Paris – Yeltsin Jacques sagrou-se bicampeão paralímpico nos 1.500m T11 (atletas cegos) ao conquistar a medalha de ouro em Paris-2024, na manhã desta terça-feira (03). Ele não só conquistou o título, como também quebrou o recorde mundial da prova pela segunda edição consecutiva. E tudo isso graças a um “plano B”, executado pelo atleta e por seu guia, Guilherme dos Anjos, durante a prova.
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Yeltsin tinha como estratégia principal largar em vantagem e liderar a prova do início ao fim. Ele já previa conquistar a medalha de ouro com recorde mundial, ditando seu ritmo. O sul-mato-grossense até saiu na frente, mas o compatriota Júlio César Agripino e o equatoriano Jimmy Caicedo o atacaram e chegaram a assumir a primeira colocação. Assim, Yeltsin e Guilherme tiveram que impor em prática o plano B.
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“O plano B era, se alguém quisesse passar a primeira volta com a gente, iríamos deixar passar e correr atrás, só que pressionando para fazer o cara passar acima do linear de prova dele. Ele iria sofrer e aí iríamos tirar [a diferença] a partir dos 500m ou 600m. No meio da curva, o Guilherme se posiciona, sai para a raia 2 ou 3 e a gente passa e assume a ponta antes das duas voltas finais”, explicou Yeltsin.
Estratégia bem seguida
Yeltsin seguiu a segunda estratégia à risca e ultrapassou seus adversários ainda na metade inicial da prova. Ele disparou e venceu a prova com sobras, marcando 3min55s82, novo recorde mundial, que supera os 3min57s60 que ele próprio havia feito quando conquistou o ouro em Tóquio-2020. O etíope Yitayal Yigzaw levou a prata com 4min03s21, enquanto Júlio César Agripino foi bronze com 4min04s03.
“Já tínhamos duas estratégias planejadas há muito tempo. Acabou sendo o plano B. Eu imaginava que alguém fosse fazer isso mesmo [tentar escapar]. Nossas provas são muito bem desenhadas. O 5.000m sabíamos da nossa capacidade e foi perfeito, e o 1.500m foi tudo dentro daquilo que a gente desenhou. Deixamos eles tentarem e passaram, mas fizemos força e ganhamos a prova”, explicou Yeltsin, que também foi bronze nos 5.000m em Paris-2024.
“São estratégias de prova que a gente define. Temos que fazer estratégias do que pode acontecer durante a prova para ter o que podemos usar. Sabemos da nossa capacidade e da capacidade dos meninos. Conhecemos cada atleta. Sabíamos, por exemplo, que hoje nós éramos os mais resistentes, então tínhamos que impor um ritmo forte de prova do início ao fim”, completou.
Mesmo se tratando de uma segunda opção, a estratégia utilizada nos 1.500m não lhe gerava grandes riscos, de acordo com o próprio Yeltsin. “A gente tinha que cuidar só para não para tropeçar, se embolar ou acabar em confusão. O Guilherme fez um bom trabalho, me manteve longe do pessoal”, falou ele, que agora possui quatro medalhas paralímpicas, sendo três ouros.