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Basquete

José Neto fala suas expectativas para a disputa da AmeriCupW

O Brasil disputará a competição continental entre os dias 1 e 9 de julho, no México

Treinador José Neto em ação no comando da seleção brasileira feminina (Divulgação/CBB)
(Divulgação/CBB)

Em preparação para a AmeriCupW em León, no México, entre 1 e 9 de julho, a Seleção Brasileira feminina realizou coletiva de imprensa nesta terça-feira (20), em Araraquara, no interior de São Paulo. Estiveram presentes a diretora de basquete feminino Roseli Gustavo, o técnico José Neto, a ala-armadora Isa Ramona e a armadora Débora Costa. Entre outros assuntos, as atletas falaram sobre a expectativa para a AmeriCupW, o começo da caminhada para Paris 2024.
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Sobre a competição

Primeiramente, as cubanas serão as rivais do Brasil na abertura da AmeriCupW, pelo grupo A. Logo depois, a seleção brasileira pega a Venezuela no dia 2, a Argentina no dia 3 e os Estados Unidos no dia 4 de julho, fechando a primeira fase do torneio. Nas duas últimas edições, as brasileiras subiram ao pódio com o terceiro lugar. As duas primeiras colocadas garantem vaga direto no Pré-Olímpico Mundial. Terceiro, quarto, quinto e sexto vão para o Pré-Olímpico das Américas, onde brigam pela classificação para o Pré-Olímpico Mundial.

Além da chave do Brasil, o torneio tem no grupo B: Canadá, República Dominicana, Colômbia, México e Porto Rico. Assim, pelo formato de disputa, as 10 equipes jogam dentro dos seus grupos. As quatro melhores avançam para as quartas de final (1A contra 4B, 2A contra 3B, 3A contra 2B e 4A contra 1B), seguido de semifinais e da grande decisão.

Dessa forma, o calendário terá a primeira rodada no dia 1 de julho. A primeira fase termina no dia 5. As equipes terão folga no dia 6 de julho. Por fim, as quartas de final serão no dia 7, com as semifinais acontecendo no dia 8 e a decisão no dia 9. Confira abaixo algumas respostas do técnico da seleção brasileira de basquete feminino, José Neto.

Chegada de jogadoras e retornos

“Eu as vezes sou meio duro com elas, corto a jogadora que não está no nível naquele momento, mas se ela conseguir se renovar, ter força, renascer, ela estará aqui de novo. Não é o melhor para mim, é o melhor para a Seleção. Um trabalho de todos, da comissão técnica. Delas. Eu assumo a responsabilidade, mas o êxito é delas, que colocam tudo em prática”

Tarefa do técnico

“Quando eu entrei, não era tão difícil. Difícil era ter 12 que você falasse: ‘Essas podem dar alguma coisa’. Você vai conhecendo melhor o meio, elas foram potencializando isso. Hoje, para convocar, não sei se todos sabem, tem um limite de jogadoras. Eu não posso convocar 50, 30. Começamos com 18, sendo que duas ainda não chegaram, a Damiris, do México, onde o campeonato não para”.

“Muitas vezes as pessoas reclamam, mas lá não para. E a Damiris está lá jogando pela equipe dela. A gente tem que respeitar isso. Tem o regulamento da FIBA, que faz com que possamos ter a jogadora, antes, mas entramos num acordo. E a Kamilla, que está nos EUA, a serviço da Universidade, é grande jogadora, e aposta. E a Stephanie, que quem não sabe, está lesionada, rompimento de cruzado, recuperação, eu não poderia convocar. Foi draftada, mas nem está no time dela na WNBA. Está se recuperando. Temos um número de jogadoras e ver qual é a funcionabilidade disso. Tempo de treino, nível da competição que vamos jogar. Tudo isso. Uma certeza é que não vou agradar todos. Escolher 12, agora, é muito, muito difícil”

Sobre a AmeriCupW de 2023

“Campeonato duro, difícil, não temos muita margem para manobra. Não tem jogo fácil. Vamos buscar fazer o nosso melhor. Temos Cuba, que vem crescendo muito no cenário novamente, a Argentina, que fizemos jogo duríssimo no Sul-Americano do ano passado. O nível mundial do basquete feminino está cada vez mais aumentando”.

