Nascido nos EUA, mas com pais brasileiros, Scott Machado volta a defender a seleção do Brasil depois de cinco anos nos jogos pela classificatória para o Mundial de 2019
Ele nasceu no Queens, em Nova York, visitou poucas vezes o Brasil, tem nome de americano, mas não esconde suas raízes graças ao sobrenome herdado da mãe Solenir. Talvez esse seja o principal laço que nunca tenha deixado Michael Scott Machado desistir de jogar pela Seleção Brasileira masculina de basquete.
Convocado pelo técnico Aleksandar Petrovic para os jogos contra a Venezuela, dia 29 de junho, em Caracas, e Colômbia, dia 2 de julho, em Medellin, válidos pela terceira janela da classificatória das Américas para a Copa do Mundo da China, no ano que vem, o armador de 28 anos diz que sempre sonhou em defender o país de seus pais e garante que seu grande objetivo são os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.
– Nunca morei aqui, meus pais foram para os EUA muito cedo. Minha mãe tinha 19 e meu pai 24 anos, meus irmãos mais velhos nasceram no Brasil e os mais novos, como eu, nos Estados Unidos. Cresci num lar brasileiro, com uma cultura brasileira, comida brasileira e frequento uma igreja brasileira. Meu português é mais ou menos (risos), mas sempre me senti brasileiro. Sempre quis defender o Brasil e nunca pensei em jogar pelos Estados Unidos, até porque a concorrência seria muito maior. Minha vontade de jogar pelo Brasil é porque tudo começou aqui e o DNA da minha família é brasileiro – afirmou Scott Machado.
A vontade do armador, formado em 2012 pela Universidade de Iona, draftado no mesmo ano pelo Houston Rockets e com passagens pelo Golden State Warriors, em defender o Brasil era tanta que ele teve de recusar um pedido da diretoria dos Lakers para participar da Summer League (Liga de Verão da NBA) para disputar os jogos contra Venezuela e Colômbia.
Mas essa não foi a primeira oportunidade que Scott teve de vestir a camisa do Brasil. Em julho de 2013, o armador ganhou uma chance do então técnico da Seleção, Rubén Magnano, e foi convocado para um período de treinamentos, visando a Copa América de Caracas, na Venezuela.
As coisas não deram certo e o sonho de Scott acabou adiado. O armador lembra que até teve a oportunidade de participar de um amistoso em solo brasileiro, mas, sincero, reconhece que não foi bem e não estava preparado para fazer parte da Seleção que, um ano depois, chegaria às quartas de final da Copa do Mundo da Espanha.
– Na primeira vez que fui convocado ainda não era um jogador completo. Eu entrava e só passava a bola, não procurava a cesta e não metia as bolas. Hoje me vejo diferente. Cresci, amadureci e sou um jogador mais inteligente. Acho que não deu daquela vez porque realmente não joguei muito bem. Agora estou pronto. Nervoso não, mas ansioso para estrear pela Seleção – reconheceu o simpático armador, que vestiu a camisa 8 do South Bay Lakers na última temporada da G-League da NBA.
E não é só a sua sinceridade que impressiona. As médias de 31,4 minutos, 15,9 pontos, 8,7 assistências e 3,8 rebotes nos 46 jogos em que esteve em quadra defendendo o representante do Los Angeles Lakers na liga de desenvolvimento da NBA, chamaram a atenção de Aleksandar Petrovic.
Mas pelo visto não foi só o treinador da Seleção Brasileira que aprovou o desempenho e os números de Scott Machado na última temporada. Com as transferências do NBB fervilhando, após o término da décima edição da competição, o nome do brasileiro nascido no Queens tem sido ventilado por todos os cantos.
Tímido e na dele, o ainda jogador do South Bay Lakers se sente lisonjeado com o suposto interesse, mas afirma que não foi procurado por nenhum clube brasileiro até o momento.
– As pessoas têm me falado que alguns clubes me querem, mas até o momento nem eu nem meu agente fomos procurados. Agora eu não sei se aceitaria jogar no Brasil porque minha vontade é voltar para a NBA, mas com certeza um dia eu vou jogar no basquete brasileiro – garantiu o torcedor do Internacional de Porto Alegre.