Uma semana depois de conquistar a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Atletismo em Oregon, nos Estados Unidos, Alison dos Santos participou de entrevista coletiva no Esporte Clube Pinheiros, seu clube, em São Paulo, nesta quarta-feira (27). Piu, como é conhecido, disse que sua conquista o faz ser o “homem a ser batido” nos 400m com barreiras e que quebrar o recorde mundial é “questão de tempo”. Entre outros pontos comentados, ele deixou de lado, a princípio, sua participação em outras provas do atletismo, como os 400m rasos e os revezamentos 4x400m.
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“Sou o atual campeão mundial e ano que vem vai ter outro Campeonato Mundial. Vamos chegar lá sendo o antigo campeão, então serei o cara a ser batido. Todos os olhos vão estar voltados para a gente. Ser campeão mundial traz o holofote e chama a atenção, pelo resultado que fizemos, onde e contra quem fizemos. Eu acho interessante essa pressão a mais. Sempre lidei bem com a pressão e sempre gostei de ser pressionado para competir, me ajudou a evoluir e a crescer meus resultados. Ser o cara que tem que ser batido me motiva cada vez mais para estar cada vez mais focado e treinar melhor para que eu consiga evoluir cada vez mais”, falou Alison dos Santos.
Recorde mundial
Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Piu conquistou o título mundial nos 400m com barreiras em Oregon desbancando o campeão olímpico Karsten Warholm, da Noruega, e o vice-campeão olímpico e segundo homem mais rápido da história, Rai Benjamin, dos Estados Unidos. Alison dos Santos venceu a disputa com 46s29, recorde sul-americano e novo recorde do campeonato. Ele ficou a 35 centésimos do recorde mundial, que é de 45s94, de Warholm, feito na Olimpíada do ano passado.
Em constante evolução e correndo cada vez mais de forma leve, Alison já está de olho na marca de Warholm. Desde os Jogos Pan-Americanos de 2019, quando ascendeu pela primeira vez no cenário internacional ao faturar a medalha de ouro, o brasileiro já bateu seu recorde pessoal nos 400m com barreiras em dez oportunidades e abaixou mais de dois segundos sobre ele. Hoje com 22 anos de idade, Piu está confiante em tornar-se o homem mais rápido da história em breve, o que pode acontecer ainda antes da Olimpíada de Paris 2024.
“Estamos mostrando não só nos treinos, com a confiança, mas também nas pistas, com os resultados, que não é uma questão de ‘se’ vamos bater, mas sim ‘quando’ vamos ter a oportunidade de bater esse recorde. É um dos meus sonhos acabar minha carreira tendo quebrado o recorde mundial, tendo o meu nome como o melhor atleta da história. É algo que eu quero concretizar e eu sei que vou. Queremos chegar nos Jogos Olímpicos como bicampeão mundial e concretizar esse feito de bater o recorde mundial”, falou o campeão mundial.
Trio de ouro
Com ou sem recorde mundial, fato é que Piu já escreveu seu nome na história dos 400m com barreiras. Não só pelo título mundial, mas por fazer parte da melhor geração de todos os tempos da prova. Ele e seus dois grandes rivais, Karsten Warholm e Rai Benjamin, possuem os três melhores tempos da história na prova. Para se ter uma ideia, o antigo recorde mundial dos 400m com barreiras, que era do norte-americano Kevin Young, de 46s78, ficou quase 29 anos sem ser alcançado. O trio Warholm-Benjamin-Alison já bateu a marca cinco vezes desde o ano passado.
“Correr com esses caras é algo incrível. Fazer história e elevar o nível da prova junto deles é algo que eu sou lisonjeado. Ganhar um campeonato mundial contra eles é gratificante porque viemos trabalhando muito duro para chegar nesse resultado. Mostra que somos competitivos e que estamos brigando de igual para igual. Se colocar nós três numa pista, você nunca vai ter a certeza de quem vai ganhar, porque os três têm resultados incríveis e um talento incomparável”, avaliou Piu.
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No Mundial de Oregon, Alison levou a medalha de ouro deixando Benjamin na segunda colocação. Com duras lesões no ano, Warholm pouco competiu nesta temporada e estava com a forma física longe do ideal. Por isso, ficou fora do pódio em Eugene. Ele chegou a liderar a final da prova por alguns momentos, mas terminou em sétimo lugar. Outro norte-americano ficou com a medalha de bronze: Trevor Bassitt, que marcou o tempo de 47s39.
Outras provas
Além dos 400m com barreiras, Piu também tem grande margem para melhora nos 400m rasos. No começo deste ano, ele competiu na prova em um meeting no USTAF Golden Games, nos Estados Unidos, e ficou em segundo lugar, marcando 44s54, o segundo melhor tempo do Brasil na história nesta distância. Apesar disso, o corredor acredita que não vai focar na prova e a trata como uma espécie de relaxamento.
“O 400m rasos é mais uma diversão, não acho que vou mudar de prova. Mas podemos pegar uma temporada para competir mais no raso, para brincar um pouco mais e aproveitar para relaxar um pouco da barreira”, falou Alison dos Santos. Ele também acredita que não vai focar nos revezamentos 4x400m, por conta do apertado calendário.
“O 4x400m é algo que não depende de mim, depende mais de um time, tanto o misto quanto o masculino. Precisamos de um time que se classifique e que também seja competitivo nessa prova. No misto acaba sendo complicado para mim porque o horário bate com a minha prova. Em questão de prioridade, acabo abrindo mão do revezamento para que eu chegue nas melhores condições no individual para brigar e fazer um bom resultado”, comentou ele, que integrou a equipe mista do Brasil que foi vice-campeã mundial por revezamento no 4x400m em 2021.
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Homenagem
A coletiva de imprensa contou com a presença de dirigentes do Esporte Clube Pinheiros. O presidente Ivan Castaldi Filho integrou uma homenagem do clube a Piu, que agradeceu. “É uma conquista não só minha, mas de todos do Pinheiros. Todos que investiram seu tempo e seu trabalho para que pudéssemos conquistar essa medalha. Tenho muito orgulho de representar o escudo do Pinheiros. Meus sinceros agradecimentos a todos, sem vocês eu não estaria aqui e nem teria saído do interior. Vocês são incríveis”, disse o corredor.