Há pouco mais de um mês, Ygor Coelho, maior nome do badminton no país, fez duras críticas à Confederação Brasileira da modalidade em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. A entidade resolveu responder o atleta através de email enviado à nossa redação, assinado pelo presidente Francisco Ferraz de Carvalho e pelo superintendente José Roberto Santini Campos.
+Veja a íntegra da carta enviada pela CBBd em resposta às críticas de Ygor Coelho
Na oportunidade, Ygor Coelho, que estava disputando o Aberto do Canadá de badminton, fez um desabafo por conta da situação do esporte no país: “O badminton do Brasil está uma mega confusão. Na verdade, eu também não sei o que está acontecendo direito. Eles (Confederação Brasileira de Badminton) pagam um treinador português para estar na seleção. Mas que seleção que ele comanda? Não existe mais seleção. A seleção está sendo representada por mim no momento sem o apoio da confederação. Eles nem sequer pagaram o meu pan-americano (individual)”, disse na entrevista.
A carta enviada pela Confederação Brasileira de Badminton explica que houve “uma redução significativa no orçamento de 2017, em função da redução do repasse da verba da Lei Agnelo Piva, única fonte de recurso financeiro regular da entidade”. Por conta disso, os recursos financeiros foram direcionados para o Pan-Americano por Equipes e para o Brasil Internacional Challenge, etapa do Circuito Mundial disputada no país. “Após estas competições, todos os atletas da Seleção Brasileira adulta foram dispensados, para retornarem aos treinamentos em seus respectivos clubes, em razão da entidade não contar mais com recursos em seu orçamento, para outras competições”, explica a CBBd, que nega que haja confusão no esporte do país. Segundo a entidade, houve uma “mudança na velocidade de implantação do planejamento estratégico da entidade para o ciclo 2020 e 2024, em função da nova realidade financeira. A CBBd, está atuando fortemente em busca de novas receitas e também, está otimizando a redução das despesas, com objetivo de equilibrar o orçamento de 2017”.
A CBBd explica também na carta a situação do técnico português Marcos Vasconcelos, que comandou tanto Ygor Coelho quanto Lohaynny Vicente nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “visto de trabalho venceu em 31/12/2016 e como é de conhecimento de todos, um estrangeiro sem visto de trabalho regular, não pode trabalhar e receber pagamentos. A renovação perdurou cerca de 06 meses, razão pela qual o técnico teve seu vínculo com a CBBd interrompido, até a regularização completa da situação. Vale frisar que, recentemente esta etapa foi concluída e todas as providências estão sendo tomadas para formalização de novo vínculo empregatício entre ele e a CBBd. É importante mencionar que, neste período, o técnico permaneceu no Brasil, porém sem remuneração, apoiando alguns atletas, por iniciativa pessoal e voluntária”.
Na entrevista feita em julho, Ygor Coelho também reclamou do suporte dado a ele pela Confederação. Melhor atleta do país, atual número 38 do ranking mundial, ele esperava por outro tipo de tratamento por parte da entidade. “Em outros países eu sou considerado uma promessa. Na confederação, eles dão a entender que não estão nem aí. Estão me ajudando para o Mundial graças ao COB porque eu consegui ser campeão pan-americano. Senão, não teria ajuda. O COB acredita em mim. Me ajudou também para Nanjing (Jogos da Juventude de 2014) quando não tinha dinheiro”.
