Paris – Pela primeira vez desde Sydney-2000, o Brasil não terá seu revezamento 4x100m feminino nos Jogos Olímpicos. A equipe não obteve classificação para Paris-2024 depois de não conseguir treinar em conjunto, o que acarretou em tempos ruins no ciclo e no Mundial de Revezamentos, que deu vaga direta para o megaevento, neste ano. A situação gera desconforto entre as velocistas brasileiras, que poderiam lutar por uma final na capital francesa.
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“Para nós foi uma frustração, a gente sabia que tinha condições de estar na Olimpíada. Infelizmente, no ano passado acabou que eu me lesionei e a gente não conseguiu juntar a equipe todinha para correr, para que a gente fizesse resultado, e esse ano a gente acabou não conseguindo treinar”, falou Lorraine Martins, uma das integrantes do time.
Corrida sem treino?
Somente 16 países participam do revezamento 4x100m feminino na Olimpíada de Paris. Destes, 14 garantiram vaga através do Mundial de Revezamentos, que aconteceu em maio deste ano, em Nassau, Bahamas. Por lá, os dois primeiros colocados de cada bateria eliminatória garantiram vaga para a final, além dos dois melhores colocados de cada série na repescagem.
“A gente foi para o Mundial treinando dois dias, o que não dá pra fazer muita coisa. A gente
só podia fazer a passagem segura e corremos com o que tínhamos. Foi muito frustrante não só para mim, mas para as meninas. Eu espero que nos próximos anos a gente possa se juntar, treinar e estar brigando sempre por uma final e, quem sabe, uma medalha”, disse Lorraine.
Além de Lorraine, o time brasileiro contou com Gabriela Mourão, Ana Carolina Azevedo e Vitória Rosa no Mundial de Nassau. O quarteto ficou em quinto lugar na eliminatória, com 43s82, e teve que disputar a repescagem, onde também terminou em quinto, com 43s51. Sem vaga direta, elas precisariam ter os dois melhores tempos do ranking mundial no ciclo para conseguir a classificação, mas não obtiveram sucesso.
“Não tem como você melhorar na repescagem com 4x100m, porque é muita técnica. O bastão passando no movimento certinho, vai embora, você não perde tempo. A gente colocando uns pés que deixe a gente segura, que você vê que a companheira vai acertar a saída, deixa a gente mais segura. A gente precisa de mais confiança e mais treino juntas”, explicou Ana Carolina Azevedo.
Tradição olímpica
O revezamento 4x100m feminino fez estreia em Jogos Olímpicos em Amsterdã-1928, mas o Brasil só realizou sua primeira aparição em Atenas-2004. Desde então, haviam sido cinco participações seguidas antes da ausência em Paris-2024. Neste período, o país conquistou uma histórica medalha de bronze em Pequim-2008. Para Ana Azevedo, o time brasileiro teria chances de sonhar alto em Paris.
“O feminino tem mais chances no coletivo do que no individual. Nosso coletivo é bom, a gente precisa de mais treino e mais confiança. Até conversei com as meninas, queria estar com o 4x100m feminino aqui, porque a gente brigaria por uma final. Ainda mais que nós estamos com uma velocidade muito boa. Se você pegar o ranking dos 100 metros, está todo mundo muito bem, e isso lançado dá um tiro ótimo”, falou Ana.
Entre as atletas que compõem o revezamento 4x100m masculino, todas treinam em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Para Ana, a confederação poderia levar todas as atletas para uma das duas cidades e realizar campings de treinamento para o revezamento em períodos do ano. “Nós só chegamos no alto rendimento treinando. Treinar dois, três dias não vai fazer diferença. Se fosse assim, qualquer pessoa chegaria aqui onde na Olimpíada”.
Velocistas em Paris
Sem contar com o revezamento, três velocistas participaram de disputas individuais em Paris: Vitória Rosa, nos 100m, Ana Carolina Azevedo, nos 100m e nos 200m, e Lorraine Martins, nos 200m. Nenhuma delas superou as eliminatórias. No caso dos 200m, as atletas ainda participaram da repescagem, mas não também não garantiram vagas nas semifinais.
“Eu acredito que o revezamento aqui faria muita diferença. Porque quando estamos juntas, é diferente a energia, né? Quando a gente troca a energia, a gente começa a ganhar a confiança, a gente consegue ver onde a gente pode melhorar”, finalizou Ana.