Quem nos conta suas lembranças olímpicas nesta semana é a Mariany Nonaka, que tem duas Olimpíadas no currículo: Atenas-2004 (nas duplas, com Ligia Silva), e Pequim-2008. Na capital chinesa, ela disputou o evento individual e foi a única representante do Brasil no tênis de mesa feminino.
Por sermos de gerações diferentes, não nos enfrentamos em competições oficiais – mas treinamos juntas algumas vezes. Lembro ainda que a Mariany treinava com muito foco e intensidade! Curiosamente, nosso contato mais recente tinha ocorrido no final de 2020, por conta da criação da Associação dos Atletas Olímpicos do Brasil. Pois ela, como advogada no COB (Comitê Olímpico do Brasil), estava envolvida na coordenação. Um tempo depois lhe enviei as seguintes perguntas:
Atenas-2004 e Pequim-2008
Mariany Nonaka, quais são as suas lembranças olímpicas mais marcantes? Em Atenas-2004, foi presenciar tantos atletas que admiro chorando na cerimônia de abertura e cantando “Pescador de ilusões” do Rappa, cujo refrão é: “Valeu a pena ê, ê!” E também, numa noite, trocar ideias com Bernardinho, Gustavo Borges e Flávio Canto no refeitório. Já em Pequim-2008 foi marcante tomar café da manhã ao lado do Michael Phelps e ver uma mesatenista, isto é, a Zhang Yining, realizar o juramento do atleta na cerimônia de abertura.
+ SIGA O OTD NO FACEBOOK, INSTAGRAM, TWITTER E YOUTUBE
A preparação para disputar uma Olimpíada
No(s) ciclo(s) olímpico(s) de que participou, como era sua estrutura de treinamento?
No ciclo de Atenas eu treinava na cidade de Piracicaba e jogava por lá. Meu técnico à época era o Marles Martins e eu treinava com as meninas e meninos que faziam parte do projeto olímpico em Piracicaba. No ciclo de Pequim, eu treinava e jogava na Ilha da Madeira, em Portugal. Assim, meu técnico era o português Helder Neves e eu treinava com a seleção portuguesa feminina e muitas chinesas que jogavam lá. O técnico da seleção brasileira da época era o Lincon Yasuda.
+ As memórias olímpicas de Monica Doti em Barcelona-1992 e Atlanta-1996
Reflexões sobre a carreira e o esporte
Olhando de Seul-1988 (quando o TM estreou nos Jogos) até o Rio-2016, de qual edição você gostaria de ter participado?
Gostei muito das edições de que participei. Em Atenas, por ser o berço dos Jogos Olímpicos; e em Pequim por ser um lugar onde o tênis de mesa é popular. Mas se pudesse escolher outra edição, acredito que escolheria a do Rio-2016 por ter sido no Brasil. Pois participar de um evento tão significativo no seu próprio país, vendo sua família e amigos na arquibancada deve ser algo único.
Quem são seus heróis olímpicos no tênis de mesa?
Quando comecei a jogar gostava muito de assistir aos jogos da Lyanne Kosaka (rs), por gostar de seu estilo de jogo e pela postura que tinha dentro e fora da mesa. Além dela, também assistia aos jogos do Jan-Ove Waldner, um jogador sueco que fazia coisas absurdas na mesa, tinha muita criatividade e talento. Não sei se vi algum jogador com o nível dele no tênis de mesa desde então; era algo que não dava para ser treinado, era dele.
Defina em poucas palavras a experiência de disputar uma Olimpíada…
Inigualável. Acredito que poucas coisas na vida conseguem provocar dentro de um atleta o que a Olimpíada provoca/provocou.
A que você credita sua carreira tão vitoriosa no tênis de mesa? Tive muitas pessoas que incentivaram e acreditaram em mim, além de, claro, eu mesma ter batalhado e lutado para isso. Ou seja, foi um conjunto de coisas: minha família que sempre me apoiou e fez de tudo para eu conseguir, técnicos que acreditaram em mim e investiram no meu potencial e eu mesma que lutei, paguei o preço e acreditei desde muito cedo.
Time Brasil na capital japonesa
Quais suas expectativas para o time brasileiro de tênis de mesa em Tóquio-2020?
O time brasileiro atual está muito bem representado tanto no masculino quanto no feminino, mas acredito que o jogador com mais chances de conquistar algo expressivo, talvez até uma medalha, seja o Hugo Calderano. No entanto, as meninas podem surpreender com algum resultado inédito.