Após uma temporada inteira de adaptação a um novo estilo de saltar, Almir Júnior entra no ano olímpico confiante de que chegará aos Jogos Olímpicos de Paris-2024 em condições de brigar por medalha. Os resultados já começaram a aparecer. No último fim de semana, o brasileiro conquistou a medalha de ouro do salto triplo no Campeonato Ibero-Americano com 17,31 m. Foi a melhor marca obtida pelo atleta desde 2019 e a sétima melhor do mundo em 2024.
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“Era a intenção chegar no ano olímpico o melhor preparado possível, fazendo marcas que eu sei que vão me colocar na briga por uma medalha. E estamos aí começando já com o pé direito, sabendo que ainda tem mais para sair e a gente vai trabalhar muito mais para isso. Isso motiva muito, tira um pesinho das costas, mostra que estamos no caminho certo e que tem coisa ainda para sair aí”, afirma o atleta.
ESCOLHA ARRISCADA
A mudança, entretanto, não foi fácil. Almir Júnior simplesmente trocou a ordem das pernas na hora de executar o salto. “Eu simplesmente mudei de perna. Eu saltava direita, direita e esquerda, agora salto de esquerda, esquerda, direita. Para quem não entende, é como se eu escrevesse com a mão direita e começasse a escrever com a mão esquerda. A temporada passada foi inteira de adaptação”, conta o saltador, que atualmente treina em Portugal.
“Foi uma escolha bem arriscada só que a gente sabia que, se desse certo, poderia nos dar resultados bem expressivos. E como eu gosto de desafio, como eu saí do salto em altura para o salto triplo, mudar de perna era uma coisa que eu sabia que eu poderia fazer. O desafio me move, então eu decidi mudar. Sabia que era o tempo perfeito, teria o tempo de adaptação para que a gente chegasse no ano olímpico preparado, já pronto para colocar os resultados em prática”, explica Almir Júnior, que em 2018 alcançou o melhor resultado da carreira ao sagrar-se vice-campeão mundial indoor ao saltar 17,41 m.
CONSCIÊNCIA TOTAL
Hoje, o atleta acredita que aquela medalha de prata histórica aconteceu de forma precoce. Ele tinha trocado há pouquíssimo tempo o salto em altura pelo salto triplo e os resultados aconteceram de forma muito rápida. Ele garante que atualmente tem muito mais consciência do que precisa fazer para ter bons resultados do que quando foi vice-campeão mundial.
“Hoje eu tenho consciência total do meu trabalho, do que eu estou fazendo, da forma como eu estou fazendo. Uma coisa que nós temos trabalhado muito é fazer tecnicamente. A intenção no Ibero-Americano não era só saltar 17,30 ou saltar de 17,40 ou saltar longe. Não! Era saltar longe dentro do que a gente está trabalhando, dentro da técnica que a gente está fazendo, dentro do que a gente trabalhou muito para acertar. E isso está acontecendo e me deixa muito mais feliz”, garante.
Faltando pouco mais de dois meses para os Jogos Olímpicos, Almir Júnior aposta que vai continuar evoluindo para, quem sabe, em Paris conseguir o melhor resultado da carreira. O recorde do brasileiro é 17,53 m, obtido em 2018. A marca seria suficiente para ele ser medalhista em Tóquio-2020 e nos dois últimos Mundiais. Ou seja, Almir Júnior sabe muito bem o caminho que precisa seguir para realizar o sonho de subir ao pódio.