Nesta semana, quem compartilha as lembranças olímpicas é a Carol Kumahara, que aos 25 anos já pode ser considerada uma “veterana” na seleção brasileira. A mesatenista fez 17 anos durante os Jogos de Londres-2012 e participou também dos Jogos do Rio-2016; em ambas as edições, disputou os eventos de simples e por equipes. Atleta da equipe de São Caetano do Sul, no final de 2020 Carol foi morar na Espanha para atuar pelo Tecnigen Linares, clube da Superdivisão espanhola. E pouco depois, foi convidada a defender também o clube Tennistavolo Norbello, da Serie A1 da Itália. Confira o bate-papo:
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Carol Kumahara, quais são suas lembranças olímpicas? A mais marcante foi a entrada no ginásio para o primeiro jogo no individual na Olimpíada do Rio-2016, pois o meu jogo seria a estreia de um(a) mesatenista do Brasil. Como meu jogo era bem cedo, achei que o ginásio estaria vazio. Mas quando entramos, o ginásio estava cheio e com muita gente gritando o meu nome! Ou seja, arrepiei demais e o coração disparou com um misto de emoções. E o privilégio de ter a minha família e a minha namorada Mariana ali foi algo muito especial e marcante também, já que eles sempre foram muito presentes e me apoiaram. Também marcou o fato da cerimônia de abertura de Londres-2012 ter sido bem no dia do meu aniversário, e de eu ser uma das atletas mais jovens daquela edição de Jogos Olímpicos.
Rio-2016, especial em vários aspectos
Como você compara as duas edições de Jogos Olímpicos de que participou? Em Londres-2012 eu ainda não tinha muita noção de onde eu estava, completei 17 anos lá, então tudo estava acontecendo muito rápido. Já no Rio-2016, de certa forma era uma missão sendo cumprida, um objeto grande alcançado e vivendo um privilégio para poucos, que é de competir em uma Olimpíada em casa. E competir no Brasil é algo que não se compara também, pois o calor do torcedor brasileiro é algo fora do comum, ainda mais com os próprios brasileiros. E como já disse, não tenho palavras para descrever como foi ter umas das pessoas mais importantes da minha vida ali comigo, vibrando a cada ponto.
No(s) ciclo(s) olímpico(s) de que participou, como era sua estrutura de treinamento/preparação? Até 2016 sempre tive uma rotina de treinamento bem pesada. E em função dos Jogos Olímpicos no Rio-2016, eu viajava muito, disputava muitos torneios internacionais e treinava em clubes no exterior. E quando estava no Brasil, treinava dois períodos na mesa, além de preparo físico e muito treino de saque. Já entre 2017 e 2019, de forma resumida, “perdi” a motivação e quase parei de jogar tênis de mesa. Assim, nessa época estava treinando bem menos. Desses ciclos olímpicos, foram quase todos os anos vestindo a camisa de São Caetano do Sul, só em 2019 competi por São José dos Campos.
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Técnicos e parceiros de treino
Tive muitos parceiros de treino e cada um foi importante à sua maneira. Já de técnicos de tênis de mesa, os que mais trabalharam comigo foram: Monica Doti (primeira treinadora e responsável por toda a minha base), Francisco Arado (Paco), Eric Mancini, Nelson Kazuaki Kusuoka, Hideo Yamamoto, Lincon Yasuda e Jean-René Mounie. E vale citar também o técnico Guilherme Spinelli, de São José dos Campos; joguei por lá apenas um ano, mas gostei muito da energia do time e de como o Spinelli me instruía. Atualmente, meus treinadores mais próximos são o Eric e o Paco.
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Apesar de jovem, você é uma “veterana” na seleção. Que conselhos daria hoje para a Carol Kumahara de anos atrás, em início de carreira? O meu conselho vai parecer um pouco peculiar, mas seria para começar o quanto antes uma terapia e um acompanhamento com psicólogo esportivo. Tenho certeza de que isso teria mudado muita coisa na minha vida.
E como tem sido a sua adaptação na Espanha, como é o seu dia a dia? As pessoas foram muito receptivas e a cidade é muito pequena. Ou seja, gostei bastante deste ambiente mais tranquilo, onde você pode fazer praticamente tudo a pé. Mas o meu dia a dia não tem nada de “especial”: é basicamente treinar tênis de mesa, fazer preparo físico e cozinhar!