Ele brincava de jogar basquete pelos parques da vida, como o Ibirapuera, em São Paulo. Batia o famoso 21, típico jogo de meia quadra tão comum não somente na capital paulista mas também pelo Brasil afora. Algum tempo depois, Jonatas de Mello vem aos Jogos Pan-Americanos com a seleção de Basquete 3×3 e sonha com o ouro.
“É a realização de um sonho”, crava. “Vestir o uniforme da seleção brasileira e participar dos Jogos Pan-Americanos não tem preço. É um legado que vou levar para toda a minha vida, pois não foi fácil chegar até aqui”, disse Jonatas Mello, nesta sexta-feira (26), véspera da estreia contra a República Dominicana. Ele, e Felipe Camargo, conversaram com exclusividade com o Olimpíada Todo Dia.
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As divertidas disputas do 21 foram a chave para ele chegar a Lima. “Eu cheguei (no Basquete 3×3) através de um amigo. Ele falou ‘vamos que eu sei que você joga’. Eu falava: ‘não, não’, mas ele insistiu tanto que eu acabei gostando da modalidade”, conta. De lá traz “a intensidade, ter de jogar forte. Em determinado lugar que você joga não existe nem falta, então isso agrega muito no meu jogo”.
Antes, porém, passou pelo basquete tradicional, de cinco, inclusive como profissional. “Atualmente jogo o universitário para estudar e me formar na faculdade”, explica. A diferença é o ritmo. “Por a quadra (do 3×3) ser menor, a intensidade é bem maior. Na quadra (de cinco) você consegue dar um pique e voltar andando. No 3×3 não tem essa flexibilidade. Você tem que correr o tempo todo”.
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O destaque não distanciou Jonatas de Mello das raízes. Ele ainda vai à “várzea” beber da fonte que o levou ao Pan. Mas não se enganem, para a turma que está lá ele ainda é o mesmo Jonatas de sempre. Aliás, ficou ainda mais complicado enfrentar os rivais daquela época. “O pessoal quer sempre ganhar de mim. Todos os parques em que eu chego e alguém me conhece eles querem ganhar de mim para dizer que são superiores, zoando comigo”, comenta, sabendo que é um espelho para quem está lá. “Quero jogar em alto nível aqui para inspirar outros que sonham um dia chegar onde eu estou”.
“A nossa meta é uma medalha de ouro”
Ao seu lado, Felipe Camargo conta, sem pestanejar, o que a seleção de Basquete 3×3 quer aqui nos Jogos Pan-Americanos. “A nossa meta é uma medalha de ouro”, diz. “O Brasil tem chances de conseguir, porque os jogos são muito parelhos. Pelo menos uma medalhinha aí a gente quer levar para casa”, acrescenta.
Os rivais já estão monitorados “As potências que estão aqui são os Estados Unidos, que sempre são uma potência, e Porto Rico, que é uma favorita correndo por fora. Os outros times todos trazem atletas de quadra, atletas bons, mas que não estão acostumados a jogar o 3×3. Então se a gente impor o ritmo do jogo tem boas chances contra eles”.
Os Estados Unidos são o segundo desafio do Brasil e Porto Rico, o quarto. Enfrentam ainda Venezuela e Argentina. São seis times, todos jogando contra todos e os quatro melhores fazem a semifinal, sendo o primeiro contra o quarto e o segundo contra o terceiro. Além de Joanatas de Mello e Felipe de Camargo, estão na seleção Jefferson Socas e William Weihermann.
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Os atletas da seleção brasileira já vêm jogando em times de Basquete 3×3. “O maior foco está na Europa e alguns torneios no Brasil qualificam para esses campeonatos, que o nível é muito mais alto. Alguns times (daqui) têm a chance de conseguir essas vagas e acaba subindo o nível da modalidade no país.
Ele também elege quem dos rivais pode se destacar nos Jogos Pan-Americanos. “Tem o pivô dos Estados Unidos, o Karen Medux, que foi campeão Mundial agora na Copa do Mundo. Atleta muito bom, tem bastante rodagem no 3×3.”