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Racismo é tema de debate entre atletas e técnico do NBB

Técnico Léo Figueiró e jogadores Gui Deodato, Thiago Mathias e Gustavo Basílio conversaram em live; Já nos EUA, LeBron James rebateu fala de astro do futebol americano

Atletas e técnicos do NBB fazem debate sobre racismo
Atletas e técnicos do NBB debatem o racismo (reprodução NBB)

Através de seu facebook, o Novo Basquete Brasil (NBB) proporcionou um debate sobre o racismo, tema que vem ganhando cada vez mais força nos últimos dias no mundo inteiro após a morte de George Floyd, nos EUA.

Léo Figueiró (técnico do Botafogo), Gui Deodato (ala do Minas), Thiago Mathias (pivô do Basquete Cearense) e Gustavo Basílio (ala do Pato Basquete) ganharam voz para abordar o racismo no bate-papo.

Foram debatidos vários temas, como importância do posicionamento de figuras públicas do esporte na luta contra o racismo, o preconceito velado, histórias pessoais, questões históricas e o movimento #VidasNegrasImportam, que ganhou força nas redes sociais na semana atual.

“Esse debate é muito importante, não só para o NBB como instituição, mas também é uma ótima oportunidade de todos aqui debaterem e se posicionarem. É um momento em que todos têm que se posicionar. Estamos falando de vidas, situações muitas vezes veladas, que acabam parecendo que não existem no dia-a-dia de todos e também no esporte.”, disse Léo Figueiró.

A importância do posicionamento

O primeiro assunto da live foram as figuras esportivas que falaram sobre racismo.

“Temos que utilizar o poder que a gente tem. Hoje podemos dizer que estamos em evidência, temos seguidores, crianças nos seguindo, então está mais do que na hora da gente se posicionar, querer essa mudança. Não só por mim, mas por todos que virão depois, pois não quero que sofram o que eu já sofri. Temos que utilizar nosso poder de influência para lutar contra aquilo que achamos errado”, falou Gustavo Basílio, ala do Pato Basquete, que participou de um movimento no último Dia da Consciência Negra

“Mais do que uma frase ou fazer post com a hashtag, é você estar disposto a lutar pela causa, disposto a mudar essa situação. Muitos negros já foram confundidos, já tomaram bala perdida. Tivemos João Pedro recentemente, tivemos a Ágata, tivemos o caso do cara que levou 80 tiros em uma favela no Rio. Vidas negras importam, mas tem que ter a ação, tem que ter a vontade de querer a mudança. Mais do que a fala, tem que entrar com ação, com poder da mudança”, acrescentou Gustavo Basílio.

O racismo sentido na pele

Quem é negro possivelmente já sentiu na pele o que é o racismo. Literalmente. Foi o caso de Thiago Mathias, pivô do Basquete Cearense. Seu caso foi dentro de quadra, quando era adolescente no Rio Grande do Sul.

“Na primeira viagem com a minha equipe aqui em Porto Alegre, fomos jogar uma rivalidade grande aqui do Rio Grande do Sul, contra o time de Lajeado, que é no interior. Estava sendo um jogo muito bom, rivalidade grande, e começaram atos racistas. Começaram a me chamar de macaco, criolo, que eu tinha que voltar para a África. Isso me abateu bastante. Na época eu tinha 15, 16 anos, era praticamente uma criança, era minha primeira viagem, eu não sabia nada da vida. A partir daquele momento percebi que as pessoas me olhavam diferente por eu ser negro”, revelou Mathias.

Velado

Aquelas pequenas atitudes que não explicitam o racismo, mas que deixam nas entrelinhas. Esse, na visão de quem sofre, é tão ruim quanto um xingamento ou qualquer injúria.

“Já passei por situação do pai não deixar o filho tocar minha mão por causa da mancha (vitiligo). Ou aquelas coisas pejorativas: ‘deu sorte, hein, negão?’ Poxa… deu sorte, negão? Dá para perceber que é pejorativo. Eu prefiro que me chamem de macaco do que deixar subentendido. Subentendido é muito covarde. Quer falar algo, fala logo,” disparou o comandante do Botafogo.

“Não é tão simples”

Apesar da enorme importância do posicionamento, Gui Deodato, ala do Minas, expôs um outro lado da moeda. Sem tirar a enorme importância da opinião, ele citou também a falta de embasamento como motivo para o possível silêncio de alguns.

“O posicionamento é de extrema importância. É só a gente ver o impacto que tem quando um Lebron James se posiciona, como move o mundo e como todos olham para isso. Mas é importante lembrar que não é tão simples se posicionar. Essas questões não fizeram parte do nosso estudo, não aprendemos isso na escola,” contou Gui.

Citado pelo ala do Minas, Lebron James voltou a se manifestar contra o racismo na quarta (3). O atleta fez duras críticas ao comentários do quarterback do New Orleans Saints Drew Brees, que afirmou que “nunca concordaria com alguém que protestasse desrespeitando a bandeira ou o hino dos Estados Unidos.”

“Você ainda não entende literalmente por que Kap estava se ajoelhando? Não tem nada a ver com desrespeito à bandeira dos Estados Unidos e nossos soldados (homens e mulheres) que mantêm nossa terra livre”.

Kap é Colin Kaepernick, também quarterback da NFL, que passou a se ajoelhar durante as tradicionais execuções do hino nacional antes de partidas das ligas esportivas nos Estados Unidos. O ato, em protesto contra o racismo, gerou muito debate e, no final das contas, hoje, Kaepernick, que chegou a disputar um Superbowl, está sem time já há algum tempo.

Um minuto de silêncio

Os envolvidos terminaram o debate com os punhos cerrados, um gesto tradicional da resistência ao racismo, que foi acompanhado a um minuto de silêncio em homenagem a todos que já sofreram racismo das mais variadas formas.

O Novo Basquete Brasil (NBB) promoveu em seu facebook um debate sobre racismo  com atletas e técnicos na última quarta-feira (3)
Envolvidos no debate sobre racismo no NBB terminam fazendo um minuto de silêncio com os punhos cerrados (reprodução/NBB)

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