Siga o OTD

Blog da Lyanne Kosaka

Top 20 Liam Pitchford abre o jogo sobre saúde mental

Mesa-tenista inglês Liam Pitchford, top 20 do ranking, fala sobre o estigma da saúde mental e os desafios agravados na pandemia

Liam Pitchford
Liam Pitchford: mais preparado para enfrentar futuros reveses (Foto: WTT)

É raro vermos um atleta de alto nível falar sobre problemas relacionados à sua saúde mental. Afinal, na arena de jogo todos querem mostrar seus pontos fortes, e não suas eventuais vulnerabilidades. Assim, me chamou a atenção a postura do inglês Liam Pitchford. Semifinalista nas duplas no WTT Star Contender Budapeste ao lado de Paul Drinkhall e perto de competir nos Jogos da Commonwealth-2022 (de 28 de julho a 08 de agosto em Birmingham, Inglaterra), o mesa-tenista de 29 anos falou ao Independent sobre as dificuldades que enfrentou nos últimos tempos – e que foram agravadas na pandemia.

+ SIGA O OTD NO YOUTUBETWITTERINSTAGRAMTIK TOK E FACEBOOK

Para contextualizar, em março de 2020 Liam Pitchford venceu o então número 2 do mundo Xu Xin nas semifinais do Aberto do Catar. Mas duas semanas depois desta grande vitória, o mundo entrou em lockdown. E como sabemos, os Jogos de Tóquio-2020 foram adiados para o ano seguinte. A situação era assustadora para alguém que já lutara, anos antes, com a falta de motivação e de senso de propósito. Ainda que tivesse evoluído no ranking mundial.

Jogos de Tóquio-2020

Liam Pitchford descreveria os Jogos de Tóquio-2020, realizados pós-lockdown, como “os piores da carreira”, com a derrota em sua partida de estreia (na 3ª rodada) no individual e a não-classificação para o evento por equipes.

Prestes a participar dos Jogos da Commonwealth-2022, o mesa-tenista foi sincero sobre sua determinação de estar mais bem preparado para superar futuros reveses:

“Quando houve o lockdown eu não tinha nenhuma motivação e nada por que lutar,” Pitchford disse à agência de notícias PA. “Eu havia provavelmente negligenciado minha saúde mental por um tempo, mas eu senti a situação piorando e percebi que precisava buscar ajuda.”

“Conversei com os meus técnicos e comecei a ver um psicólogo esportivo novamente. Acho que estou voltando ao lugar onde quero estar. Na época eu não estava em grande forma, mas acho que estou em um lugar melhor agora e posso usar esta experiência como algo positivo daqui em diante.”

Os ingleses Liam Pitchford (esq.) e Paul Drinkhall foram semifinalistas nas duplas no WTT Star Contender Budapeste
Os ingleses Liam Pitchford (esq.) e Paul Drinkhall foram semifinalistas nas duplas no WTT Star Contender Budapeste (Foto: WTT)

2016, ano importante na carreira

Liam Pitchford identificou pela primeira vez a questão de saúde mental em 2016, ano marcante em sua carreira. Nesse ano, ele terminou entre os 32 nos Jogos do Rio-2016 e conquistou uma histórica medalha de bronze ao lado de Paul Drinkhall e Sam Walker no Campeonato Mundial por Equipes na Malásia.

E ele discorda da noção de que as questões de saúde mental experimentadas pelos atletas de elite sejam necessariamente relacionadas à realização – ou não – de suas aspirações esportivas.

“Eu estava jogando meu melhor tênis de mesa e me sentindo péssimo fora da mesa,” completou Liam Pitchford. “Você não vê isso no nível de elite esportivo porque não demonstramos, mas no fundo podemos estar sofrendo.”

Mudança de percepção

“Estou bem feliz que esta percepção tenha mudado. Não sou o maior nome para falar sobre saúde mental, mas para mim foi algo grande falar sobre isso naquela época. Agora que deixei tudo às claras, sinto que posso ir para a mesa sem grandes medos dentro de mim.”

“Acho que isso me moldou também como pessoa. Eu não era muito de pedir ajuda, mas depois de passar por essa situação, sinto que posso passar por qualquer coisa, seja perder jogos difíceis ou ter um dia ruim na mesa ou fora dela.”

Entre os favoritos nos Jogos da Commonwealth-2022

Atualmente na 20ª posição do ranking – só o nigeriano Quadri Aruna, em 15º lugar, está à sua frente nos Jogos da Commonwealth – Liam Pitchford também pode esperar um bom resultado nas duplas ao lado de Paul Drinkhall.

Mas o mesa-tenista apenas sorri com a possibilidade de ganhar várias medalhas em Birmingham. Pois sabe que se as coisas não forem como planejadas, ele estará em um lugar melhor para lidar com as repercussões e se recompor para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.

Mais em Blog da Lyanne Kosaka