O treinador cubano Justo Manuel Navarro Despagne, de 71 anos, um dos maiores especialistas do mundo no arremesso do peso, está de volta ao Brasil, após uma ausência de mais de um ano causada pela pandemia da COVID-19. “Os aeroportos fecharam. Foi um ano muito difícil”, comentou. O técnico, que que é funcionário da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), disse que está muito feliz por voltar ao trabalho e aos treinamentos com Darlan Romani e Geisa Arcanjo.
O cubano desembarcou domingo em São Paulo, foi no mesmo dia para Bragança Paulista e já deu treino em dois períodos, tanto na segunda-feira quanto na terça-feira (3 e 4/1), no Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo, em Bragança Paulista. “É bom voltar ao trabalho.”
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Justo Navarro não pôde estar junto de Darlan Romani na reta final dos treinos para os Jogos Olímpicos de Tóquio, mas todo o tempo em que permaneceu em Cuba não parou de trabalhar, enviando planilhas de treinamento para seus atletas. “Eu fiquei fora, o Darlan pegou COVID, a vida se complicou muito na pandemia e, por isso, acho que o quarto lugar na Olimpíada foi bom”, disse Justo. A marca de 21,88 m, o treinador avaliou como positiva diante das circunstâncias da temporada – 8º lugar no Ranking Mundial da World Athletics em 2021. O melhor resultado de Darlan é 22,61 m, de 2019, em Palo Alto, nos Estados Unidos.
Justo Navarro retomou o trabalho na CBAt já pensando no futuro. “Vamos lutar por uma medalha no Mundial de Atletismo. O Darlan tem condições de lutar por medalha”, afirmou o cubano. O Mundial de Atletismo será em Oregon, nos Estados Unidos, entre 15 e 24 de julho.
Por isso, ter Justo perto, nos treinamentos no CNDA de Bragança Paulista, é positivo. “Ele estar aqui nos dá mais segurança porque acompanha o treino e vê o que pode aumentar ou diminuir. O olho é técnico. E também porque corrige os erros na hora”, disse Darlan, sobre o “profe”, como chama Justo Navarro.
Darlan Romani também disputará o Mundial Indoor marcado para 18 a 20 de março em Belgrado, na Sérvia. Quarto colocado nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em 2021, 4º no Mundial de Doha, no Catar, e campeão pan-americano em Lima, Peru, em 2019, Darlan fará dois picos de treinamento nesta temporada de 2022.
Justo Navarro chegou ao Brasil em 2010, primeiro foi para Uberlândia (MG), depois para São Caetano e Bragança Paulista, em São Paulo, trazendo a experiência de quem já tinha treinado a campeã olímpica do arremesso do peso em Atenas-2004, Yumileid Cumbá, e a campeã pan-americana no Rio-2007, Misleydis González.
Justo Navarro é o único treinador-funcionário da CBAt – ministra e participa de campings de desenvolvimento do arremesso do peso também – pela grande importância que vem mostrando ao longo dos anos. “Eu não sou o responsável porque não sou Deus, mas considero que a evolução do arremesso do peso masculino no Brasil foi gigantesca”, disse Justo, lamentando que a progressão no feminino seja mais lenta. “É uma prova de desenvolvimento técnico complicado.” Geisa Arcanjo, que fechou o ano com 18,35 m, em primeiro lugar no ranking brasileiro e sul-americano, ainda terá de lutar por índice para ir ao Mundial de Atletismo de Oregon.
Além de Darlan, Justo apontou outros atletas talentosos no Brasil no arremesso do peso, como Wellington Morais, o Maranhão, segundo no ranking brasileiro de 2021 (20,28 m), e William Denilson Venâncio Dourado, o terceiro (19.95 m).
