Magic Paula, uma das maiores jogadoras de basquete do mundo e que hoje dirige o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da prefeitura de São Paulo, faz uma cesta de três pontos ao analisar em seu blog a pífia participação do basquete brasileiro nos Jogos de Pequim.
Nosso basquete em Pequim (II)
Falar da participação das nossas meninas nos Jogos Olímpicos é voltar ao passado e relembrar dos mesmos problemas de 20 anos atrás. A única diferença é o orçamento, afinal o basquete jamais teve tanto dinheiro. Já não podemos alegar que iremos demorar 15 anos para que esta nova geração possa conquistar um título importante e que o basquete não tem apoio. Ficaria muito fácil neste momento culpar as jogadoras pelo tal fracasso, mas eu sei que elas acabaram fazendo além do que era esperado. O basquete feminino brasileiro foi para Pequim com oito das doze jogadoras sem a mínima experiência internacional. Não podemos jogar as nossas atletas na jaula dos leões e ver o que acontece, como já fizemos várias vezes. Desta vez não foi diferente.
A campanha do Brasil foi a que eu já imaginava e eu vou explicar o porquê. Porque vivemos em um país que tem uma cultura esportiva imediatista! Porque não trabalhamos pensando em ciclos olímpicos! Porque não sabemos renovar! Porque somos incapazes de trabalhar de forma planejada e com metas a serem alcançadas! Porque mudamos o técnico um ano antes de começar uma competição!
Teria inúmeros motivos para aliviar a campanha do nosso basquete feminino brasileiro, mas confesso que tem sido duro perceber que paramos no tempo (e quanto tempo). Olhar para trás e perceber que os novos problemas são velhos conhecidos deste mundo chamado basquete. Pior ainda é ter a certeza de que os grandes culpados somos nós mesmos.
A cada fracasso vem à tona a idéia de que os grandes ídolos deveriam assumir o comando do basquete brasileiro, algo como “os ídolos poderiam ser a solução para o caos em que a modalidade vive e também ser os grandes responsáveis por mudanças”. Discordo. Não vamos confundir as coisas. Bom para o basquete seria a união de todos para que as mudanças acontecessem e que se fizesse uma reflexão do que queremos para o nosso basquete. Quem vai ser o grande comandante não importa, pois o que está em jogo é o resgate de uma modalidade que já esteve no podium por inúmeras vezes.