A velocista Rosângela Santos criticou a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) pela falta de preparação das equipes brasileiras para o Mundial de Revezamentos, que aconteceu no último final de semana, em Nassau, Bahamas. Em uma live em seu perfil pessoal no Instagram na noite desta terça-feira (07), a medalhista olímpica alegou que não houve um planejamento adequado para os atletas treinarem antes da competição que foi classificatória para Paris-2024.
“O planejamento ficou só para um revezamento. Culpa dos meninos? Não. Até porque o 4x100m masculino estava em um programa diferente do COB. Os outros revezamentos não tiveram a devida atenção. As equipes fecharam em 7 de abril. Dessa data até 4 de maio nós tivemos quase um mês, mas as equipes foram chamadas para treinar dia 29 de abril. Como é que eu quero ir para uma Olimpíada se eu não treino? As meninas poderiam ter se classificado se tivessem treinado mais”, disse Rosângela.
Somente uma vaga olímpica
O Brasil não teve um bom desempenho no Mundial de Revezamentos. Das cinco equipes que o país enviou à competição, somente o 4x400m masculino obteve vaga olímpica para Paris-2024, através da repescagem. O 4x100m masculino, o 4x100m feminino, o 4x400m feminino e o 4x400m misto não conseguiram classificação. Destes, apenas o 4x100m teve um camping de treinamento antes da competição, ficando 40 dias na Flórida, nos Estados Unidos.
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“Algo precisa ser mudado urgentemente para que mais atletas não sejam prejudicados. Tem muita coisa errada. Espero que a confederação faça algo em relação a isso porque isso vem da área técnica, do coordenador de revezamento. Ele não pode estar ligado somente em uma equipe. Se ele é o coordenador do revezamento, ele tem que ter um planejamento para todos igualmente”, falou a velocista, referindo-se à Victor Fernandes, treinador-coordenador dos revezamentos brasileiros.
Medalha olímpica teve preparação
Rosângela Santos tem propriedade para falar sobre revezamentos, uma vez que é medalhista olímpica na prova. Ela integrou o 4x100m feminino que conquistou o bronze em Pequim-2008, em um pódio herdado oito anos depois da prova. A velocista lembrou que ela, Rosemar Coelho, Lucimar Moura e Thaissa Presti realizaram muitos treinos para entrosarem e conquistarem a histórica medalha para o atletismo brasileiro.
“Eu fui para 2008 e a gente treinava demais. Hoje, se eu tenho uma medalha olímpica de revezamento, é porque a gente treinava exaustivamente. A gente viajava e ficava em camping de 40 dias e até não aguentava mais ver a cara uma da outra. Por isso que a gente brigava. Mas a gente treinava, de fato, o revezamento. A técnica, a reação visual, tudo. E competia. Aí testa a formação, vê erros e consegue dar um posicionamento”, falou.
“Dor” pela não classificação do 4x100m
Aos 33 anos de idade, Rosângela Santos segue competindo no alto rendimento até os dias atuais. No entanto, ela não integrou o 4x100m feminino que foi ao Mundial de Revezamentos. A equipe brasileira foi composta por Ana Azevedo, Gabriela Mourão, Lorraine Martins e Vitória Rosa. Elas ficaram em quinto lugar na bateria eliminatória e também na repescagem – somente os dois primeiros de cada bateria garantiram vaga na Olimpíada -, apresentando erros na troca de bastão em ambas as séries.
“Está me doendo essa não classificação direta do revezamento 4x100m feminino. Nós temos grandes atletas, que deram o máximo e se sacrificaram, mas que não tiveram o devido respeito e a devida atenção do coordenador de revezamentos. Teve erros de passagens. É lógico que vai ter! Você treina dois dias e viaja no dia seguinte, chega meia-noite da sexta-feira tendo que competir no sábado. É para tirar leite de pedra”, completou ela.
“Não dá para dizer: ‘Chega lá na hora, resolve. Vocês fazem isso há muito tempo’. Os atletas não podem mais ficar calados, porque é a vida de vocês. Vamos ser realistas: os revezamentos têm mais condições do que vocês individualmente. O único velocista que tem condições reais de medalha é o Piu (Alison dos Santos, 400m com barreiras). Todos os outros têm muito mais chance no revezamento do que individualmente”, alertou a atleta.