Festa brasileira em Sydney/00, diante das russas./Crédito: CBB
Com a mesma clareza com que enxergava as melhores jogadas dentro de quadra, Magic Paula, agora na condição de espectadora e blogueira do portal R7, tenta colocar um pouco de lucidez – e também otimismo – em sua forma de analisar o desempenho do Brasil no Campeonato Mundial feminino de basquete que está sendo realizado na República Tcheca. Mesmo dsepois das ridículas atuações da equipe comandada pelo espanhol Carlos Colinas, Paula ainda vê uma chance de reação.
“Passar a borrocha e esquecer o que passou nesta fase. O Mundial recomeça na segunda-feira para o Brasil. Que bom, ainda tem uma chance”, escreveu Paula no Twitter, pouco depois da derrota para a Espanha, no sábado. Um dia antes, após a partida contra a Coreia do Sul, ela fez uma referência a um passado de tão boas lembranças para o basquete brasileiro. “Quando ganhamos em 94, começamos a primeira fase da mesma maneira. Jogando nada.”
É fato que a história nunca se repete. Isso vale também para o esporte. Não é porque o Brasil começou mal o Mundial de 94 e depois foi campeão que o mesmo ocorrerá este ano. Se fosse assim, eu teria motivos de sobra para achar que a seleção ganhará a partida desta tarde contra a Rússia, na abertura da segunda fase.
Pois ainda hoje está mais do que nunca viva na minha memória um incrível duelo entre Brasil e Rússia, pelas Olimpíadas de Sydney, em 2000. Eu estava na Austrália, fazendo a cobertura dos Jogos pelo extinto site de esportes SportsJá! e vi de perto a dificuldade com a qual a seleção se classificou para as quartas de final. Nas últimas duas partidas, duas derrotas, para França e Canadá, e jogando muito mal. O adversário no primeiro mata-mata seria a forte Rússia, que ficou em segundo na outra chave, atrás apenas dos EUA.
Ao lado de outros colegas brasileiros, fomos para o ginásio, já com o espírito preparado para ver a eliminação da seleção. Só que aquele jogo foi diferente. O Brasil incrivelmente jogava bem, não deixava as russas deslancharem no placar. Tanto que o primeiro tempo terminou com somente um ponto de vantagem para elas (39 x 38). E no segundo tempo a coisa continou do mesmo jeito, com todas as bolas brasileiras caindo, com todos os rebotes sendo recuperados. As russas não estavam acreditando.
Mas nos últimos segundos de jogo, a Rússia comandava o marcador, 67 x 66. Até que no último lance do jogo, mais um rebote sobrou para a pivô Alessandra, que debaixo da tabela fez os dois pontos que deram à vitória ao Brasil. Simplesmente emocionante! Dentro de quadra, as russas, favoritíssimas, não acreditavam no que viam, enquanto as brasileiras se abraçavam e choravam diante do milagre.
Já na tribuna de imprensa do ginásio de Sydney, blocos de anotação e canetas eram jogados para o alto, diplomas eram devidamente rasgados e um bando de jornalistas emocionados pôde testemunhar de perto um dos últimos momentos de orgulho do basquete do Brasil.