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Basquete

‘Journey man’ conhece o mundo via basquete e quer a NBA

Brasileiro Scott Machado fez ótima temporada na Austrália e aguarda proposta da NBA, sem deixar de manter negociações para renovar com os Taipans

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Scott Machado foi o garçom da temporada na NBL (twitter/CairnsTaipans)

Foi uma temporada bem marcante para o brasileiro Scott Machado no basquete australiano. Defendeu o Cairns Taipans e foi eleito pelos torcedores como o melhor jogador da NBL, a liga nacional. Também entrou para o time ideal da temporada, o chamado First Team, escolha feita por técnicos. A boa temporada rende espaço para renovação, talvez por dois anos, mas o armador não esconde que quer a NBA.

“É um sonho ainda”, afirma Scott Machado, em entrevista para o Olimpíada Todo Dia. “Eu quero voltar para a NBA. Acho que ainda posso ajudar”.

O brasileiro nasceu e começou a carreira pelos Estados Unidos, chegou à liga profissional pelos Rockets, transitou entre ela e a liga de desenvolvimento, e acabou indo para a Europa. “Virou o journey man“, diz, algo como “o viajante”. Andou por Rússia, Espanha, Alemanha, sempre jogando basquete. “Joguei em vários lugares, agora estou aqui na NBL”.

Scott Machado foi o 3º maior pontuador do Cairns Taipans na partida (Foto: Divulgação/Taipans)
Machado on fire levantando a torcida dos Taipans (twitter/CairnsTaipans)

Números positivos

Feliz na liga australiana. “Grato”, como diz, e tem motivos. Armador, foi o grande garçom do campeonato com média acima de 7,85 assistências por jogo, o único acima de sete na NBL. O segundo colocado, LaMelo Ball, teve 7,0, mas em doze jogos. Scott Machado fez 28. O terceiro melhor, John Roberson, fechou com média de 5,57 em 28 partidas.

O brasileiro foi bem também na pontuação. Acabou como o terceiro melhor do time com 16,11 pontos por jogo, e média de cerca de 32 minutos por partida. Na NBL são quatro quartos de dez minutos. O primeiro foi DJ Newbill, com 18,78 em mais ou menos o mesmo tempo em quadra.

Machado foi bem também nos arremessos de fora, com 40% de aproveitamento, segundo melhor do time.

“Fui bem na Austrália, uma experiência muito boa. Amei. Fiquei muito tranquilo, confortável jogando lá. Ajudou muito no crescimento do meu jogo. Ganhei o First Team e o MVP. Foi uma temporada muito boa, joguei muito bem e sou grato por tudo isso”, fala o brasileiro.

Mais dois anos?

O time começou mal o campeonato da NBL, mas se recuperou, terminou a temporada regular em terceiro e só parou na primeira rodada dos playoffs, já na semifinal. Perdeu para o Perth Wildcats, que ficaria com o título em um desfecho de temporada atrapalhado pelo novo coronavírus.

O contrato de Scott Machado com os Taipans era só para essa temporada. Na imprensa australiana pipocam notícias de que já havia acerto para dois anos, o que é negado com firmeza pelo brasileiro e também pelo time australiano. “Não está fechado. As conversas entre mim e os Taipans estão acontecendo, mas não está fechado. Estou disponível para ir para qualquer time”, deixa claro.

E Machado quer a NBA. Entende que precisa de uma oportunidade real para mostrar no país onde nasceu, o basquete que aprendeu rodando o mundo. “Eu cheguei lá, mas não joguei durante uma partida, em momentos difíceis. Sempre entrava ganhando de vinte ou perdendo de vinte. Então é uma coisa que eu quero ainda”.

Brasileiro dos EUA

Scott Machado nasceu nos Estados Unidos, no Queens, em Nova York. “Meus irmãos mais velhos são do Brasil. Meus pais são do Brasil, mas comecei jogando aqui”, explica. “Comecei o meu basquete na rua”, depois passou pelo high school e chegou no Iona College, sempre com a bola em baixo do braço. “Joguei na faculdade, evolui nesses quatro anos em Iona e entrei no NBA.”

Machado não chegou na NBA via draft. Conseguiu uma chance no Houston Rockets em 2012 para disputar a Summer League. A última experiência foi em 2019, com o Los Angeles Lakers.

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“Não convivi muito com o Kobe (Bryant), não deu para treinar e ver o jeito dele, mas nos vídeos e clipes que eu vi dele, ele era muito competitivo. Igual ao LeBron. O LeBron é até competitivo com arremessos. O treino pode ter acabado e a gente faz arremesso, no fim e ele está lá competindo ainda. É o jeito dele. E o trash talk é quase normal com eles”, conta, sobre os últimos dois grandes nomes do time californiano.

George Floyd

Scott Machado segue com espaço nos Taipans, mas aguardando nos Estados Unidos a definição de onde vai jogar na próxima temporada. Admite que a pandemia esfriou contatos, mas segue por perto.

“Eu voltei para os Estados Unidos esses dias. Lá na Austrália era um pouco mais tranquilo, a crise não era tão grande. Agora estou com a família, vou voltar a treinar esse sábado agora. Na Austrália estava treinando direto, porque queria ver se um time da NBA me buscasse agora”.

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Em casa, na Carolina do Norte, aproveitou para assistir “The Last Dance”, documentário sobre o Chicago Bulls de Micheal Jordan, e ajuda a família com tarefas domésticas para ver “o que mais posso fazer em vez de jogar basquete. Evoluir na vida”. É de lá também que acompanha, com postura clara, o episódio da morte de George Floyd.

“Ainda em 2020 tem esse negócio acontecendo. As pessoas que pensam assim ainda, precisam se olhar no espelho. É uma coisa que até hoje a gente luta porque não acontece só aqui nos Estados Unidos, acontece em vários lugares. Eu oro para essas pessoas, para eles verem do outro lado, com os olhos dos outros, como a vida é. Para terem compaixão”, disse o, ainda, armador do Taipans, ainda na NBL.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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