Aos 33 anos e após 16 temporadas no circuito internacional, Yu Mengyu decidiu “pendurar a raquete” – ao menos como atleta. O texto abaixo é da edição número 2 da ITTF Magazine:
O filme de Hollywood termina com lágrimas rolando pelo rosto, com o hino nacional tocando, seguido pela medalha de ouro mostrada orgulhosamente para os fotógrafos. Mas a vida real é bem diferente, como exemplificada pela atleta de Singapura Yu Mengyu – que anunciou sua aposentadoria em março deste ano. A dor de deixar a arena olímpica quando você perdeu nas rodadas iniciais pode não ser tão grande, pois há a satisfação de haver participado do maior evento esportivo do mundo. Mas ao dar adeus quando você perdeu em duas disputas pela medalha de bronze, você pode ficar pensando no que poderia ter sido. Isto é, as lembranças podem persistir por anos.
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De reserva à titular em Jogos Olímpicos
Como reserva em Pequim-2008 e em Londres-2012 do trio Feng Tianwei, Li Jia Wei e Wang Yuegu, foi com a aposentadoria das duas últimas que a oportunidade olímpica surgiu para os Jogos do Rio-2016. Yu Mengyu chegou às quartas-de-final no individual, antes do evento por equipes em que Singapura perdeu para o Japão na disputa do bronze. Já em Tóquio-2020, ela perdeu a disputa do bronze na chave de simples e depois compôs o time que chegou às quartas de final no evento por equipes.
“Do meu ponto de vista, não fui bem o suficiente”, refletiu Yu Mengyu. “Minha infância me inspirou a dar o meu melhor. Durante o ciclo de Tóquio-2020, o fato de ter superado várias lesões moldou minha força de vontade. Minha mentalidade calma e estável me ajudou a jogar bem.” No entanto, Yu Mengyu pode olhar para seus esforços com muito orgulho; isto é: só alguns poucos, aqueles que passam à categoria de lenda que têm melhores resultados. “Na disputa do bronze por equipes no Rio-2016, ganhei o primeiro jogo de simples contra Ai Fukuhara – que terminou em quarto lugar no individual”, comentou Yu Mengyu. “Em Tóquio-2020, foi uma grande pena eu não ter conquistado uma medalha, mas a vida não pode ser perfeita em tudo. Ou seja: a vida com um pouco de arrependimento é a vida real.”
Campeonato Mundial por Equipes de 2010
Foi tão perto, mas ela tem de fato uma medalha de ouro muito preciosa. Apesar de ter disputado apenas um jogo, em que venceu a americana Ariel Hsing na fase de grupos contra os Estados Unidos, ela fez parte do time de Singapura que ganhou o ouro Campeonato Mundial por Equipes de 2010, em Moscou. “Naquela época, a equipe de Singapura estava no seu período mais forte, estávamos confiantes na semifinal contra a Alemanha. Quando enfrentamos a China na final, ninguém acreditava que podíamos ganhar”, lembra Yu Mengyu. “Eu era a mais nova do time. Estava tão animada, todo ponto me tirava o fôlego.” Talvez o feito valha um filme de Hollywood? “Uma das minhas melhores lembranças é o momento em que subimos no pódio como campeãs depois da vitória”, continuou Yu Mengyu.
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“Ao voltarmos para Singapura, participamos uma grande cerimônia de comemoração; ver quão felizes estavam nossos fãs, nos deixou muito orgulhosas.” Igualmente, Yu Mengyu pode olhar para trás positivamente para as suas conquistas no Circuito Mundial da ITTF. Isto é: em 2009 ela ganhou o título de simples na Índia; e ao lado de Sun Beibei, teve sucesso nas duplas em 2007 em Nanjing e em 2011 em Rabat. “No Aberto da Índia em 2009, ganhar o individual foi um momento feliz e emocionante; em 2007, lutando contra grandes adversárias ao lado de Beibei, ganhei meu primeiro título de duplas em um grande evento”, lembra-se Mengyu.
Sucesso nas duplas
“Foi um sucesso baseado na nossa união; o sentimento é diferente de lutar sozinha no individual. Em 2011 nós vencemos novamente; nessa época, fiquei mais madura e estável emocionalmente.” Foram grandes atuações, mas não as mais valiosas para Yu Mengyu; superar uma cirurgia no ombro e conquistar um lugar no pódio estão no topo da lista. “Acho que o melhor momento foi nos Jogos Asiáticos em 2018; tive minha primeira cirurgia depois do Rio-2016”, ela explicou. “Levei cerca de 18 meses para me recuperar. Ou seja, depois desse longo período, ganhar o bronze no individual nos Jogos Asiáticos me devolveu a confiança.”