Damiris Dantas foi a personagem do basquete brasileiro neste sábado (18). A pouco mais de uma semana para a estreia do Minnesota Lynx na temporada 2020 da WNBA, a atleta participou de uma coletiva virtual e abordou diversos temas. Após um período de isolamento social e de atividades individuais, a ala-pivô já tem feito treinos coletivos. Ela está se sentindo mais importante ao time e com saudade de entrar em quadra.
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“Essa é a minha sexta temporada na WNBA e no Lynx sempre tive boas jogadoras ao lado. Por isso, acabava não tendo muitas chances de receber a bola e ir para a cesta. Eu participava mais na defesa. Da temporada passada para essa, eu já venho me destacando mais e foi pedido é para que eu assuma mesmo essa responsabilidade. Tive uma conversa boa com a coach (Cheryl Reeve) e ela falou que quer me ver em ação e pontuando. Acho que agora sou uma jogadora mais importante ao time”, afirmou Damiris.
“As primeiras semanas foram bem complicadas. Cheguei a Minnesota e fiquei quatro dias no hotel treinando individualmente com as técnicas. Aí quando desembarquei na Flórida, fiquei mais quatro dias em isolamento. No quinto dia, tive mais alguns treinos individuais e depois iniciamos os coletivos. Eu estava com muita saudade de jogar basquete. Foi muito bom voltar e ver o brilho no olho de cada uma”, completou a brasileira.
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Damiris está tranquila por ter a confiança de sua treinadora e tem com objetivo levar o Minnesota Lynx aos playoffs e caminhar o máximo possível. A brasileira estreia na competição no dia 26 de julho, um domingo, diante do Connecticut Sun.
Rotina e otimismo diante do coronavírus
Por conta da pandemia de coronavírus, a temporada da WNBA será diferente em comparação aos anos anteriores. Todos os jogos serão disputados no IMG Academy, em Bradenton, na Flórida, onde também estão sendo realizados os treinos e os times estão concentrados, em uma espécie de bolha para evitar riscos de contágio. As equipes têm a disposição apenas um período de treinos na quadra e realizam testes todos os dias.
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“O meu time treina só no período da tarde. Todos os dias, depois do café da manhã, a gente faz o teste do Covid-19. Em seguida, tem academia e depois voltamos ao hotel para almoçar. Após a refeição a gente descansa um pouco para depois ir treinar. Estamos tomando todos os cuidados e eles estão pedindo para gente não ficar aglomerado com a galera dos outros times. E temos usado máscara e álcool em gel o tempo inteiro”, comentou Damiris.
A brasileira contou que o ambiente é otimista, mas mesmo assim tem um pouco de medo por causa da doença. “A gente tem conversado bastante. Todo mundo otimista, mas sempre tem um pouco de medo porque a gente não tem controle da situação. A gente conversa muito nos bastidores sobre jogar sem torcida, já que será uma experiência nova, mas necessária para prevenir que as pessoas se contaminem”, declarou a jogadora.
Mulheres no comando
O Minnesota Lynx tem sua comissão técnica inteira formada por mulheres e todas com passagem pelo time quando ainda eram jogadoras. A treinadora Cheryl Reeve conta com mais três assistentes técnicas: Katie Smith, Plenette Pierson e Rebekkah Brunson. Damiris, nos seus dois primeiros anos na equipe, chegou a atuar ao lado de Brunson. A brasileira encara de forma positiva ter ex-atletas no cargo de comando.
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“É muito impactante quando você olha para uma comissão técnica formada só por mulheres e todas elas fantásticas. Eu me sinto privilegiada, pois são quatro grandes nomes da WNBA. Joguei com a Rebekkah por dois anos e no meu primeiro a encontrei e sempre me ajudou e teve muita paciência comigo. Absorvi bastante coisa dela e a gente segue conversando com frequência”, destacou Damiris.
“Acho que facilita a comunicação quando a técnica foi jogadora porque ela consegue entender mais o lado da atleta. E as quatro juntas deram uma conexão muito boa. O time está com um clima gostoso. Acho que teremos uma boa temporada”, completou a atleta, que é um dos principais nomes da seleção brasileira na atualidade e a única a atuar na WNBA.
Posicionamento durante a temporada
Damiris tem utilizado com regularidade suas redes sociais para se posicionar. Ela tem feito isso também em assuntos que fogem a esfera do esporte dentro de quadra e garante que seguirá fazendo durante a etapa de jogos da WNBA. A jogadora quer aproveitar a visibilidade que conquistou no basquete para defender o que pensa, lutar por melhorias na modalidade no âmbito feminino e levantar a bandeira da representatividade.
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“É muito bom quando a liga te apóia, pois você se sente acolhida e com mais força e vontade de falar. No Brasil, temos alguns grupos e conto sobre o que acontece aqui e o respaldo que temos da liga. Quando cheguei na WNBA eu era novinha, meio perdida e sem entender muitas coisas. Agora estou em outro papel e quero participar e estar a frente”, afirmou Damiris.
Ciente de seu papel, Damiris seguirá dando suas opiniões sobre o que acontece no mundo. “Isso vai ter sempre. É a minha causa, minha luta e não vou parar enquanto não melhorar. Vou seguir me posicionando. Eu já fazia isso, mas agora entendi a importância do meu posicionamento e a visibilidade que tenho”, disse.
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“Eu tenho recebido mensagens e algumas delas, por exemplo, referente ao meu cabelo. Muitas meninas me disseram: depois que você parou de alisar seu cabelo me senti representada e parei também. Fico feliz de receber essas mensagens e vejo o quanto o fato de me posicionar é importante diante da visibilidade que tenho”, concluiu Damiris.