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Basquete

Israel relembra ouro no pan de 87: “Não tinham nem o hino”

Israel com a medalha de ouro no canto superior esquerdo | Foto: Divulgação

Há 30 anos, no dia 23 de agosto de 1987, a seleção de basquete masculina alcançou um dos feitos mais importantes da história da modalidade para o país: o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, vencendo a seleção dos Estados Unidos na final. O Olimpíada Todo Dia traz hoje uma entrevista especial com um dos pilares daquela equipe, que marcou época na década de 80: o pivô Israel Andrade. Confira o especial completo!

Exposição relembra 30 anos do ouro no Pan de Indianápolis

Baiano de Salvador, Israel relatou como os jogadores encararam a comemoração antecipada do time dos Estados Unidos, que venciam por 14 pontos de diferença no intervalo da partida: “Na saída vimos o pessoal passando com champanhe para o vestiário americano, toda aquela coisa. Falamos ‘pô, os caras já estão com a festa pronta’. (…) Aí nós fomos tirando, sei que quando faltou dez minutos o jogo estava empatado. Ficou aquela coisa, aquele desafio, Marcel e o pessoal de fora falando ‘vai, chuta agora que eu quero ver’. Os caras todos assustados, toda a confiança que eles tinham antes, para eles não existia mais. Começamos a pegar rebote de defesa e ataque, fazer contra-ataque, fazer cesta fácil, tudo que eles fizeram com a gente”.

Israel não acredita que o lado psicológico pesou contra os Estados Unidos, que tinham no elenco o pivô David Robinson, futuro bicampeão da NBA e membro do Dream Team, além de outros jogadores com carreira de sucesso, como Rex Chapman, Danny Manning e Pervis Ellison. Para o pivô, o que aconteceu simplesmente foi uma “virada da maré”.

“Eu tenho que ser sincero: a gente não achava que nós íamos ganhar do time americano. O time americano era um timaço. Mas a gente disse ‘ah, vamos jogar para ver o que vai acontecer’. E é aquele negócio que eu acabei de falar para você: mudou. A maré virou, não se sabe como, é coisa do esporte, que não tem explicação lógica. Aconteceu o que aconteceu e nós ganhamos o jogo”, disse Israel Andrade.

O soteropolitano acredita que a geração que foi ouro no pan de 87 entrou para a história, assim como as anteriores, que foram medalhistas mundiais e olímpicas: “Se os Estados Unidos não tivessem perdido em casa e tudo, não ficaria tão marcada. Ficou marcada por isso: a primeira vez que eles perderam uma competição oficial dentro dos Estados Unidos. Para você ter uma ideia, os caras não tinham o hino brasileiro no ginásio. Eles tiveram que sair correndo para ir buscar o hino brasileiro no ginásio do futebol. Eles enrolaram uma meia hora, quarenta minutos para poder ir e voltar.”

Israel Andrade ainda relembra que o protocolo da premiação foi quebrado com a derrota da seleção norte-americana. “Eles primeiro fizeram a premiação do masculino para depois fazer a do feminino. Era o contrário: primeiro a do feminino e depois a do masculino. Mas você acha que o americano ia querer terminar com o hino que não fosse do país dele? Com o hino brasileiro? Não queriam, então eles quebraram. Não sei como eles conseguiram, mas fizeram. Demoliram aquele ginásio, hoje em dia é um estacionamento. Eles tentaram apagar tudo, mas está aí na história. São 30 anos e nós estamos falando aqui dessa coisa, que foi uma coisa legal”, disse o pivô.

Jornalista baiana, soteropolitana, faconiana. Mestrado em jornalismo esportivo pela St. Mary's University, do Reino Unido. Bolsista Chevening 2015/2016.

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