Anos atrás, quando eu pensava nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, imaginava: a capital japonesa dará um show de inovação tecnológica. O próprio comitê organizador dos Jogos já anunciava uma edição histórica nesse quesito, com uso de robôs para orientar os visitantes e de reconhecimento facial para auxiliar na segurança do evento. Além de inovações focadas na sustentabilidade, como as medalhas produzidas com metais de celulares doados por cidadãos japoneses. Ou seja, tudo planejado para oferecer a melhor experiência possível aos participantes e ao público. Estava tudo combinado até a pandemia colocar tudo à prova.
Desde março de 2020, os Jogos de Tóquio foram adiados, questionados, criticados… o revezamento da tocha foi minimizado e o público, proibido de assistir às competições (com exceção de 3 províncias fora da capital japonesa). E os atletas terão que colocar no próprio pescoço as medalhas que conquistarem. Ou seja, a Covid-19 fez com que estes Jogos fossem redimensionados nos detalhes.
“Show must go on”
Mas como já cantava a banda Queen, “o show deve continuar”, e nesse caso, tendo de um lado a tremenda pressão sobre as contas do Japão, que investiu pesado para receber Tóquio-2020 – e de outra, a própria população, contrária à realização do evento. Estamos prestes a testemunhar uma edição olímpica completamente diferente, a ser disputada dentro de uma “bolha” e sem público.
Todos esses protocolos e restrições causaram grande pressão e desconforto emocional aos participantes. Posso imaginar! Uma das minhas maiores lembranças como atleta foi em Atlanta-1996, justamente por ter podido contar com a torcida da minha família, pais e irmã, nas arquibancadas. E entre as memórias olímpicas, estão ainda a convivência com representantes de outros países na Vila e o fato de ter assistido a outras modalidades, como a ginástica artística em Barcelona-1992. Ou seja, nada parecido será possível em Tóquio-2020.
O caminho até os Jogos era mais previsível
Até então, para se chegar aos Jogos Olímpicos era necessário, no caso do tênis de mesa: estar bem classificado no ranking mundial ou passar por um Pré-Olímpico. E claro, treinar muito para chegar bem preparado ao maior palco mundial do esporte. As regras eram claras e os adversários, conhecidos.
Desta vez, acho que os atletas de Tóquio-2020 superaram obstáculos ainda maiores. Pois nesse último ano e meio, tiveram que rever todo o seu período de preparação, treinar em casa, muitas vezes longe do técnico e dos companheiros. E o mais difícil, precisaram lidar com toda a incerteza em torno do evento. Ou seja, tiveram que desenvolver habilidades além daquelas celebradas pelo lema olímpico: “Citius, Altius, Fortius” (“mais rápido, mais alto, mais forte” em latim). Foram forçados a olhar para dentro e refletir o quanto queriam disputar esta edição olímpica, pois o “custo” de participar dela foi aumentando consideravelmente!
Enfim… os Jogos Olímpicos de Tóquio–2020 ainda nem começaram, mas para mim, mais que os Jogos da inovação, já são os Jogos da superação!