Classificado para o Mundial masculino de Basquete 3×3, Brasil ganha circuito com seis etapas em 2018, que prometem desenvolver a modalidade no país.
- por Thiago Dutra
Foi anunciado, em evento no Parque Villa Lobos, em São Paulo (SP), a criação do novo circuito brasileiro de basquete 3×3. A modalidade foi, recentemente, incluída no programa olímpico e fará sua estreia em Tóquio-2020. O Brasil é, atualmente, o 7º do ranking masculino, e por isso disputará o mundial da modalidade em 2018, enquanto o feminino é o 23º e ficou de fora.
Por ser uma modalidade nova, o basquete 3×3 está ainda se adaptando ao escalão olímpico e por isso sofre mudanças muito rapidamente. No evento de lançamento do circuito, estava a maior atleta brasileira da modalidade, Cristal Rocha. Ela liderou o ranking nacional por seis anos e é conhecida no meio como “rainha” e comentou sobre a inclusão do basquete 3×3 na olimpíada:
“A entrada nos Jogos Olímpicos traz visibilidade para a modalidade. Só no Brasil temos 50 milhões de praticantes e eu vejo o processo muito parecido com o que ocorreu com o vôlei de praia. Temos grandes atletas e um futuro promissor. Eu estou desde o início, comecei em 2010 a praticar em clubes, joguei internacionalmente, e é um sonho estar na olimpíada em 2020.”
O circuito brasileiro
O Circuito contará com seis etapas, sendo cinco realizadas nos meses de março, abril, maio, julho e agosto, além de uma super etapa, a grande final do circuito, que será realizada em setembro. Além do circuito, serão realizadas a Copa Brasil, em outubro, e duas competições internacionais com a chancela da FIBA: um Challenger, em maio, classificatório para o Mundial, e a Américas Cup em novembro.
As etapas do Circuito Brasileiro serão classificatórias (3 vagas) para o World Tour da FIBA. Todas as etapas terão premiações para os atletas e eles poderão trabalhar seus próprios patrocinadores em shorts, bonés, adesivos de braço etc.
“As seis etapas do Circuito serão disputadas indoor e outdoor e em diferentes cidades, ainda a serem definidas, com 64 atletas em cada etapa. Está sendo produzido um caminhão específico para o 3×3, que vai ficar pronto em fevereiro, para rodar o Brasil levando o material técnico”, afirmou o Diretor de Operações da CBB, Ricardo Trade.
Lembrando que no basquete 3×3 não são clubes que se inscrevem, mas sim os próprios atletas que montam um time e começam a competir.
Transmissões
As competições contarão com nove transmissões de SporTV e Globo, além de mais 16 transmissões ao vivo pelo Facebook. Lembrando que serão, no total, 335 jogos e 576 atletas competindo.
Diferença do basquete 3×3 para o basquete “comum”
A ex-jogadora Alessandra Santos de Oliveira, que atuou em diversas ligas internacionais, incluindo a WNBA e participou das campanhas de medalha da seleção brasileira nas olimpíadas de 1996 e 2000 explicou quais são as principais mudanças do basquete que ela jogava profissionalmente para o que começou a jogar mais por diversão recentemente:
“A diferença entre os jogadores é que no basquete 3×3 não tem posição, todos fazem tudo. Eu arremesso, eu marco, eu defendo, eu armo. Aqui não tem quem pensa para mim, eu tenho que pensar pelas outras. Exige muito mais dos atletas, porque como são partidas de potência, a perna cansa, chega uma hora que você está morto. O treinamento é mais intenso também.”
As regras também são diferentes. Alessandra foi a guia do OTD e contou quais são as principais mudanças:
- No basquete 3×3, a pontuação é diferente. O que valeria três pontos no convencional vale dois e o que valeria dois lá vale um.
- A quadra tem a metade da proporção original e somente três atletas em cada equipe, como o nome sugere.
- São apenas 10 minutos de partida.
- Cada equipe tem posse de 12 segundos.
- Após a cesta a equipe que sofreu os pontos não sai do fundo, mas sim do limite oposto à cesta.
- Não há faltas individuais, mas sim coletivas. Depois da sétima falta, chuta-se um lance livre. A partir da oitava, são dois lances.
Novo comando
A partir de 2018, as seleções brasileiras masculina e feminina estarão sob nova direção. O ex-jogador Douglas Lorite será o técnico dos quatro melhores homens (três titulares e um reserva) e das quatro melhores mulheres, que representarão o Brasil mundo afora. No entanto, diferente do que acontece em outros esportes e até no próprio basquete 5×5, o técnico não fica dentro da quadra, mas sim assiste o jogo como um torcedor comum, na arquibancada:
“A função do técnico é pra sofrer ali um pouquinho da arquibancada e ver os outros jogarem. Então, na verdade, eu sou treinador. Qual a minha proposta? Ensinar o jogador a fazer a leitura de jogo e ser o técnico dentro da quadra. Dar as instruções para que eles tenham autonomia, o que é bem difícil de fazer enquanto se joga. Então, a minha função é essa, preparar eles fisicamente, tecnicamente e psicologicamente.”