A CBBd se defende dizendo que participou diretamente do projeto que viabilizou a participação de Ygor Coelho no Mundial de badminton, que começa em Glasgow, na Escócia, na semana que vem. “Este projeto foi defendido pela CBBd, com busca de recursos adicionais junto ao COB, pois consideramos que a classificação obtida pelo atleta para esta competição, justifica o projeto. O projeto considera o pagamento de todos os custos do atleta e do técnico Marco Vasconcelos na competição, como: passagem aérea, hospedagem em hotel oficial com direito a transporte interno e alimentação, assim como uma ajuda ao atleta, para o período de treinamento pré e pós competição, que realizará na França”, diz a entidade na carta enviada ao Olimpíada Todo Dia. “É importante esclarecer também, que o Comitê Olímpico do Brasil – COB, apoia diretamente alguns atletas, porém isso ainda não acontece com atletas do Badminton, sendo que todo recurso regular ou adicional para atletas de Badminton, são repassados através de solicitação e responsabilidade da CBBd, sendo que nos últimos 05 anos desta gestão, nenhum apoio financeiro foi transferido diretamente pelo COB a algum atleta da modalidade Badminton
Por solicitação, aprovação e validação da CBBd, o atleta Ygor Coelho de Oliveira, recebeu apoio financeiro de 2014 a 2016 da Solidariedade Olímpica, que contribuiu com certeza, de forma significativa, na conquista da vaga nos Jogos Olímpicos 2016”, completa.
Ygor Coelho também reclamou na época da presença dos juvenis Samia Lima, Jaqueline Lima e Fabrício Farias no Aberto do Canadá ao invés de outros atletas do país melhor colocados no ranking mundial. “Na minha época de juvenil, eu não tive apoio. O dinheiro da seleção era usado para a seleção adulta. Agora, não existe mais seleçao adulta e existe seleção juvenil. Suspeitam que o dinheiro da seleção adulta está sendo usado para eles estarem aqui. Eu queria ouvir do presidente (Francisco Ferraz de Carvalho) porque eles estão aqui para representar a seleção adulta no Canadá”. O atleta também acusou a entidade de estar beneficiando os atletas juvenis que estavam no Canadá por eles serem de Teresina, local onde a CBBd tem sua sede.
“Por exemplo, o meu irmão, Donnians Lucas (número 2 do ranking), e o número 1 do país na categoria, Jonathan Matias, querem tentar vaga para os Jogos da Juventude ano que vem em Buenos Aires, mas eles não tem dinheiro para competir fora do país e nem oportunidade. Não é justo três atletas somente, todos do mesmo estado e com a técnica da seleção estarem aqui somando pontos para isso. Não sei nem com que recursos eles estão aqui”, reclamou Ygor Coelho. “Não é só pelo meu irmão ou pelo Jonathan, que também é da minha equipe, tem a mesma idade dos que estão aqui e é número 1 do ranking nacional da categoria. Mas tem também o menino do Paraná, Vinícius Alecrim. A injustiça é com todos que querem tentar os Jogos da Juventude. A Norma é técnica do Piauí e da seleção juvenil também. O presidente também é de lá. Eu tenho orgulho de jogar pelo meu país, mas hoje eu não tenho orgulho do que eles estão fazendo, matando talentos escolhendo atletas do próprio estado deles. Imagina os jovens do Paraná, do Rio e de outros estados desistirem porque só tem recurso para um estado? Eu acho isso muito errado. É sacanagem mesmo! Dá raiva de ver isso e ficar calado”.
A CBBd, no entanto, nega ter privilegiado algum atleta em detrimento de outros e disse que os jogadores que estavam no Canadá viajaram para competir com recursos próprios sem nenhum apoio da entidade. “Especificamente referente aos Jogos Olímpicos da Juventude 2018, conforme regra da BWF (Federação Mundial de Badminton), seria possível ao Brasil classificar até 02 atletas, sendo um masculino e um feminino. Entretanto prevalece a definição do COB sobre o número de vagas para cada modalidade e neste momento, está definido que o Badminton terá uma vaga para esta competição. E ressaltamos que até o momento, apenas foi direcionada verba pela CBBd, para o Campeonato PANAM Jr 2017 e não temos orçamento, infelizmente devido ao corte que tivemos para 2017, para qualquer competição do circuito mundial juvenil previsto. Portanto, a corrida pela classificação, preenchimento da vaga do Badminton, deverá ser realizada pelos clubes dos atletas com interesse nesta classificação”.