Basquete brasileiro está carente de cestas e de caráter
Perdoe-me, caro leitor, por novamente retomar com o tema basquete, mas nos últimos dias a modalidade (que já foi o segundo esporte na preferência do torcedor brasileiro) tem estado freqüentemente sob os holofotes, garantindo espaço até no “Jornal Nacional”, da Rede Globo. Infelizmente, um espaço dedicado para falar, na maior parte do tempo, sobre suas mazelas e crises. A dramática vaga obtida pela seleção feminina, após a emocionante vitória contra Cuba, no Pré-Olímpico Mundial de Madri, acabou ficando em segundo plano. Sim, porque era obrigatório comentar o “caso Iziane”.
Considerada a sucessora natural para ocupar o lugar que um dia pertenceu a Hortência, Paula e Janeth, Iziane — uma jogadora talentosa, sem dúvida nenhuma — teve um ataque de estrelismo na partida contra a Bielorrússia, na última sexta-feira. Irritada pelo fato de ter passado mais de 20 minutos no banco de reservas, ela simplesmente se recusou a entrar durante a prorrogação.
Cortada acertadamente do grupo pelo técnico Paulo Bassul, Iziane ainda deixou todos de cabelo em pé ao dizer, entre outras bobagens: “não sou jogadora de estar no banco aplaudindo”; “eu não jogo para o técnico”; “num jogo importante como aquele, a estrela da equipe deve estar em quadra”. Sem ter construído nada em sua carreira e nem ter conquistado um título decente, Iziane mostra, com sua maneira egoísta de encarar o esporte, que não tem condições de integrar um time de pelada de rua, quanto mais a seleção brasileira.
Barco de Moncho à deriva
Na seleção masculina, a vida também não anda fácil para o técnico espanhol Moncho Monsalve, que perdeu a compostura ao receber o pedido de dispensa do armador Leandrinho para a disputa do Pré-Olímpico Mundial, marcado para Atenas, em julho. O que tirou Moncho do sério foi o fato de ter sido informado da desistência pelo empresário do jogador. E disse que enquanto ele estiver na seleção, Leandrinho nunca mais será convocado. Com isso, já são seis (e não cinco, como falei erroneamente na coluna da semana passada) as desistências na equipe que vai para o Pré-Olímpico.
Todo mundo errado
Neste episódio específico da saída de Leandrinho, sobram erros para todos os lados. Será que o técnico Moncho Monsalve não sabia exatamente onde estava se metendo ao aceitar comandar a seleção? Será que a Confederação Brasileirade Basquete (CBB) é tão incompetente assim quenão consegue nem descobrir o telefone de seu principal armador para saber se ele irá se apresentar? E por que Leandrinho não pegou o celular e ligou pessoalmente para o treinador espanhol explicar os motivos de sua dispensa?
Foto: Iziane no jogo contra a Bielorrússia; Crédito: Alexandre Vidal/Divulgação CBB