O basquete brasileiro busca renascer. Depois de momentos bons, entre o fim da década dos anos 80 e o meio dos anos 2000, o país busca voltar a figurar entre os melhores do mundo. Neste contexto, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) sofre com a questão financeira, luta para tentar melhorar o presente e busca se planejar para um futuro próximo.
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“Temos cerca de 20 milhões de dívida ainda. Apesar da melhora financeira em alguns aspectos nos últimos anos, a CBB tem problemas. As dívidas e outras questões, como a falta da certidão negativa de débitos, nos faz ter dificuldade de conseguir os patrocínios. Sem eles, falta dinheiro e investimento nas seleções, como um todo, e os resultados ficam prejudicados. Mas estamos lutando, melhorando pouco a pouco, buscando fazer o melhor com o que temos”, comentou a vice-presidente Magic Paula.
“A maior parte dos patrocínios que temos é em parceria. A Nike nos oferece os uniformes, de treinos e jogos, das seleções. A Unicesumar nos dá um crédito estudantil nas universidades para os funcionários, jogadores e técnicos. A Spalding nos fornece as bolas para as competições. A única que nós temos um retorno financeiro é a Motorola e esse dinheiro é usado para o pagamento do quadro fixo de funcionários e os integrantes das seleções, que recebem no regime de diária quando estão com as equipes”, completou a ex-jogadora.
Reflexos em quadra
No comando da equipe feminina desde 2019, José Neto faz parte da construção desse bom momento da seleção brasileira feminina nos últimos anos. Desde a chegada do treinador, o Brasil conquistou o título dos Jogos Pan-Americanos de Lima, voltou a figurar entre as três melhores seleções do continente e, mais recentemente, foi bronze na Americup.
Os resultados recentes do feminino são um pequeno “respiro” para a CBB também fora da quadra. Isso acontece porque a maior quantidade de dinheiro que a confederação tem para se organizar vem do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e ela é repassada de acordo com os resultados da modalidade no últimos anos. A conquista do ouro em Lima-2019 foi essencial para que o valor recebido melhorasse.
“A gente sabe que tem muito para melhorar, mas fazemos o melhor que podemos com o que temos hoje. Os resultados estão aí, o ouro em Lima, o bronze na Americup agora. Tudo é fruto de um trabalho que não é o melhor, mas é o que a gente pode fazer de melhor com o que temos. Queremos mais e vamos trabalhar muito para conseguir mais, mas para isso precisamos corrigir alguns erros e planejar o futuro”.
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Se preparando para a disputa do Pré-Mundial, em fevereiro de 2022, o treinador da seleção brasileira feminina sabe que o momento é melhor que em um passado recente, mas ele ainda não está satisfeito. “Estamos fazendo o melhor com o que temos, sempre buscando dar a melhor estrutura que a CBB pode para as jogadoras. Além disso, a LBF vem se fortalecendo, com os times cada vez mais próximos e dispostos a ajudar a CBB e a seleção. O Brasileiro de clubes feminino foi criado e vimos esse ano jovens conseguindo jogar mais. Tudo isso vai fazer a seleção melhorar também”.
A relação com a base
A última imagem da base não é nada animadora. Nas competições deste ano, que voltaram a acontecer depois da pandemia, o Brasil não conseguiu bons resultados. No Mundial Sub-19 feminino, a seleção terminou na última colocação entre os 16 participantes. Já na Americup sub-16, as brasileiras terminaram na sexta colocação e ficaram fora do Mundial da categoria.
“Temos um problema na base. Ainda falta mais comunicação e entendimento entre nós da CBB e as federações quando falamos de base. Para as competições deste ano, por conta da pandemia e de outras questões, acabamos sofrendo mais, mas precisamos e buscaremos corrigir isso”, comentou Adriana, gerente do basquete feminino na entidade.
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“O Sub-16 não conseguiu ir para o Mundial e o Sub-19 teve um resultado ruim, mas e agora? Não podemos e não queremos virar as costas para essas meninas. Ao meu ver, na minha opinião como treinador, nós colhemos agora o que foi plantado mais para trás. A minha preocupação é o que vamos plantar agora para colher mais para frente. Não posso planejar o ciclo de Los Angeles-2028 só quando acabar o ciclo de 2024, tem que começar agora”, comentou José Neto.
Para tentar mudar o panorama atual, a CBB busca montar uma espécie de seleção permanente para a base. De acordo com Paula e Adriana, a ideia é conseguir fazer com que as meninas sigam treinando, se preparando e se dedicando. “Sabemos que colocar todas as meninas que estiveram na seleção sub-19 no mesmo time, o que seria perto do ideal, não será possível. Mas se cinco ou seis delas estiveram na mesma equipe, com rotina de treinos e jogos juntas, já é muito bom. Entramos em contato com alguns time da LBF, outras equipes entraram em contato conosco e gostaram da ideia. È algo que está sendo acertado para que seja possível”, finalizou Paula.
Além disso, José Neto pretende, nas próximas convocações da seleção principal, sempre chamar as meninas que se destacaram na base para se treinar e estar no dia a dia da adulta. “Nessa convocação para o Pré-Mundial terá alguns nomes que fizeram parte das seleções de base. Nosso trabalho vem desde 2019, com isso, mesmo tendo período curtos de treinos, as atletas já sabem como trabalhamos e o que queremos. Precisamos que as meninas que estão na base também comecem a se familiarizar com isso, para que a transição de geração aconteça de maneira mais fácil no futuro”.