A Netflix lancou, nesta quarta-feira (17), os dois primeiros episódios de “O Retorno de Simone Biles”. A série documental mostra o caminho da ginasta em sua volta às grandes competições. Ela aborda os problemas que limitaram sua ginástica em Tóquio-2020 e como ela os superou para chegar mais saudável e feliz com a sua ginástica nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. A série está imperdível para quem gosta da modalidade ou para os fãs casuais que acompanham o esporte apenas nos Jogos Olímpicos.
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“Pane” em Tóquio
A série inicia mostrando o drama que Simone Biles passou durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, com os twisties (ou pane, como já vi alguns ginastas brasileiros chamarem a situação). É um problema ao mesmo tempo físico e psicológico que faz com que cérebro e corpo não se comuniquem direito por conta da exaustão. Assim, o atleta perde a noção dos seus movimentos corporais. Por isso, a pane pode ser extremamente grave, com o ginasta podendo cair de cabeça durante um movimento, causando lesões severas.
Os tiwsties ou pane podem afetar ginastas em vários momentos. Mas a situação foi acontecer com Simone Biles logo nos Jogos Olímpicos. O documentário mostra uma cena tocante onde Simone liga para a sua mãe, Nellie Biles, durante a final por equipes de Tóquio. “Se você não puder fazer está tudo bem querida, não quero que você vá lá se não estiver em um bom momento. Você não precisa se machucar”, afirmou Dona Nellie na ligação.
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“Ter esses bloqueios não é divertido. Dá medo; Estou me sentindo perdida no meio dos meus elementos e não entendo como. Eu estou tão preparada. Isso poderia acontecer em qualquer momento mas veio logo nas Olimpíadas. No ginásio nós chamamos isso de twisties. Deveria ser uma palavra proibida porque é horrível passar por isso” – Simone Biles
Uma cena da série mostra Simone Biles abrindo um armário na sua casa com vários itens dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ali estavam sua passagem de avião para o Japão, a máscara que usava por conta da Covid-19 e o collant daquela final por equipes que ela mal consegue tocar direito. “Essas coisas estão aqui porque eu nunca entro nesse quarto”, afirma a ginasta.
Mudanças na ginástica
Dentro do ambiente da ginástica, a série aborda dois pontos sobre mudanças no esporte. O primeiro é sobre os treinamentos intensos nos Estados Unidos, da época de Bela e Martha Karolyi, que ajudou a florescer uma cultura de abuso na ginástica artística estadunidense. Inclusive, um dos momentos mais marcantes da série é a parte onde falam sobre o caso do médico Larry Nassar, que abusou sexualmente de mais de 200 ginastas, incluindo Simone. “Quando tudo aquilo veio à tona eu me senti muito ingênua por ao longo de todos aqueles anos ter achado que aquilo era algo normal”, relatou a ginasta.
Outra mudança importante tratada na série é sobre o padrão estético da ginástica artística. Com relatos das ex-ginastas Dominique Dawes e Betty Okino, duas referências negras de Simone Biles, a série fala sobre a pressão estética que as ginastas sofrem no esporte. “Eles queriam ver um biotipo que eu não tinha. Então eu ser eu mesma já me fazia perder alguns pontos”, afirmou Dawes.
Mas ao longo do tempo, essas mudanças terminaram com o primeiro pódio 100% negro em um Campeonato Mundial no ano passado com Simone Biles, Rebeca Andrade e Shilese Jones. “Acho que muitas meninas negras precisavam ver aquele momento que antes eu só sonhava. Espero que isso inspire elas”, disse Biles.
Apoio dentro e fora do ginásio
A série também mostra os últimos anos de Simone Biles. No ginásio, ela aparece mais confiante, com o apoio das colegas que treinam com ela no dia a dia. Além disso, ela diz se sentir mais confortável para fazer acrobacias mais complexas, três anos após a pane que a atingiu durante os Jogos Olímpicos de Tóquio. Fora do ginásio, a série também mostra a rede de apoio de Simone Biles com sua família e amigos. Desde sua mãe arrumando o seu cabelo para as competições até o apoio do seu marido, o jogador de futebol americano Jonathan Owens, com cenas de Simone se divertindo em partidas do Green Bay Packers.