Depois que Juliana Campos e Isabel Demarco conseguiram embarcar às pressas na véspera, José Fernando Ferreira Santana, o Baloteli, foi alocado em um vôo de última hora e embarcou na tarde desta quinta-feira (19) rumo a Espanha, para disputar o Campeonato Ibero-Americano de atletismo. A previsão é que ele chegue no local da prova poucos minutos antes de competir. Abel Curtinove e Felipe dos Santos preferiram não enfrentar a jornada e não participarão do evento.
O Olimpíada Todo Dia divulgou uma reportagem na quarta-feira (18) mostrando que cinco atletas convocados para o Campeonato Ibero-Americano não tinham viajado para a Espanha porque a Confederação Brasileira de Atletismo não havia comprado as passagens aéreas. Poucas horas depois do ocorrido, Juliana Campos e Isabel Demarco, do salto com vara, conseguiram embarcar, mas os três homens permaneceram em solo brasileiro. Após grande repercussão nas redes sociais e entre os atletas, a CBAt correu atrás de embarcar aqueles que ficaram para trás.
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Baloteli foi comunicado na manhã desta quinta que havia um voo disponível para que viajasse pela tarde, às 15h. Ele, no entanto, teria que ir para a capital Madrid e de lá pegar outra aeronave rumo a Alicante, local onde será realizado o Ibero-Americano. O decatleta viajaria sem suas varas e ainda chegaria na pista da competição poucos minutos antes do início de sua prova, marcada para começar às 06h (horário de Brasília) desta sexta-feira (19). Sendo esta sua única alternativa, o pernambucano aceitou.
Os outros dois atletas envolvidos na situação, Abel Curtinove, do salto com vara, e Felipe dos Santos, do decatlo, também foram consultados pela CBAt, mas optaram por não viajar. Segundo informou a confederação à reportagem, Felipe e seu treinador preferiram não se desgastar já que o atleta terá uma competição no começo de junho, em Tenerife, também na Espanha.
Abel Curtinove não se arrisca
Quanto a Abel, a CBAt informou que o atleta descartou a possibilidade de competir com equipamento emprestado, já que suas varas são de um material específico. No entanto, conforme apurado pela reportagem, o saltador optou por não viajar de última hora por conta do apertado espaço de tempo entre a chegada em solo espanhol e a disputa de sua competição, programada para sábado (21), às 13h25, no horário de Brasília.
Abel, aliás, havia aceitado competir com varas emprestadas, já que esta é uma prática comum nas provas da modalidade. Como o material é muito caro, nem todos os atletas têm condições de comprá-lo. Além disso, problemas como o do transporte das varas ou a perda delas também não são raros. Caso tivesse sido embarcado com antecedência, ele teria tempo para entrar em contato com os outros atletas da prova para que lhe cedessem o equipamento. Pelo curto tempo entre a possível viagem e sua prova, o saltador optou por não se aventurar.
Ainda conforme apurado pela reportagem, Abel sofreu com outro problema em sua viagem, no trecho nacional. Atleta do Blumenau, ele não recebeu a passagem para ir até São Paulo, de onde toda a delegação brasileira partiu no dia 17 de maio. Somente quando já estava no aeroporto em Santa Catarina, foi que seu bilhete foi emitido pela confederação. Agora, após a frustração de não ir ao campeonato, o atleta já está de malas prontas para retornar para sua cidade.
Entenda o caso
A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) convocou 72 atletas para o Campeonato Ibero-Americano de atletismo, que acontecerá neste final de semana, em Alicante, na Espanha. Do total, 67 atletas embarcaram para a competição na última terça-feira (17), mas cinco deles ficaram para trás: Juliana Campos, Isabel Demardo e Abel Curtinove, do salto com vara, e Felipe dos Santos e Fernando Ferreira, do decatlo.
Como não tinham recebido as passagens aéreas, os cinco questionaram a CBAt sobre a demora. Foram avisados que nenhuma companhia aérea havia liberado o transporte das varas no avião (os atletas do decatlo precisam desse material já que o salto com vara é uma das provas da modalidade combinada).
As varas apresentam uma complexidade para serem embarcadas, tendo que ser transportadas em tubos de PVC. O que a maioria dos atletas faz para levar o equipamento consigo é envia-lo como carga ou chegar com ele no balcão de embarque, sem aviso prévio. Esta segunda estratégia funciona em boa parte das vezes, mas não é totalmente eficaz.
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A CBAt não tinha como realizar a primeira possibilidade, já que as cargas precisam ser enviadas com dez dias de antecedência. Também optaram por não arriscar pela segunda opção. Sem a confirmação do despache prévio das varas pela companhia aérea, a confederação partiu para o plano B: pedir o equipamento emprestado na Espanha.
Esta opção não é vista com bons olhos pelos saltadores apesar de ser comum. Eles preferem competir com varas próprias, mas todos resolveram aceitar a ideia diante da situação e da proximidade da competição. O que os cinco não esperavam, porém, é que a CBAt ainda não havia comprado as passagens aéreas.
Os atletas foram informados de que a entidade optara por esperar a confirmação da utilização das varas para fazer os procedimentos burocráticos. Mesmo sem isso em mãos, a confederação foi pressionada pelos atletas para comprar as passagens. Mas ela não o fez, dando a justificativa a eles de que não haviam mais voos disponíveis entre São Paulo e Alicante. Assim, eles ficaram sem embarcar.
O que diz a CBAt
À reportagem, a CBAt disse que estendeu o período para obtenção dos índices para o Ibero-Americano e, por isso, a convocação foi fechada há poucos dias. Assim, a entidade teve pouco tempo para organizar a logística e foi prejudicada com a baixa disponibilidade da malha aérea. Além disso, também contou com a demora das empresas em dar um posicionamento quanto às varas.