmente pela maneira que foi, 5 a 0, unânime, sei que aquela medalha foi só o começo de tudo”. Como foi comprovado com o título de melhor do continente.
Quando falamos de Tóquio 2020, Bia é certeira “não vou só para participar, sei que tem tempo até lá, mas sei do meu potencial e vou me preparar para chegar longe, buscar o meu sonho que é a medalha olímpica”.