Atmosfera no México

“Estou desde 2004 na Seleção Brasileira, masculina, feminina agora. É impressionante, nas três últimas que estivemos, a cada ano, vemos a qualidade de entrega do campeonato, que eles colocam, aumentando. A FIBA Américas trabalhando demais em todos os aspectos para deixar a melhor condição possível, para que possamos nos preocupar em deixar só o melhor basquete em quadra. Expectativa alta. Já recebemos informações. Vimos agora, no Sub-16 masculina e feminina, a organização. Acompanho a liga mexicana, vejo os jogos, estrutura, muito boa, não tenho dúvida que pelo histórico, essa competição será de altíssimo nível e forte”

Diferenças entre o masculino e o feminino

“A primeira coisa é, se temos êxito aqui, é que nunca trabalhamos com diferença. Se olhar o meu time aqui, e o torneio que jogamos na África, gerido pela NBA, onde fui coach of the year e fui para a Summer League no Brooklyn Nets, é a mesma coisa. Se eu não falar para você, não vai saber que sou técnico de basquete feminino. Sou técnico de basquete. Não jogamos diferente. A briga é pela igualdade”.

“O aspecto físico, que diferenciava muito, é cada vez menor. Respeitamos a diferença, mas não fazemos a diferença. Claro, você precisa saber lidar com alguma situações. Não vou pedir uma ponte aérea, por enquanto, mas são coisas muito pequenas que vamos falar que é muito diferente do masculino para o feminino. Diferente é o trato. Com os caras lá, falo algo que não posso falar aqui, não por que são mulheres, mas por que não é adequado. É uma adaptação, não uma diferença”

Pressão pelo resultado

“Pressão para mim, eu sempre falo sobre performance, alto nível. No Flamengo, foram vários anos, títulos, ganhamos tudo praticamente, de maneira seguida. E sabia que quando não ganhasse, iria embora. Aqui, foi a mesma coisa. Quando vim para cá, a expectativa é que poderíamos buscar a história, conquistar o título Pan-Americano, os dois bronzes da AmeriCup, e sabia que correria o risco quando não nos classificássemos, como foi em Tóquio. Mesmo sabendo que o meu acerto nunca foi falar sobre Tóquio. Fomos ousados. Foi por pouco. Mas foi por um detalhe. Então, assim, quanto a isso, nos meus últimos anos, sempre fui um profissional com a expectativa desse tipo de rendimento. Não existe pressão maior do que a dentro de mim por quem confiou no meu trabalho, da nossas comissão técnica e jogadoras. Não existe essa pressão”

Sobre a diretora Roseli Gustavo

“Pessoalmente, conheço há pouco tempo, mas quem acompanha o basquete feminino, sei o trabalho que ela faz. É sempre um aprendizado para todos nós. Acrescenta ter alguém com essa bagagem, que já conquistou tanto. Soma muito, principalmente aqui, quando ela tem o domínio de todas as coisas, a gestão. Vai somar para que possamos conquistar essa expectativa”

Olimpíadas

“Já estive em duas, em 2012 e 2016, com a masculina. Quero estar com a feminina. Elas merecem. A história que a Roseli participou, não pode ficar assim só. São quatro países no mundo que conquistaram o que elas tiveram. Uma é a URSS, que não existe mais, a Austrália, os Estados Unidos, e o Brasil. Não podemos deixar que essa história seja inspiradora para nós. Como já foram Paula, Adriana, que estiveram conosco aqui. A Hortência, que esteve antes”

*Com informações na Confederação Brasileira de Basquete

Jornalista capixaba formado na PUC-SP e amante dos esportes olímpicos e paralímpicos.

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