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Atletismo

Baloteli consegue voo de última hora para o Ibero-Americano

José Fernando Ferreira Santana, o Baloteli, é alocado em voo de última hora e viaja para o Campeonato Ibero-Americano

Baloteli (Michel Fisquet)
Baloteli conseguiu embarcar para a Espanha (Foto: Michel Fisquet)

Depois que Juliana Campos e Isabel Demarco conseguiram embarcar às pressas na véspera, José Fernando Ferreira Santana, o Baloteli, foi alocado em um vôo de última hora e embarcou na tarde desta quinta-feira (19) rumo a Espanha, para disputar o Campeonato Ibero-Americano de atletismo. A previsão é que ele chegue no local da prova poucos minutos antes de competir. Abel Curtinove e Felipe dos Santos preferiram não enfrentar a jornada e não participarão do evento.

O Olimpíada Todo Dia divulgou uma reportagem na quarta-feira (18) mostrando que cinco atletas convocados para o Campeonato Ibero-Americano não tinham viajado para a Espanha porque a Confederação Brasileira de Atletismo não havia comprado as passagens aéreas. Poucas horas depois do ocorrido, Juliana Campos e Isabel Demarco, do salto com vara, conseguiram embarcar, mas os três homens permaneceram em solo brasileiro. Após grande repercussão nas redes sociais e entre os atletas, a CBAt correu atrás de embarcar aqueles que ficaram para trás.

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Baloteli foi comunicado na manhã desta quinta que havia um voo disponível para que viajasse pela tarde, às 15h. Ele, no entanto, teria que ir para a capital Madrid e de lá pegar outra aeronave rumo a Alicante, local onde será realizado o Ibero-Americano. O decatleta viajaria sem suas varas e ainda chegaria na pista da competição poucos minutos antes do início de sua prova, marcada para começar às 06h (horário de Brasília) desta sexta-feira (19). Sendo esta sua única alternativa, o pernambucano aceitou.

Os outros dois atletas envolvidos na situação, Abel Curtinove, do salto com vara, e Felipe dos Santos, do decatlo, também foram consultados pela CBAt, mas optaram por não viajar. Segundo informou a confederação à reportagem, Felipe e seu treinador preferiram não se desgastar já que o atleta terá uma competição no começo de junho, em Tenerife, também na Espanha.

Abel Curtinove não se arrisca

Quanto a Abel, a CBAt informou que o atleta descartou a possibilidade de competir com equipamento emprestado, já que suas varas são de um material específico. No entanto, conforme apurado pela reportagem, o saltador optou por não viajar de última hora por conta do apertado espaço de tempo entre a chegada em solo espanhol e a disputa de sua competição, programada para sábado (21), às 13h25, no horário de Brasília.

Abel Curtinove Ibero-Americano atletismo
Abel Curtinove venceu o Troféu Brasil de 2020 (Foto: Wagner do Carmo/CBAt)

Abel, aliás, havia aceitado competir com varas emprestadas, já que esta é uma prática comum nas provas da modalidade. Como o material é muito caro, nem todos os atletas têm condições de comprá-lo. Além disso, problemas como o do transporte das varas ou a perda delas também não são raros. Caso tivesse sido embarcado com antecedência, ele teria tempo para entrar em contato com os outros atletas da prova para que lhe cedessem o equipamento. Pelo curto tempo entre a possível viagem e sua prova, o saltador optou por não se aventurar.

Ainda conforme apurado pela reportagem, Abel sofreu com outro problema em sua viagem, no trecho nacional. Atleta do Blumenau, ele não recebeu a passagem para ir até São Paulo, de onde toda a delegação brasileira partiu no dia 17 de maio. Somente quando já estava no aeroporto em Santa Catarina, foi que seu bilhete foi emitido pela confederação. Agora, após a frustração de não ir ao campeonato, o atleta já está de malas prontas para retornar para sua cidade.

Entenda o caso

A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) convocou 72 atletas para o Campeonato Ibero-Americano de atletismo, que acontecerá neste final de semana, em Alicante, na Espanha. Do total, 67 atletas embarcaram para a competição na última terça-feira (17), mas cinco deles ficaram para trás: Juliana Campos, Isabel Demardo e Abel Curtinove, do salto com vara, e Felipe dos Santos e Fernando Ferreira, do decatlo.

Felipe dos Santos jogos olímpicos decatlo tóquio 2020
Felipe dos Santos esteve na Olimpíada de Tóquio (Foto: Wagner Carmo/CBAt)

Como não tinham recebido as passagens aéreas, os cinco questionaram a CBAt sobre a demora. Foram avisados que nenhuma companhia aérea havia liberado o transporte das varas no avião (os atletas do decatlo precisam desse material já que o salto com vara é uma das provas da modalidade combinada).

As varas apresentam uma complexidade para serem embarcadas, tendo que ser transportadas em tubos de PVC. O que a maioria dos atletas faz para levar o equipamento consigo é envia-lo como carga ou chegar com ele no balcão de embarque, sem aviso prévio. Esta segunda estratégia funciona em boa parte das vezes, mas não é totalmente eficaz.

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A CBAt não tinha como realizar a primeira possibilidade, já que as cargas precisam ser enviadas com dez dias de antecedência. Também optaram por não arriscar pela segunda opção. Sem a confirmação do despache prévio das varas pela companhia aérea, a confederação partiu para o plano B: pedir o equipamento emprestado na Espanha.

Esta opção não é vista com bons olhos pelos saltadores apesar de ser comum. Eles preferem competir com varas próprias, mas todos resolveram aceitar a ideia diante da situação e da proximidade da competição. O que os cinco não esperavam, porém, é que a CBAt ainda não havia comprado as passagens aéreas.

Os atletas foram informados de que a entidade optara por esperar a confirmação da utilização das varas para fazer os procedimentos burocráticos. Mesmo sem isso em mãos, a confederação foi pressionada pelos atletas para comprar as passagens. Mas ela não o fez, dando a justificativa a eles de que não haviam mais voos disponíveis entre São Paulo e Alicante. Assim, eles ficaram sem embarcar.

O que diz a CBAt

À reportagem, a CBAt disse que estendeu o período para obtenção dos índices para o Ibero-Americano e, por isso, a convocação foi fechada há poucos dias. Assim, a entidade teve pouco tempo para organizar a logística e foi prejudicada com a baixa disponibilidade da malha aérea. Além disso, também contou com a demora das empresas em dar um posicionamento quanto às varas.

Paulistano de 23 anos. Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estou no Olimpíada Todo Dia desde 2022. Cobri a Universíade de Chengdu, o Pan de Santiago-2023, a Olimpíada de Paris-2024 e a Paralimpíada de Paris-2024.

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