O soteropolitano Israel Andrade fez parte de uma melhores gerações da história do basquete brasileiro. Campeão dos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, ele disputou três Jogos Olímpicos, três campeonatos mundiais e quatro campeonatos sul-americanos pela seleção brasileira, além de outras competições. Confira o especial completo!
Entretanto, a carreira do pivô só começou por acaso e quase não aconteceu. Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, Israel relatou que o basquete entrou em sua vida após indicação de uma professora. “Para ser sincero, eu jogava vôlei na escola. A professora virou para mim depois de dois anos e falou ‘meu filho, vai procurar o basquete porque o vôlei não dá para você’. Ela me mandou com uma carta e tara o pessoal da Associação [Atlética da Bahia],fui seis vezes e não consegui falar com ninguém, aí desisti”, disse Israel.
E, dessa forma, o tetracampeão brasileiro pelo Monte Líbano poderia nunca mais ter tido a chance de jogar basquete, mas o acaso interveio, para sorte de Israel e da seleção brasileira. “Eu estava comprando um sapato (…), entrou uma senhora, a mãe de um jogador. Ela fez ‘meu filho, você joga basquete?’, eu falei ‘não, fui na Associação e nada’. Ela falou ‘que Associação nada, você vai jogar com meu filho que joga no Fantoches” (…). Era uma segunda-feira de manhã, à noite eu já comecei a treinar com o pessoal lá”, revelou Israel.
Posteriormente, aos 17 anos Israel fazia parte do elenco do Corinthians quando foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira, ainda como juvenil. “Fui convocado para o Sul-Americano, joguei o Mundial Juvenil. As fases finais foram em Salvador, no Balbininho, que não existe mais, que é uma pena para a história não só do basquete, mas do esporte baiano. As finais foram lá e, a cada jogo, a torcida baiana lotava o Balbininho, então foi fantástico”, lembra o pivô.
A final daquele Mundial Juvenil, o primeiro da modalidade organizado pela Fiba, foi contra os Estados Unidos. “Nós fizemos um jogo duríssimo com eles. Não sei quanto terminou no final, mas sei que foi um jogo muito bom. Eles tinham um time muito forte, né? Acho que mais da metade daquele time ali jogou a NBA em alto nível”, disse Israel. O Brasil perdeu a final por 75×65 e os norte-americanos tinham no elenco o ala James Worthy, que viria a ser tricampeão da NBA pelo Los Angeles Lakers.
Depois do Mundial, Israel deixou o Corinthians e foi para o Monte Líbano. Na equipe paulista, ele foi tetra campeão brasileiro e se tornou figurinha carimbada nas convocações da seleção a partir do Campeonato Mundial de 1982. E ainda arranjou tempo para ser bicampeão português pelo Sporting Lisboa.
“Quando acabava o campeonato paulista e o brasileiro, começava lá. Aí eu fui, na primeira vez com muito medo porque foi feito através de um casal português que falava em nome do presidente, eu fiquei meio assustado. Eu tinha 19 anos, falei “como é que vai ser?”. Mas aí eu fui e fomos campeões, era um time muito bom. Tudo o que eles tinham me prometido, que eles tinham falado foi cumprido, disse Israel. No ano seguinte, mais um intercâmbio e mais um título. “Fui tranquilo, mas não tive as mesmas mordomias da primeira vez. Mas não me arrependo”.