Ao assistir às finais do WTT Star Contender, duas imagens me chamaram a atenção. Na decisão feminina, vencida por Mima Ito (Japão) sobre Feng Tianwei (Singapura) por 4 sets a 1, a do técnico Taisuke Matsuzaki com o seu caderno nos intervalos. Isto é… a que tipo de anotações será que ele recorre nesses momentos-chave, quando uma orientação pode mudar o curso da partida?
Dezenas de cadernos sobre a campeã do WTT Star Contender
De acordo com o Day Day News, Taisuke Matsuzaki teria mais de 80 cadernos preenchidos sobre Mima Ito nos últimos 10 anos, assim como vídeos de 400 jogos! Matzuzaki é atento aos números e realista: quando Mima Ito assumiu a vice-liderança no ranking mundial pela primeira vez, em Abril de 2020, ele destacou que sua pupila tinha um retrospecto negativo contra as atletas da seleção chinesa. Por exemplo, a japonesa nunca vencera Chen Meng, líder do ranking mundial. Ou seja, ele confiava na evolução de Ito, mas que ainda havia uma distância entre ela e as chinesas. (Nota: Chen Meng e Ito se enfrentaram quatro vezes, a última delas na decisão do Aberto do Catar em 2020).
+ Um duelo de gerações na final feminina do WTT Star Contender
Outra abordagem na decisão masculina
Já final masculina do WTT Star Contender, vencida pelo japonês Tomokazu Harimoto (№ 5 do ranking) sobre o alemão Ruwen Filus (№ 42) por 4 sets a 2, entre as imagens que me chamaram a atenção: nos momentos de interação entre e o defensivo Filus e o técnico Jorg Rosskopf, ambos ficavam sentados. E ora o técnico ficava no banco, ora sentava-se à frente do atleta. Enfim, minha leitura foi que Rosskopf (prata nas duplas em Barcelona-1992 e bronze individual em Atlanta-1996) usava o tempo mais para apoiar o mesatenista defensivo e passar-lhe confiança, do que dados e/ou números. Até pela maior experiência de Filus, que aos 33 anos fez uma campanha impressionante até a decisão, eliminando Jun Mizutani (№ 18) nas oitavas, Lin Yun-Ju (№ 6) nas quartas e Darko Jorgic (№ 31) – este, algoz de Hugo Calderano – nas semifinais.
Ou seja, essas imagens do WTT Star Contender revelam dois estilos diferentes de abordagem. E existem muitos outros, a depender das experiências do técnico e do atleta, do tempo de convívio, do grau de confiança, do contexto da competição, do momento da partida. São muitas as variáveis! Já vi muitas parcerias vencedoras no circuito, cada uma com suas particularidades. O importante? Que a relação e os resultados sejam positivos para ambos lados!
Parabéns ao técnico Maurício Kobayashi, aniversariante da semana
(Arquivo pessoal)
Aproveito este post para saudar o técnico Maurício Kobayashi, que acaba de completar 74 anos e que personifica os estilos mostrados nas imagens do WTT Star Contender. Entre seus atletas mais conhecidos estão Cláudio Kano e Hugo Hoyama. Tive o Maurício como técnico em Campeonatos Sul-Americanos, Mundiais e na Olimpíada de Barcelona-1992, e sou-lhe muito grata pelos ensinamentos e pelo apoio. Mesmo depois de encerrada a minha carreira de mesatenista, recorri a ele um par de vezes – para trocar uma ideia, pedir conselhos. E ele sempre me recebeu com carinho e empatia, assim como recebe todos os mesatenistas que tem formado ao longo desses anos. Vida longa, Maurício! Obrigada por tudo!
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