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Blog da Lyanne Kosaka

Sueco é o único não asiático campeão olímpico da história

Jan-Ove Waldner, o “Mozart do tênis de mesa” e o seu ouro olímpico em Barcelona-1992. Até hoje, o único não-asiático a ocupar o topo do pódio

Na Olimpíada de Barcelona-1992, o sueco Jan-Ove Waldner tornou-se o primeiro (e até hoje, único) não-asiático a conquistar o ouro no tênis de mesa. Então com 26 anos, a estrela de Waldner brilhou na capital da Catalunha, encantando todos os presentes na Estació del Nord e mais especificamente, a família real de seu país.

Além da medalha dourada conquistada por Waldner em solo espanhol, somente outras três não ficaram com os chineses na história olímpica da modalidade:

Atenas-2004: Ryu Seung-min (Coreia do Sul), no individual masculino

Seul-1988: Yang Young-ja/ Hyun Jung-hwa (Coreia do Sul), na dupla feminina

Seul-1988: Yoo Nan-kyu (Coreia do Sul), no individual masculino

Colocando de outra maneira, das 32 medalhas de ouro distribuídas desde Seul-1988, quando o tênis de mesa estreou no programa olímpico, 28 foram para os chineses! Um aproveitamento de 87,5 %! Mas neste texto vou me ater à façanha de Waldner em Barcelona-1992.

+ Disputar uma Olimpíada: um sonho que começou em Seul-1988

Só faltava o ouro olímpico na coleção do “Mozart” do tênis de mesa… e ela veio em Barcelona-1992

Quando Waldner chegou na Espanha, ele já era celebrado como um dos grandes do esporte. Conquistara o título mundial individual em 1989 e os “vices” mundiais em 1987 e 1991. Fizera parte também da vencedora equipe da Suécia nos Mundiais de 1989 e 1991; só lhe faltava o ouro olímpico.

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O sueco era respeitado não só por seus inúmeros títulos no tênis de mesa, mas também pelo modo que jogava; sabia, como poucos, entreter o público – jogando longe da mesa e levantando bolas para o adversário. Ganhava partidas dando espetáculo, como um artista. Assim como também era comum vê-lo sair de situações difíceis e virar o jogo, dado o seu grande repertório técnico. Uma de suas armas era o saque e J-O sabia fazer ótimo uso dele. “Perdi as contas” das vezes que o vi fazer 5 pontos seguidos no final de um jogo (na época em que os sets eram até 21 pontos, com 5 serviços alternados). Outro ponto admirável: ele sabia jogar contra qualquer estilo, o que “tirava o sono” dos técnicos chineses, sempre prontos a formar um mesatenista “clone” dos principais adversários para servir de sparring aos seus atletas.

Adversário de Waldner na final olímpica em 1992, Gatien seria campeão mundial no ano seguinte

Na campanha do ouro no tênis de mesa em Barcelona-1992, por exemplo, Waldner superou na chave principal: o inglês Carl Prean (destro/clássico com pino alto), o alemão Jorg Rosskopf (canhoto/atacante), o sul-coreano Kim Taek-soo (destro/caneteiro) e na final, o francês Jean-Phlippe Gatien (canhoto/atacante). Dono de estilo veloz e agressivo, Gatien não demoraria muito para ganhar um grande título: ele venceria o Mundial no ano seguinte, em 1993, justamente na Suécia, terra de seu algoz na final olímpica.

Mesatenista francês Jean-Philippe Gatien, prata em Barcelona-1992. E campeão mundial em 1993.
Jean-Philippe Gatien, prata em Barcelona-1992 e campeão mundial em 1993 (Insep)

Um gênio do esporte, Waldner teve torcida da família real sueca em Barcelona-1992

Mas na capital da Catalunha brilhou a estrela do mesatenista sueco, que na decisão mostrou o seu melhor diante de Carlos XVI Gustavo e Silvia, o rei e a rainha de seu país. Waldner chegaria novamente a uma final olímpica em Sydney-2000, ao vencer Liu Guoliang (CHN) na semi e parar somente diante de Kong Linghui (CHN). E por pouco J-O não ganha mais uma medalha em Atenas-2004 aos 38 anos; em sua última participação em Jogos Olímpicos, ele perdeu para Wang Liqin (CHN) na disputa do bronze.

O rei da Suécia (à esquerda) aplaude Waldner, o campeão olímpico no tênis de mesa em Barcelona-1992
J-O Waldner é aplaudido pelo rei Carlos XVI Gustavo da Suécia, à esq. (jo-waldner.com)

“Popstar” na terra dos seus grandes adversários

Curiosidade: Waldner era tão famoso na China por ter vencido atletas de várias gerações do país que em 2006, ao se aposentar da seleção sueca, abriu na capital chinesa o restaurante W Bar. O lugar logo virou ponto de encontro dos escandinavos e dos aficionados por tênis de mesa. Tive a chance de conhecer o W Bar durante os Jogos de Pequim-2008. Mas isso fica para um próximo texto!

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