O dramaturgo e poeta espanhol Miguel de Cervantes, um dos mais importantes da história da literatura mundial, viveu entre 1547 e 1616. Sua obra mais famosa foi “Dom Quixote”, na qual narrou as aventuras de um fidalgo sonhador, Dom Quixote, e seu fiel escudeiro, Sancho Pança, lutando contra exércitos imaginários que na verdade eram apenas moinhos de vento. Mas o que literatura tem a ver com esporte? A lembrança de Cervantes me veio à mente ao ler trechos da entrevista coletiva do novo técnico da seleção brasileira masculina de basquete, Moncho Monsalve, apresentado oficialmente nesta quarta-feira, no Rio. Contratado pela CBB para a ingrata missão de levar o Brasil de volta aos Jogos Olímpicos depois de 12 anos, Moncho mostrou em suas primeiras palavras para a imprensa brasileira um otimismo impressionante. E, cá entre nós, meio exagerado.
Dedo na ferida
Logo de cara, Moncho Monsalve apontou para aquele que vem sendo o maior problema da seleção masculina nas últimas competições: a falta de um verdadeiro jogo coletivo. “O Brasil tem grandes valores individuais, mas não consegue formar uma equipe. Mas se estes jogadores atuam coletivamente em seus clubes na Europa e na NBA, por que não o fazem pela seleção?”
Disciplina acima de tudo
O espanhol, que dirigiu equipes de segunda linha do basquete mundial e que atualmente comandava a seleção sub-21 de seu país, bateu forte na questão da disciplina. Cenas como as ocorridas no Pré-Olímpico do ano passado, quando Marquinhos e Nezinho se desentenderam com a comissão técnica, não acontecerão mais. “Sem trabalho, diálogo e disciplina, não se pode trabalhar. Não podemos repetir Las Vegas”, avisou.
Sonhar é de graça
Mas foi ao projetar a participação da seleção no Pré-Olímpico mundial marcado para julho, em Atenas (Grécia) que Moncho Monsalve incorporou o espírito de Dom Quixote. “Depois de vencer o Líbano, enfrentaremos a Grécia. Classificando, jogaremos na segunda fase com Alemanha ou Nova Zelândia. Este é o jogo-chave para irmos à semifinal. E só enfrentaríamos a Grécia novamente na final, classificados para Pequim”. Nem Dom Quixote seria tão otimista assim.
De volta às origens
Que o presidente americano George W. Bush não seja um exemplo de simpatia e carisma, todo mundo já sabe. Mas ninguém imaginaria que por causa dele a ex-tenista Martina Navratilova abandonasse a cidadania americana, que adotou em 1981 e voltasse a ser tcheca. “Tenho muita vergonha dele”, disse Navratilova.
Crédito da foto: Alexandre Vidal/CBB