Paris – A conquista da segunda medalha paralímpica de Raissa Rocha Machado teve dois lados para a atleta. Ela foi prata no lançamento de dardo da classe F56 em Paris-2024 e, apesar de ter ficado feliz por se manter no pódio em mais um ciclo, não escondeu o descontentamento com o fato de não ter performado o seu melhor para buscar a medalha de ouro.
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“Eu acreditava que dava para o ouro, mas infelizmente são dias e dias. Tem dias que você acorda muito bem e que seu corpo não responde, tem dias que você acorda muito mal e seu corpo responde super bem. Vai entender o corpo do ser humano. Mas eu estou muito feliz por me manter entre as três melhores do mundo e agora o foco é 2028, e se Deus quiser, lá vem o ouro”, falou Raissa, que também havia sido medalhista de prata nesta prova em Tóquio-2020.
Longe do PB
Raissa chegou em Paris como o status de atual campeã mundial da prova, mas não conseguiu chegar perto do recorde pessoal para brigar pelo ouro. Ela marcou 23,51m e ficou com a segunda colocação, atrás da letã Diana Krumina, que venceu com 24,99m. A chinesa Lin Sitong foi bronze com 22,35m. De acordo com Raissa, ela estava se sentindo bem, mas não conseguiu desempenhar na hora decisiva.
“Eu acordei muito bem muito bem e falei: ‘É hoje que eu vou lá e vou lançar aquele dardo, vai dar tudo certo!’. Mas eu tenho uma coisa comigo que, quando eu sento na cadeira e vejo o 20, 24 e 25 metros perto, é porque eu estou muito bem. Quando eu vejo um pouquinho distante, vai dar um pouquinho mais de dificuldade. Isso é de lançador”, explicou a baiana de 28 anos de idade.
Ela foi a quinta atleta a competir, logo depois de Diana Krumina, que quebrou o recorde paralímpico de sua classe (F55) logo de cara e assumiu a primeira colocação. Raissa comentou sobre ter entrado em ação sabendo da marca que precisaria para conquistar a medalha de ouro.
“Eu só queria passar ela mesmo. Eu gosto muito de competir antes das minhas concorrentes, que são as do ‘babado’ ali, mas eu sabia que o meu melhor seria o recorde mundial e a medalha de ouro. Infelizmente, são corpos e corpos. Eu acredito que eu lutei até o final e mantive o segundo lugar e isso é um feito grandioso”.
Promessa paga
“Eu acho que você se expor, você inspirar outras pessoas e ter a consciência disso e saber que você precisa dar o seu 100%, acho que tudo flui. Independente da cor da medalha, eu falei que ia levar uma para o Brasil e estou levando. Eu não prometi o ouro, não prometi a prata. Eu prometi estar entre as três melhores do mundo e graças a Deus eu estou.
“Eu queria pelo menos manter a minha marca porque em 2022, bati o recorde mundial e fiquei dois anos sem fazer o 24m. No Mundial agora, eu consegui fazer essa marca, então eu queria muito concretizar aqui com a Diana, porque ela é minha principal rival. Ela estava no pior momento dela também, nenhuma conseguiu evoluir marca. Eu não consegui realmente porque não dá pra explicar o corpo do ser humano, porque treinada eu estou, psicologicamente bem também. Há dias e dias”