Tóquio – As últimas horas de Thiago Paulino foram de altos e baixos. Depois de conquistar o ouro no arremesso de peso na classe F57 e ir dormir em Tóquio como campeão paralímpico, o brasileiro acordou e tudo mudou. Cerca de 11 horas após o fim da prova, a China entrou com um recurso no juri de apelação e conseguiu reverter o resultado. Com isso, o brasileiro teve todas as tentativas acima de 15 m invalidadas e caiu para o terceiro lugar.
“Não tem como explicar. Não tem o que falar, o mundo sabe quem é o verdadeiro campeão. Infelizmente tem coisas que fogem do nosso poder. A gente fez o nosso trabalho. A gente fez um ciclo de cinco anos perfeito, ganhando todas as competições. Pra chegar aqui, vou tentar ser comedido nas palavras, essa palhaçada que aconteceu. Porque tiraram meu direito de competir”. O Olimpíada Todo Dia esteve com a reportagem presente no estádio Olímpico de Tóquio e acompanhou os momentos de tensão de Thiago Paulino na espera da definição de sua medalha.
⚠️ SOBRE O OURO DO THIAGO PAULINO
— Comitê Paralímpico Brasileiro -ブラジルパラリンピック委員会 (@cpboficial) September 4, 2021
Olá, pessoal. Esgotamos todos os recursos que podíamos, mas o atleta Thiago Paulino ficou com o bronze na prova do Arremesso de Peso da classe F57. No momento da prova, seu arremesso de ouro foi validado pela arbitragem. [1/4] pic.twitter.com/Fr2XOiWljL
Entenda o caso
Thiago Paulino foi o último a competir e sabia o que precisava para vencer. Se conseguisse arremessar para além de 15 m, o brasileiro conseguiria o ouro e isso aconteceu, mais de uma vez. Com a vantagem sobre os demais participantes, Thiago abriu mão de algumas tentativas e saiu para comemorar sua medalha de ouro e sue recorde paralímpico. Após mais de 10 horas do fim da disputa, a China entrou com recurso e conseguiu invalidar parte da prova do brasileiro, deixando Paulino com a medalha de bronze.
“Quando eu vi que tinha dado a medalha de ouro, eu abdiquei dos meus três últimos arremessos. Se o árbitro tivesse queimado os meus dois arremessos, que depois foi contestado, eu teria continuado na prova e, com certeza, buscaria essa medalha porque eu estava muito bem preparado. Infelizmente tem coisas que fogem da nossa alçada, agradecer a equipe do CPB que fez todo o possível para que isso se revertesse, mas não depende deles”.
Durante a manhã de sábado (4) em Tóquio, a organização chegou a adiar a cerimônia de pódio da prova de Thiago Paulino em mais de 1h, por conta de toda a questão do recurso da China. Sabendo do novo posicionamento chinês, o Brasil buscou reverter e manter a medalha de ouro, o que não foi possível.
“A China protestou durante e depois da prova, a arbitragem não acatou. China foi ao júri de apelação, que é uma instância do IPC, o júri recebeu e deu provimento. O Brasil apresentou imagens das transmissões de TV dos arremessos em que não havia qualquer indício de infração no movimento de arremesso do atleta, mas a alegação do júri é que o vídeo acusatório seria de outro ângulo, mas se recusou a mostrar o vídeo que embasou a decisão”, informou o Comitê Paralímpico Brasileiro.
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“Saio com esse gosto amargo. Difícil achar palavras pra expressar o que eu tô sentindo. Tenho até que ser comedido pra não falar besteira e não prejudicar a minha imagem e do país. Eu não vou abaixar a cabeça pra ele. Ele não. Eles porque ele (o chinês) é o menos culpado disso tudo. Mas infelizmente eu não vou baixar a cabeça”, finalizou Thiago Paulino.
O OTD fez uma thread completa sobre o caso leia: