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Basquete

Exposição relembra 30 anos do ouro no Pan de Indianápolis

Desavisados podem se assustar ao entrar no Sesc Consolação, em São Paulo, e se depararem com uma cesta de basquete gigante no hall do térreo, que fica em frente à uma cantina. Isso porque, desde a última semana, o espaço é palco da exposição 120-115: O ouro em Indianápolis, que celebra os 30 anos da vitória da seleção brasileira sobre o time dos Estados Unidos, nos Jogos Pan-Americanos de 1987.

O jogo, disputado no dia 23 de agosto, entrou para a história por conta das exibições de gala de Oscar e Marcel, que combinaram para 55 dos 66 pontos do Brasil no segundo tempo, quando a seleção superou uma diferença de 14 pontos no intervalo. Além dos alas, Israel, Gérson, Guerrinha, Cadum, Paulinho Villas Boas, Pipoka, Rolando, Alex, Maury e Sílvio também entraram em quadra durante a competição. Do banco, o treinador Ary Vidal e o assistente José Medalha comandavam a equipe.

Dos 14 personagens, apenas o treinador Ary Vidal já faleceu. A partida acabou com uma invencibilidade de 34 partidas da seleção dos Estados Unidos e marcou a primeira derrota do país dentro de casa, além da primeira vez em que eles permitiram que um adversário anotasse mais de 100 pontos.

O curador da exposição é Marcelo Duarte, jornalista que esteve presente em Indianápolis há 30 anos e viu a conquista ao vivo enquanto cobria o evento para a revista Placar. “Quando o Sesc me ligou a primeira reação minha foi de que eu estava nesse jogo, vivi essa história, sabia o que tinha acontecido. Pra primeira reunião eu já trouxe o que escrevi sobre a final que estava guardado no meu acervo e trouxe pra reunião. Algumas das coisas são memorabília e coisas que eu guardei nesses 30 anos como lembrança”, disse Duarte ao Olimpíada Todo Dia.

Peças históricas

A parte de memorabília é um dos pontos altos de 120-115: O ouro em Indianápolis, com direito à camisa usada por Guerrinha na final, a medalha de ouro de Sílvio, as munhequeiras suadas e nunca lavadas de Paulinho Villas Boas. Além disso, há a súmula original da partida, além de um telegrama enviado para os jogadores pelo então ministro da educação Jorge Bornhausen.

“O mais importante é não deixar a história se perder. Você percebe que embora as pessoas lembrem muito desse jogo, as homenagens que eles receberam sempre foram muito pequenas. Percebemos isso dos cinco atletas que estiveram presentes na abertura:  Cadum, Paulinho Villas Boas, Pipoka, Silvio e Maury. Foi unanime, todos disseram que embora eles tenham se reunido algumas vezes, tenham feito muitas entrevistas, nunca ninguém tinha feito uma homenagem desse tamanho”, afirmou Duarte.

Além da memorabília, a exposição também conta com um documentário feito com entrevistas de 11 dos 12 jogadores – a exceção foi Alex, que mora nos Estados Unidos. O curador conta que eles tiveram que deixar muito material de fora por causa da fluidez da exposição, que pode vir a ser aproveitado no futuro.

Memória

“A gente não pode esquecer esses ídolos. A gente acaba falando muito do futebol, das Copas do Mundo, do penta, mas o esporte brasileiro tem outros feitos importantes também. De repente a partir disso pode abrir portas pra outras conquistas serem relembradas”, disse Duarte, esperançoso. Uma das histórias que ele lembra que precisa ser mais conhecida é a atleta Aída dos Santos, que nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, ficou em quarto lugar no salto em altura apesar de não ter nenhuma estrutura ou ao menos um treinador.

A exposição 120-115: O ouro em Indianápolis, dividida em cinco módulos, ficará exposta no Sesc Consolação até o dia 2 de setembro. Também serão realizados no espaço apresentações e clínicas esportivas, workshops, torneios, bate-papos e encontros que discutem aspectos da modalidade como novas metodologias de ensino, atualização em regras, preparação física, administração e marketing e contextualizam o legado dessa conquista, bem como debatem o atual cenário do basquete nacional. Ainda não há previsão de que ela vá para outros espaços.

Posted by Sesc Consolação on Thursday, June 29, 2017

Jornalista baiana, soteropolitana, faconiana. Mestrado em jornalismo esportivo pela St. Mary's University, do Reino Unido. Bolsista Chevening 2015/2016.

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