Está no sangue – e eles sabiam disso há muito tempo. A primeira luta foi em 2011. Dentro do ringue do Esperia Clube, na Capital paulista, estava Luís, com apenas 11 anos. Junto ao público, o patriarca da família Oliveira, seu avô Servílio, medalhista olímpico na mesma modalidade em 1968. O pequeno boxeador passou, ali, a seguir os passos do primeiro brasileiro a conseguir subir no pódio olímpico no esporte e buscar, também, por títulos na categoria. E aí, a inspiração foi uma via de mão dupla.
Quarto neto do representante verde e amarelo nos Jogos da Cidade do México, Luis levou a melhor no primeiro duelo. “Ele subiu consciente”, recorda o avô. “Você só deve botar o lutador pra lutar quando você vê que ele tem condições de se sair bem”.
Ainda na primeira luta, o neto se encantou com a adrenalina e decidiu que era aquilo que queria para a vida. Depois da sua estreia, a pressão por carregar o sobrenome e o DNA de um dos heróis da modalidade brasileira ainda seguiram Bolinha – como Luis foi carinhosamente apelidado pelo avô. “O neto do Servílio tem que fazer bonito”, pensava o jovem. “Eu subia no ringue acreditando que precisava ir bem porque todo mundo estava esperando isso”, destacou. Hoje, ele vê isso como um incentivo.
O boxe foi um caminho sem volta. “Já experimentei futebol, basquete, mas me apaixonei pelo esporte que minha família sempre esteve no meio”, recorda. “Meu pai sempre falava: ‘não quero que você faça porque eu gosto’. Mas esse é realmente o esporte que eu quero levar pra minha vida”.
E aí, acredita Servílio, entra o dom. “Para você se dar bem em algo, você precisa ter um certo talento para aquilo”, destaca o boxeador. Ele mesmo, ressalta, nasceu para isso. “Nasci com o dom para praticar. Tive a felicidade de ter um bom ensinamento, com bons treinadores, além de ter o Éder Jofre como inspiração, o maior boxeador desse País”, ressalta.
OLHANDO NO ESPELHO
Por admirar a forma como Servílio luta, Luis aprendeu com o que assistiu. Vê videos até hoje e tenta, por vezes, reproduzir os golpes do avô como forma de estudo. “Eu gosto bastante da agressividade dele e do gancho que jogava nos caras”, analisa. “Eu jogo mais pra fora, ele jogava mais pra dentro”, comparou.
“Cada lutador tem seu estilo”, concorda Servílio. “Eu lutava tecnicamente, fugindo do adversário. Depois, passei a encarar o rival. Já o Bolinha é técnico, ambidestro e quando tem que encarar, ele também encara. Ele tem um estilo muito bom”, ressalta o patriarca.
O avô, além de incentivar, aposta no neto. “Ele já demonstrou que tem potencial, futuro. Se não, eu seria o primeiro a falar ‘para, menino’. Mas o neguinho sabe das coisas”, ressalta Servílio. “O conselho, ele já sabe: treinar muito, ter foco. Estamos botando fé que, em 2020, pode pintar uma medalha de ouro”.