Paris – O marchador brasileiro Caio Bonfim celebrou o sétimo lugar que ele e Viviane Lyra conquistaram na Maratona de Marcha Atlética Revezamento Misto dos Jogos de Paris. A prova debutou no programa olímpico nesta quarta-feira (7), disputada em um circuito montado entre o Trocadéro e a Torre Eiffel. O ouro foi para a Espanha, seguida por Equador e Austrália. Entre o bronze e a dupla brasileira, peruanos, mexicanos e italianos.
“Tô muito orgulhoso do que a gente conseguiu fazer. Se propor fazer alguma coisa e ser sétimo do mundo, olímpico”, disse Caio Bonfim. “Entregamos o máximo que podíamos. Batemos o recorde brasileiro. Essa prova tem seis meses de existência, demos a vida para aprender a fazer. É algo totalmente novo. Ficar 40 minutos esperando, voltar, um estudo fisiológico absurdo”, disse, referindo-se ao formato da disputa. São 42,195 quilômetros percorridos em um revezamento. Primeiro vai o homem, depois a mulher, novamente o homem e a mulher finaliza.
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“Sabíamos que estávamos entre os oito, então acreditávamos que, estando entre os oito, podíamos brigar.” Caio e Vivi, no entanto, não souberam avaliar se a distância deles para os primeiros colocados foi ou não significativa. “Não sei. Não sei te dizer. Tem que sentar lá e analisar com os treinadores, a equipe”, concordaram ambos. Os espanhóis venceram com 2h50min31, 3min37 à frente dos brasileiros. A distância para a medalha de bronze ficou em 2min30s.
“Perdemos por os grandes”
Caio Bonfim detalhou contra quem ele e Viviane Lyra estavam competindo em Paris. “Os espanhóis são o quê? Bicampeões mundiais do 20km e do 35km”, disse. Alvaro Martin e Maria Perez foram, ambos, campeões individuais das duas distâncias no mundial do ano passado. “Os caras que tem velocidade e resistência”. Ele acrescentou: “os italianos eram os campeões olímpicos”, citando Massimo Stano e Antonella Palmisano, medalhistas de ouro no individual masculino e feminino em Tóquio-2020.
“A Glenda (Morejon), equatoriana, e a peruana (Kimberly Garcia), são nossos adversários diretos. A Kimberly é bicampeã mundial. A Glenda é a recordista sul-americana com 20 anos, um feito absurdo. Quando tá com o (Brian) Pintado desse jeito aí, que deixa lá na frente pra ela e só tem que manter o equilíbrio e ela ‘destrói’. Pintado e Morejón, e Kimberly e Cesar Augusto Rodrigez, formaram com Caio Bonfim e Viviane Lyra o pódio da maratona marcha atlética nos Jogos Pan-Americanos.
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Estratégia e penalidades
Na marcha atlética, o atleta tem de manter sempre um dos pés em contato com o solo. Quando falha, toma uma advertência e, se acumular três advertências, paga uma punição de tempo. O Brasil chegou a ter duas advertências, mas Caio descartou que isso tenha influenciado. “O Peru tomou duas, o Equador foi prata com duas. China foi para o pitline. É uma prova técnica, provas técnicas têm isso. Fui em prata com duas faltas. É normal.” Pitline é o espaço onde os atletas pagam as punições.
Pós individual
Um detalhe chamou a atenção na maratona marcha atlética, entre os homens. Dois dos três países que brigaram pela vitória estavam com os mesmos atletas que também brigaram pela medalha no individual. Brian Pintado foi o campeão e Alvaro Martin levou o bronze. Faltou justamente Caio Bonfim, o vice-campeão no individual em Paris. Ele foi taxativo ao explicar o motivo. “Eles são melhores. É isso “Não é por causa da recuperação, é porque na hora que junta as duas duplas, foram melhores”. Temos um staff absurdo. Uma parte médica, fisioterapia, fisiologia, banheira de gelo, massagem, todo acompanhamento. Chegamos muito inteiro e ainda fizemos um trabalho no intervalo entre um e outro marchando.”
Vivane Lyra explicou como é a recuperação dentro da prova, no período de cerca de quarenta minutos entre as duas pernas que cada um faz. “Tem dois tipos de recuperação. Primeiro a muscular e outro que é fisiológico. Faz gelo para esfriar o corpo e depois reaquecer e já vai tomando umas picadinhas no dedo para poder ver a parte fisiológica. Como estava a glicemia, lactato e aí ver como é que a gente ia recuperar para ativar de novo o metabolismo e entrar na prova”, disse. “Estava excelente, inclusive a hidratação. Encaixamos tudo direitinho, recuperei ali rápido, aqueci de novo e entrei na segunda etapa”.