Atual técnico do segundo melhor time das Américas, Jorge Guerra, o Guerrinha, é um dos grandes nomes do basquete nacional. Com mais de 40 anos dedicados ao esporte, o treinador conversou com o Olimpíada Todo Dia e falou do seu atual momento e fez um balanço de sua carreira
Guerrinha tem uma vida dentro do basquete recheada de títulos sendo foi medalha de ouro em 1987 no Pan-Americano de Indianápolis e prata em Caracas 1983 como jogador da Seleção Brasileira. Como treinador, foi campeão Brasileiro de 2002, tricampeão Estadual em 2013, 2014 e 2016, conquistou o bicampeonato da Liga Sul-Americana, em 2014 e 2016, e da Liga das Américas em 2015, por Bauru e Mogi das Cruzes.
Armador na sua época de jogador, Guerrinha vê muitas diferenças no período que atuava armando os times que jogava de dentro da quadra para a sua responsabilidade como técnico. A pressão de cada jogo, para treinador, saiu da parte física e se concentrou somente na parte mental, sem deixar de perder a sua importância para as equipes.
“Mudei muito, algumas coisas eu mantenho como a minha intensidade, nunca desistir de nada, mas hoje eu sei que o time precisa de mim na parte mental. Quando eu jogava, precisava me preparar fisicamente e mentalmente, tinha que descansar o dia todo para a partida, o que me deixava muito ansioso. Hoje posso focar só em manter a cabeça no jogo”, disse Guerrinha
Por isso, mesmo com a vitória no primeiro jogo da semifinal contra o time do Flamengo, por 79 a 62, Guerrinha se preocupa muito com o ponto mais forte dos cariocas, que também é o mais frágil da equipe do Mogi das Cruzes, a posição cinco e as jogadas dentro do garrafão.
“Nós não temos pivô, na posição cinco. Imagina o Flamengo, sem o JP Batista e o Varejão, que são muito importantes para eles. Sem os dois eles, ficam sem tantos recursos. Hoje, o Caio Torres, mesmo com toda a reprogramação que ele fez, e o Wesley, que não conseguiu dar o passo na direção que precisava, nos deixa abaixo nessa posição”, comentou o técnico.
A vida dedicada ao Basquete
São mais de 40 anos vividos dentro das quadras, como jogador e técnico. Para Guerrinha, tirando a sua família, a modalidade o fez ser quem é hoje. “O Basquete é tudo pra mim, tudo que eu tenho e sou hoje eu devo a esse esporte, me deu educação, valores, tudo. Me tornar o que eu me tornei foi a minha maior conquista. Conseguir transformar o meu sonho em realidade, dentro de toda a minha limitação. Por isso, eu penso que alcancei o meu máximo”, falou Guerrinha
Guerrinha vive um dia de cada vez, aproveitando o momento. Como jogador decidiu se aposentar aos 38 anos de idade pois, segundo o mesmo, foi o momento em que parou de jogar pelo que fazia, pelo que apresentava em quadra, e passou a jogar pelo que já tinha feito. Nesse momento decidiu parar de jogar e direcionou a carreira para se tornar técnico. Aos 58 anos de idade, o treinador não sabe quando vai parar, prefere ir olhando um dia de cada vez e seguir aproveitando o ciclo.
“Eu não penso em aposentadoria, mas sei que tudo tem um ciclo. Eu me sinto em um momento muito produtivo, me sinto amadurecido, com recursos para a função, conseguindo pensar e ver as coisas de uma maneira mais clara. Eu vivo o momento”, disse o técnico do Mogi das Cruzes.
Por não saber quando irá parar, Guerrinha não faz questão de ter aqueles momentos de despedida, com jogos comemorativos e com o anúncio de sua última temporada na função. Mesmo assim não se vê longe do basquete quando isso acontecer, seja em outras funções dentro de clubes, ou até mesmo movimentando e fomentando a modalidade na parte social pelo Brasil.
“Pode ser que acabe esse ciclo de treinador e eu faça uma nova função, como supervisor, diretor, talvez treinar uma equipe na liga de desenvolvimento, não sei. Tenho uma vontade grande de estar no lado social, seja aqui em Mogi das Cruzes, no Ceará, nas cidades pelo interior, não sei ainda, mas quero tentar ajudar nesse lado retribuindo o que eu ganhei”, finalizou Guerrinha